Deu zika no Fantástico: risco, vítima virtual e modos de endereçamento durante as emergências da epidemia no show da vida
Ano de defesa: | 2019 |
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Resumo: | Este trabalho busca compreender como o Fantástico, programa telejornalístico da Rede Globo, apresentou os riscos de zika e microcefalia para a sua audiência, desde a descoberta da doença no Nordeste, passando por uma epidemia nacional até a emergência internacional. A análise foi orientada pelos conceitos de risco e vítima virtual (VAZ,2009), utilizando os principais operadores de modos de endereçamento, propostos por Gomes (2011). As matérias veiculadas em quatro anos, entre abril de 2015 e abril de 2018, respondem pelo nosso corpus ampliado e as reportagens exibidas durante as emergências, de 11 de novembro de 2015 a 11 de maio de 2017, formam o corpus reduzido. Observamos, em primeiro lugar, o pouco espaço dedicado ao tema. Entre os resultados, de abril de 2015 a julho de 2018 foram veiculadas 20 matérias, totalizando 1 hora e 55 minutos. Em seguida, o destaque dado aos cientistas, às mulheres grávidas e ao mosquito Aedes aegypti. Esses foram os grandes protagonistas das reportagens sobre zika, mas desempenhando papéis diferentes. Os primeiros, fontes de autoridade e esperança; o último, apresentado como inimigo a ser combatido. Entre eles, e no centro da emergência, estavam as mulheres, principalmente as grávidas e as com planos de gravidez. No entanto, apesar de sua abrangência nacional, Fantástico privilegiou uma camada específica da população feminina brasileira: a classe médi1a, branca, moradora do Sudeste do país. Essa característica fala tanto do público imaginado pelo Fantástico, como da figura da vítima virtual. A cobertura de uma doença que teve início no Nordeste, afetando principalmente mulheres pobres e moradoras de áreas sem infraestrutura e saneamento básico adequados, foi protagonizada no \201Cshow da vida\201D quase que inteiramente por um grupo que não representa as mulheres mais vulneráveis a esta e outras arboviroses. Nessa guerra contra o Aedes, a responsabilização individual aparece em primeiro plano, em detrimento ao papel do Estado na garantia dos direitos e políticas públicas relacionadas ao zika vírus. Concluímos que a mulher, principalmente as mais vulneráveis, como é comum na sociedade brasileira, esteve na linha de frente da epidemia, sem contar com apoio e políticas públicas, tanto para efetivar medidas de proteção contra a infecção quanto para cuidar de bebês que nasceram com microcefalia, e que a forma como as matérias foram produzidas não questiona, ao contrário, legitima essa condição. |
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Ferreira, Paula Fiorito de CamposCardoso, Janine Miranda2021-07-13T13:58:00Z2021-07-13T13:58:00Z2019FERREIRA, Paula Fiorito de Campos. Deu zika no Fantástico: risco, vítima virtual e modos de endereçamento durante as emergências da epidemia no show da vida. 2019. 140f. Dissertação (Mestrado em em Informação e Comunicação em Saúde) - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48209Este trabalho busca compreender como o Fantástico, programa telejornalístico da Rede Globo, apresentou os riscos de zika e microcefalia para a sua audiência, desde a descoberta da doença no Nordeste, passando por uma epidemia nacional até a emergência internacional. A análise foi orientada pelos conceitos de risco e vítima virtual (VAZ,2009), utilizando os principais operadores de modos de endereçamento, propostos por Gomes (2011). As matérias veiculadas em quatro anos, entre abril de 2015 e abril de 2018, respondem pelo nosso corpus ampliado e as reportagens exibidas durante as emergências, de 11 de novembro de 2015 a 11 de maio de 2017, formam o corpus reduzido. Observamos, em primeiro lugar, o pouco espaço dedicado ao tema. Entre os resultados, de abril de 2015 a julho de 2018 foram veiculadas 20 matérias, totalizando 1 hora e 55 minutos. Em seguida, o destaque dado aos cientistas, às mulheres grávidas e ao mosquito Aedes aegypti. Esses foram os grandes protagonistas das reportagens sobre zika, mas desempenhando papéis diferentes. Os primeiros, fontes de autoridade e esperança; o último, apresentado como inimigo a ser combatido. Entre eles, e no centro da emergência, estavam as mulheres, principalmente as grávidas e as com planos de gravidez. No entanto, apesar de sua abrangência nacional, Fantástico privilegiou uma camada específica da população feminina brasileira: a classe médi1a, branca, moradora do Sudeste do país. Essa característica fala tanto do público imaginado pelo Fantástico, como da figura da vítima virtual. A cobertura de uma doença que teve início no Nordeste, afetando principalmente mulheres pobres e moradoras de áreas sem infraestrutura e saneamento básico adequados, foi protagonizada no \201Cshow da vida\201D quase que inteiramente por um grupo que não representa as mulheres mais vulneráveis a esta e outras arboviroses. Nessa guerra contra o Aedes, a responsabilização individual aparece em primeiro plano, em detrimento ao papel do Estado na garantia dos direitos e políticas públicas relacionadas ao zika vírus. Concluímos que a mulher, principalmente as mais vulneráveis, como é comum na sociedade brasileira, esteve na linha de frente da epidemia, sem contar com apoio e políticas públicas, tanto para efetivar medidas de proteção contra a infecção quanto para cuidar de bebês que nasceram com microcefalia, e que a forma como as matérias foram produzidas não questiona, ao contrário, legitima essa condição.This paper seeks to understand how Fantástico, a Rede Globo news program, presented the risks of zika and microcephaly to its audience, since the discovery of the disease in the Northeast, passing by a national epidemic up til an international emergency. The analysis was based in the concepts of risk and virtual victim (VAZ, 2009), using the main addressing modes, proposed by Gomes (2011). The pieces aired in four years, between April 2015 and April 2018, are the expanded corpus and the ones that aired during the emergencies, from November 11, 2015 to May 11, 2017, form the reduced corpus. Firstly, we observed the little space dedicated to the subject. Between the results of April 2015 and July 2018, 20 pieces aired, totalizing 1 hour and 55 minutes. The main focus was given to the scientists, to the pregnant women and to the Aedes aegypti mosquito. Those were the big protagonists of the reports about zika, but each one had a different role. The first one, source of authority and hope, the last one, presented as the enemy to beat. In between, and in the center of the emergency, were the women, especially the pregnant or with plans to have a baby. However, in spite of its national coverage, Fantástico gave privilege to a specific part of the Brazilian female population: the white, middle class, resident of the Southeast of the country. This feature shows the public imagined by Fantástico and the figure of virtual victim. The coverage of a disease that emerged in the Northeast, affecting especially poor women that live in areas with no adequate infrastructure and basic sanitation, was starred in the show almost entirely by a group that doesn't represent the women most vulnerable to this and other diseases transmitted by mosquitoes. In this war against Aedes, the individual accountability shows up in forefront instead of the State duty of ensuring rights and public politics related to the zika virus. We've concluded that women, especially the most vulnerable ones, as it's common in the Brazilian society, were in the frontline of the epidemic, without support or public politics, to deal with measures of protection against the infection and to take care of babies that were born with microcephaly, and that the way the pieces were produced don't question, instead, legitimate this condition.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porComunicação em SaúdeZika virusRiscoJornalismoComunicação em SaúdeZika virusRiscoJornalismoDeu zika no Fantástico: risco, vítima virtual e modos de endereçamento durante as emergências da epidemia no show da vidainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2019Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em SaúdeFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48209/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALpaula_ferreira_icict_mest_2019.pdfapplication/pdf3211473https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48209/2/paula_ferreira_icict_mest_2019.pdf1972bc364ffc07dbdd0699d4779e381fMD52TEXTpaula_ferreira_icict_mest_2019.pdf.txtpaula_ferreira_icict_mest_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain307266https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/48209/3/paula_ferreira_icict_mest_2019.pdf.txt0062a025226529a686846f06ceb523eeMD53icict/482092021-07-14 02:01:29.17oai:www.arca.fiocruz.br:icict/48209Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352021-07-14T05:01:29Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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