Comportamento social de antas (tapirus terrestris): relações de parentesco em uma paisagem fragmentada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Pinho, Gabriela Medeiros de
Orientador(a): Venticinque, Eduardo Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11921
http://lattes.cnpq.br/8318050728497028
Resumo: A área de vida média de antas é 2,6 Km2 na Amazônia, com alta sobreposição entre indivíduos, uma característica de espécies não territoriais. Entretanto, existe a evidência de que indivíduos regularmente percorrem as bordas de suas áreas de vida, o que indica o monitoramento de um território. Além disso, em reintroduções com a espécie Tapirus bairdii, foi registrado o ataque de indivíduos residentes aos introduzidos. Com objetivo de explorar esta aparente contradição e compreender o comportamento social das antas, nós sugerimos que as antas toleram indivíduos de áreas de vida adjacentes e sobrepostas se estes são parentes próximos. Para testar esta hipótese nós comparamos a proporção de relações entre indivíduos aparentados na escala individual (<3km) com a proporção em escala de paisagem (em todo o banco de dados). No total nós amostramos 63 amostras de fezes em que 24 foram genotipadas para cinco marcadores microssatélites (dos 14 testados). Os cinco loci foram informativos em termos de identificação individual: a probabilidade de identidade e de exclusão de parentesco foram 6,32x10-6 e 0,98, respectivamente. Tanto a AMOVA quanto o STRUCTURE sugeriram apenas uma população panmítica na área de estudo. A análise utilizando o programa COLONY em 22 indivíduos sugeriu como sistema de acasalamento mais provável para antas a poligamia e a partir deste modelo estimou dois pares de irmãos completos e 36 pares de meio irmãos, mas nenhuma relação parental-filhote no banco de dados. Em 19 casos de relações entre meio irmãos, os irmãos estavam localizados em margens opostas do reservatório. A distribuição de distâncias entre meio irmãos variou de 0,22 a 19,3km (média±sd; 10,6±5,14km) e não foi estatisticamente diferente da distribuição das distâncias entre indivíduos não aparentados (Mann-Whitney U=1; p > 0,05). A proporção de relações entre indivíduos aparentados nas duas escalas não foi diferente (G:0.11, 1 d.f., p>0.05). Desta forma, nós não encontramos suporte para nossa hipótese, sugerindo que antas não formam grupos sociais baseados no parentesco e os indivíduos meio-irmãos estão distribuídos na paisagem da mesma forma que os não aparentados. Este resultado sugere dispersão da prole ou do parental.
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Para testar esta hipótese nós comparamos a proporção de relações entre indivíduos aparentados na escala individual (<3km) com a proporção em escala de paisagem (em todo o banco de dados). No total nós amostramos 63 amostras de fezes em que 24 foram genotipadas para cinco marcadores microssatélites (dos 14 testados). Os cinco loci foram informativos em termos de identificação individual: a probabilidade de identidade e de exclusão de parentesco foram 6,32x10-6 e 0,98, respectivamente. Tanto a AMOVA quanto o STRUCTURE sugeriram apenas uma população panmítica na área de estudo. A análise utilizando o programa COLONY em 22 indivíduos sugeriu como sistema de acasalamento mais provável para antas a poligamia e a partir deste modelo estimou dois pares de irmãos completos e 36 pares de meio irmãos, mas nenhuma relação parental-filhote no banco de dados. Em 19 casos de relações entre meio irmãos, os irmãos estavam localizados em margens opostas do reservatório. A distribuição de distâncias entre meio irmãos variou de 0,22 a 19,3km (média±sd; 10,6±5,14km) e não foi estatisticamente diferente da distribuição das distâncias entre indivíduos não aparentados (Mann-Whitney U=1; p > 0,05). A proporção de relações entre indivíduos aparentados nas duas escalas não foi diferente (G:0.11, 1 d.f., p>0.05). Desta forma, nós não encontramos suporte para nossa hipótese, sugerindo que antas não formam grupos sociais baseados no parentesco e os indivíduos meio-irmãos estão distribuídos na paisagem da mesma forma que os não aparentados. Este resultado sugere dispersão da prole ou do parental.Social behavior in Lowland Tapir (Tapirus terrestris): Kinship distribution in a fragmented landscape The lowland tapir’s mean home range is 2.6 Km2 in the Amazon with a high degree of overlap between individuals, a characteristic of a non-territorial species. In contrast to this observation, there is evidence that individuals regularly walk along the borders of their ranges suggesting some form of territoriality. Furthermore, at least in one reintroduction of Tapirus bairdii, resident tapirs were recorded attacking the reintroduced individuals, again suggesting territoriality. In order to explore this apparent contradiction and gain further insight into what drives tapir spacing behavior, we hypothesized that tapirs will tolerate individuals from adjacent and overlapping home ranges if they are closely related. To test this hypothesis we compared the proportion of kin relationships at individual scale (<3km) with the same proportion at landscape scale (using all the data set). In total, we sampled 63 fecal samples, of which 24 were successfully genotyped at five microsatellite loci (from 14 tested). The five loci were suitably informative in terms of individual identification: the probability of identity and the power of exclusion were 6.32x10-6 and 0.98, respectively. At the population scale, both AMOVA and STRUCTURE suggest that the samples were taken from a single panmictic population. At the individual level, analysis using COLONY across 22 individuals identified two full-sib pairs and 36 half-sib pairs, but no parent-offspring pairs, and suggests that the most likely mating system for tapirs is polygamy. The distribution of distances between half-sibs ranged from 0.22 to 19.3km (mean±sd; 10.6 ±5.14km) and was not statistically different from the distribution of unrelated individuals (Mann-Whitney U=1; p > 0.05). The proportion of kin relationships at the two scales was not different (G:0.11, 1 d.f., p>0.05). Thus, we did not find support for our hypothesis, suggesting that tapirs do not form social groups based on kinship and individuals up to a level of kinship of half-sibs were similarly distributed in the landscape as unrelated individuals. This result indicates that offspring or parents are dispersing.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPAEcologiaAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessTapiridaeGenética de populaçõesDispersão de antasComportamento social de antas (tapirus terrestris): relações de parentesco em uma paisagem fragmentadainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPAORIGINALdissertação_INPA.pdfdissertação_INPA.pdfapplication/pdf1493283https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11921/1/disserta%c3%a7%c3%a3o_INPA.pdfd211686710b670a122723654a40d33feMD511/119212020-03-17 14:53:58.69oai:repositorio:1/11921Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://bdtd.inpa.gov.br/PUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestrepositorio@inpa.gov.br||repositorio@inpa.gov.bropendoar:2020-03-17T18:53:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false
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