"Não chore, pesquise!": Reflexões sobre sexo, gênero e ciência a partir do neurofeminismo.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Nucci, Marina Fisher
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Sex
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4748
Resumo: Neste trabalho refletimos acerca das relações entre sexo, gênero, ciência e feminismo, a partir da análise da produção contemporânea de um grupo de pesquisadoras que se denominam como neurofeministas e que, desde 2010, se articulam em uma rede internacional chamada NeuroGenderings. O objetivo da NeuroGenderings é trazer uma perspectiva feminista crítica aos estudos recentes sobre o cérebro, sobretudo aqueles que buscam por diferenças entre homens e mulheres. As neurofeministas estão engajadas em produzir uma neurociência situada, assumidamente feminista, que não deixe de lado a materialidade dos corpos e especialmente do cérebro , ao mesmo tempo em que se preocupam politicamente com as hierarquias de gênero. Procuram, portanto, produzir uma neurociência empírica, capaz de produzir o que chamam de zonas de proximidade entre moléculas e paisagens políticas . Além disso, pretendem combater o neurossexismo , isto é, estereótipos em relação à masculinidade e feminilidade que estariam presentes em grande parte da produção neurocientífica, bem como em sua divulgação para o público mais amplo. Assim, mapeamos a rede NeuroGenderings a partir de duas estratégias metodológicas: a leitura e análise da produção bibliográfica das neurofeministas (tanto as publicações oficiais da rede, como publicações individuais das pesquisadoras) e a observação da reunião e conferência mais recente da NeuroGenderings, que ocorreu na cidade de Lausanne, na Suíça, em 2014. O neurofeminismo nos oferece relevante material analítico para refletirmos acerca dos ideais de cientificidade em disputa na ideia de uma neurociência feminista, levando em conta a crença de que ciência e política pertenceriam a esferas separadas e imiscíveis, e que neutralidade seria característica obrigatória à boa prática científica. Além disso, notamos aproximações entre o trabalho das neurofeministas e os trabalhos de um importante grupo de estudiosas do campo da ciência e gênero, chamadas de feministas biólogas . As feministas biólogas inspiram a produção neurocientífica, principalmente no que diz respeito à perspectiva antidualista, que rejeita a oposição entre sexo e gênero, natureza e cultura, encarando-os como entrelaçados e inseparáveis. Entretanto, embora o entrelaçamento entre sexo e gênero seja consenso entre as neurofeministas, não há acordos sobre a forma como esse entrelaçamento deve ser pensado em termos neurocientíficos. Assim, a discussão em torno do conceito de plasticidade cerebral evidencia alguns desses dissensos, bem como tensões entre ciências humanas e neurociência dentro da NeuroGenderings, rede marcada pela interdisciplinaridade. Essas tensões, porém, não inviabilizam o projeto neurofeminista de pensar o cérebro como um objeto compartilhado de conhecimento.
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As neurofeministas estão engajadas em produzir uma neurociência situada, assumidamente feminista, que não deixe de lado a materialidade dos corpos e especialmente do cérebro , ao mesmo tempo em que se preocupam politicamente com as hierarquias de gênero. Procuram, portanto, produzir uma neurociência empírica, capaz de produzir o que chamam de zonas de proximidade entre moléculas e paisagens políticas . Além disso, pretendem combater o neurossexismo , isto é, estereótipos em relação à masculinidade e feminilidade que estariam presentes em grande parte da produção neurocientífica, bem como em sua divulgação para o público mais amplo. Assim, mapeamos a rede NeuroGenderings a partir de duas estratégias metodológicas: a leitura e análise da produção bibliográfica das neurofeministas (tanto as publicações oficiais da rede, como publicações individuais das pesquisadoras) e a observação da reunião e conferência mais recente da NeuroGenderings, que ocorreu na cidade de Lausanne, na Suíça, em 2014. O neurofeminismo nos oferece relevante material analítico para refletirmos acerca dos ideais de cientificidade em disputa na ideia de uma neurociência feminista, levando em conta a crença de que ciência e política pertenceriam a esferas separadas e imiscíveis, e que neutralidade seria característica obrigatória à boa prática científica. Além disso, notamos aproximações entre o trabalho das neurofeministas e os trabalhos de um importante grupo de estudiosas do campo da ciência e gênero, chamadas de feministas biólogas . As feministas biólogas inspiram a produção neurocientífica, principalmente no que diz respeito à perspectiva antidualista, que rejeita a oposição entre sexo e gênero, natureza e cultura, encarando-os como entrelaçados e inseparáveis. Entretanto, embora o entrelaçamento entre sexo e gênero seja consenso entre as neurofeministas, não há acordos sobre a forma como esse entrelaçamento deve ser pensado em termos neurocientíficos. Assim, a discussão em torno do conceito de plasticidade cerebral evidencia alguns desses dissensos, bem como tensões entre ciências humanas e neurociência dentro da NeuroGenderings, rede marcada pela interdisciplinaridade. Essas tensões, porém, não inviabilizam o projeto neurofeminista de pensar o cérebro como um objeto compartilhado de conhecimento.In this work, we reflected on the relationship between sex, gender, science and feminism, through the analysis of the contemporary production of a group of researchers who call themselves neurofeminists, organized since 2010 in an international network called NeuroGenderings. The goal of NeuroGenderings is to build a critical feminist perspective to recent studies on the brain, especially those studies seeking for differences between men and women. The neurofeminists are engaged in producing a situated neuroscience, openly feminist, that does not leave aside the materiality of bodies and especially that of the brain , at the same time they are politically concerned with gender hierarchies. They seek, therefore, to produce an empirical neuroscience capable of producing what they dub proximity zones between molecules and political landscapes. They also plan to combat neurossexism , that is, masculinity and femininity stereotypes that are present in much of neuroscience scientific production, as well as in its dissemination to the wider public. We mapped the NeuroGenderings network based in two methodological strategies: the reading and analysis of the bibliographical production of the neurofeminists (both from official publications of the network and from individual publications of the researchers) and the observation of the most recent reunion and conference of the NeuroGenderings network, held in the city of Lausanne, Switzerland, in 2014. Neurofeminism offers us relevant analytic material to reflect on the disputed ideals of scientificity regarding the idea of a feminist neuroscience, taking into account the belief that science and politics belong to separate and immiscible spheres, and that neutrality should be a mandatory feature to practice good science. In addition, we observed a common ground between the work of neurofeminists and the work of another important group of scholars in the field of science and gender studies, called feminist biologists . Feminist biologists inspire neuroscientific production, especially with regard to their anti-dualist perspective, that rejects oppositions between sex and gender, nature and culture, viewing them intertwined and inseparable. However, even being the interweaving of sex and gender a consensus among neurofeminists, there is no agreement on how this interweaving should be addressed in neuroscienfic terms. Thus, the discussion around the concept of cerebral plasticity shows some of these disagreements, as well as the tensions between human sciences and neuroscience inside NeuroGenderings, a network marked by interdisciplinarity. These tensions, however, do not invalidate the neurofeminist project to think the brain as an object of shared knowledge.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoUniversidade do Estado do Rio de JaneiroCentro Biomédico::Instituto de Medicina SocialBRUERJPrograma de Pós-Graduação em Saúde ColetivaRusso, Jane Araujohttp://lattes.cnpq.br/9019341539335784Zorzanelli, Rafaela Teixeirahttp://lattes.cnpq.br/6909613550231790Azize, Rogério Lopeshttp://lattes.cnpq.br/6265564915369838Rohden, Fabiolahttp://lattes.cnpq.br/4786004407933399Manica, Daniela Tonellihttp://lattes.cnpq.br/3317043883273343Nucci, Marina Fisher2020-08-02T16:54:38Z2016-01-282015-09-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfNUCCI, Marina Fisher. "Não chore, pesquise!": Reflexões sobre sexo, gênero e ciência a partir do neurofeminismo.. 2015. 284 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas e Saúde; Epidemiologia; Política, Planejamento e Administração em Saúde; Administra) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4748porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJinstname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJ2024-02-26T23:20:55Zoai:www.bdtd.uerj.br:1/4748Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bdtd.uerj.br/PUBhttps://www.bdtd.uerj.br:8443/oai/requestbdtd.suporte@uerj.bropendoar:29032024-02-26T23:20:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false
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