"Pelas estrelas de uma banda": sincretismo e ecletismo em um centro de Santo Daime da Bahia

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Abreu Jr, Josué Silva
• Orientador(a): MacRae, Edward John Baptista das neves
• Banca de defesa: MacRae, Edward John Baptista das Neves, Sousa Júnior, Vilson Caetano de, Rehen, Lucas Kastrup, Moreira, Paulo Alves, Tavares, Fátima Regina Gomes
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA)
• Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Santo Daime; Sincretismo
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS
• Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34868

O Brilho das Águas é um centro da religião chamada Santo Daime, fundado em Salvador, em 1995. É reconhecido como o primeiro centro do Santo Daime a ser fundado no estado da Bahia. Este coletivo teve início em um momento no qual as religiões afro-brasileiras passavam por um período conhecido por africanização, no qual buscavam se reaproximar de suas matrizes africanas que haviam sido apagadas durante o período chamado de embranquecimento. Ao estudar o caso específico da igreja Brilho das Águas, esta tese questiona de que forma as concepções e práticas deste centro se relacionam ao período da africanização. Observou-se que o Brilho das Águas foi impactado pela africanização, por meio dos diálogos que estabelece com a igreja Flor da Montanha, localizada em Nova Friburgo/RJ, fundada pela falecida Ialorixá Arlete Coutinho (Baixinha). Esta fundou terreiros de Umbanda no estado do Rio de Janeiro e era confirmada no Candomblé. O Brilho das Águas também está próximo aos trabalhos realizados por Dona Dinorá, em Sergipe. Dinorá, de forma análoga à Baixinha, realiza trabalhos de Umbanda, Candomblé e Santo Daime. O Brilho das Águas e a Flor da Montanha, embora sejam centros autônomos, são influenciados pela Igreja do Culto Eclético da Fluente Luz Universal Patrono Sebastião Mota de Melo (ICEFLU), localizada na comunidade Céu do Mapiá, no município de Pauini/AM. Este centro amazonense já havia se aproximado da Umbanda desde a década de 1970, assim como acolhido indígenas e indigenistas em seu seio. É preciso considerar, neste contexto, que o Santo Daime é uma religião de matriz afroindígena, tendo, dessa forma, se reaproximado de elementos que já faziam parte da sua história, mas que foram esquecidos durante o período do embranquecimento. O primeiro capítulo desta tese traz a história da formação e fundação do Santo Daime por Raimundo Irineu Serra (Mestre Irineu) e seus seguidores, assim como a história de Sebastião Mota de Melo (Padrinho Sebastião) e da Baixinha. No segundo capítulo, apresenta-se a história do Brilho das Águas, igreja que é foco deste estudo. No terceiro capítulo, por meio de uma auto-etnografia e uma etnografia, são expostas as vivências do autor junto aos sujeitos de pesquisa do Brilho das Águas, Flor da Montanha e Céu do Mapiá, onde realizou trabalhos e incursões de campo. São abordadas, igualmente, algumas experiências religiosas vivenciadas pelo autor antes de entrar para o Santo Daime. O quarto e último capítulo traz uma revisão histórica de conceitos antropológicos relacionados ao sincretismo, fazendo-os reverberar sobre as informações apresentadas nos três primeiros capítulos. Para a análise das informações foram utilizados as noções de sincretismo, embranquecimento e africanização, propostas por Prandi. No caso específico do Santo Daime, o autor se vale dessas noções, levando em conta o contexto sociocultural da época em que estavam sendo mobilizadas: O sincretismo entre 1890 e 1920, o embranquecimento entre 1930 e 1970 e a africanização de 1980 até atualmente.