Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Paula, Letícia Miranda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15973
Resumo: O Grupo Nós do Morro foi criado em 1986, na favela do Vidigal, a partir do contato entre profissionais de teatro com os jovens moradores. Através dos anos, se transformou em uma das mais importantes iniciativas no âmbito de trabalhos artísticos e sociais criados e desenvolvidos no Brasil. A proposta inicial do grupo era um teatro feito “da comunidade para a comunidade”, sendo assim, as peças deste período abordavam temas que refletiam a realidade dos moradores com o objetivo de formar uma plateia local. Mas que plateia era essa? No final dos anos setenta, a construção de prédios na subida do Vidigal fez surgir uma nova vizinhança composta por pessoas de classe média e artistas, entre eles o fundador e diretor geral do grupo, Guti Fraga. Compartilhando do mesmo universo geográfico, a classe média convivia com os moradores mais humildes, ocupantes da parte média e alta do morro. São para estes atores sociais que o discurso do grupo se volta, buscando atrair um público pouco habituado a frequentar teatro. Com o passar do tempo, o Nós do Morro sente a necessidade de perder sua essência amadora e tentar obter reconhecimento da classe profissional. A construção de uma sede própria, após a ocupação de vários espaços dentro do Vidigal, como uma igreja desativada e os fundos de uma escola municipal, reflete essa necessidade do grupo afirmar sua autonomia artística. E foi aí, que, em 1996, o Nós do Morro inaugurou um teatro com capacidade para oitenta espectadores, o Teatro do Vidigal. Com a peça escolhida para inaugurar o teatro, Machadiando, reunião de textos de Machado de Assis, o grupo conquistava o primeiro prêmio oficial, o Prêmio Shell. O prêmio foi recebido com grande entusiasmo pela companhia, que, a partir deste momento, acreditava estar legitimada no mercado não mais em função de um trabalho social realizado em uma favela carioca. Porém, o Nós do Morro vencia como “categoria especial”, ou seja, a crítica especializada valoriza mais um trabalho comunitário do que o espetáculo em si. Somente anos mais tarde, em 2002 é que o grupo ganharia o Prêmio Shell por uma categoria tradicional com a apresentação da peça Noites do Vidigal, primeira montagem do grupo a estrear fora da favela de origem. O espetáculo foi bem recebido pela crítica e foi contemporâneo, também, a participação dos atores no filme Cidade de Deus. O 7 sucesso do longa de Fernando Meirelles impulsionou a carreira de vários integrantes do Nós do Morro para produções no cinema e na televisão. Diante destes acontecimentos pretendemos discutir a legitimidade conquistada pelo Nós do Morro e o significado desta legitimidade para os diversos atores sociais que se apropriam do trabalho do grupo
id UFF-2_d383a9995a198133be8b448173e283a4
oai_identifier_str oai:app.uff.br:1/15973
network_acronym_str UFF-2
network_name_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository_id_str
spelling Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do MorroHistória socialCulturaTeatroGrupo Nós do MorroTeatro brasileiroCultura brasileiraTrabalho socialNós do Morro (Grupo teatral)Social historyCultureTheatreGroup “Nós do Morro"O Grupo Nós do Morro foi criado em 1986, na favela do Vidigal, a partir do contato entre profissionais de teatro com os jovens moradores. Através dos anos, se transformou em uma das mais importantes iniciativas no âmbito de trabalhos artísticos e sociais criados e desenvolvidos no Brasil. A proposta inicial do grupo era um teatro feito “da comunidade para a comunidade”, sendo assim, as peças deste período abordavam temas que refletiam a realidade dos moradores com o objetivo de formar uma plateia local. Mas que plateia era essa? No final dos anos setenta, a construção de prédios na subida do Vidigal fez surgir uma nova vizinhança composta por pessoas de classe média e artistas, entre eles o fundador e diretor geral do grupo, Guti Fraga. Compartilhando do mesmo universo geográfico, a classe média convivia com os moradores mais humildes, ocupantes da parte média e alta do morro. São para estes atores sociais que o discurso do grupo se volta, buscando atrair um público pouco habituado a frequentar teatro. Com o passar do tempo, o Nós do Morro sente a necessidade de perder sua essência amadora e tentar obter reconhecimento da classe profissional. A construção de uma sede própria, após a ocupação de vários espaços dentro do Vidigal, como uma igreja desativada e os fundos de uma escola municipal, reflete essa necessidade do grupo afirmar sua autonomia artística. E foi aí, que, em 1996, o Nós do Morro inaugurou um teatro com capacidade para oitenta espectadores, o Teatro do Vidigal. Com a peça escolhida para inaugurar o teatro, Machadiando, reunião de textos de Machado de Assis, o grupo conquistava o primeiro prêmio oficial, o Prêmio Shell. O prêmio foi recebido com grande entusiasmo pela companhia, que, a partir deste momento, acreditava estar legitimada no mercado não mais em função de um trabalho social realizado em uma favela carioca. Porém, o Nós do Morro vencia como “categoria especial”, ou seja, a crítica especializada valoriza mais um trabalho comunitário do que o espetáculo em si. Somente anos mais tarde, em 2002 é que o grupo ganharia o Prêmio Shell por uma categoria tradicional com a apresentação da peça Noites do Vidigal, primeira montagem do grupo a estrear fora da favela de origem. O espetáculo foi bem recebido pela crítica e foi contemporâneo, também, a participação dos atores no filme Cidade de Deus. O 7 sucesso do longa de Fernando Meirelles impulsionou a carreira de vários integrantes do Nós do Morro para produções no cinema e na televisão. Diante destes acontecimentos pretendemos discutir a legitimidade conquistada pelo Nós do Morro e o significado desta legitimidade para os diversos atores sociais que se apropriam do trabalho do grupoThe group "Nós do Morro" was founded in 1986, in the Vidigal slum, when establishing a contact between theatre people with the inhabitants throughout the years, which became one of the most important initiatives, concerning artistic and social work developed in Brazil. The groups initial proposal was creating a thcatre from "the community to the community", that means, the plays in this period broached themes which reflected citizens reality with the aim to produce a local audience, but what kind of audience should this be? By the end of the seventies, during the odafication of buildings along the ascent to the Vidigal, a new neighbourhood, consisting of middle class people and artists, emerged, among them the founder and general director of the group Guti Fraga. Sharing the same geographic universe, middle class people cohabited wth the most humble residents in the middle and the ligh arca of the slum It is for ihese social actors that the groups lectures is addressed, tryng to attract people wbo is not, very frequently used to go to the theatre. si so pnoys Kayi eI arur uagooy op soN. I Áq uan aun sy amateurism and try to be acknowlodged by the professional class. The cdification of their own headquarters, after the ccupation of several areas inside the Vidigal, such as a church whach was out of use and tbe back of a municipal school, disclones the necessity of the group assert ibs artistic autonomy. I was then, that in1996, "Nos do Morm inaugurated a theatre withh dhe capacity for an audience of eighty spectalors, the Vidagal Theatre. The play choen for the inanguration of the theatre was "Machadiando", a selection of Machado de Assis' texts, when the group conquered its first award granted by the theatrical critic, the "Premio Shell". The company received the prize with great enthusiasm, which, from that moment on, believed that it was legitimized by the market, not any more due to a social work in a carioca slum. However, the group won in a "special category", that is to say, the project was higher evaluated than the play itself. Only years later, in 2003, would the group be awarded with the "Prêmio Shell" for a traditional category with the presentation of "Noites do Vidigal", the first play the group performed outside their original community. The performance was welcomed by the critic and it was contemporanean the participation of the actors in the film "Cidade de Deus". The success of Fernando Meirelles' film, stimulated the career of several components of "Nós do Morro" for cinema and TV productions. In face of these events, we intend to talk about the acknowledgement conquered by "Nós do Morro" and the importance of this acknowledgement for several social actors who appropriate this work of group135 f.NiteróiAmaral, Adriana Facina Gurgel doPereira, Leonardo Affonso de MirandaVenancio, Giselle MartinsPaula, Letícia Miranda2020-11-16T18:02:46Z2020-11-16T18:02:46Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfPAULA, Letícia Miranda. Quem somos nós? : Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro. 2012. 135f. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Federal Fluminense. Departamento de História, 2012.https://app.uff.br/riuff/handle/1/15973Aluno de Mestradohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-06-03T13:07:14Zoai:app.uff.br:1/15973Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-06-03T13:07:14Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
dc.title.none.fl_str_mv Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
title Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
spellingShingle Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
Paula, Letícia Miranda
História social
Cultura
Teatro
Grupo Nós do Morro
Teatro brasileiro
Cultura brasileira
Trabalho social
Nós do Morro (Grupo teatral)
Social history
Culture
Theatre
Group “Nós do Morro"
title_short Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
title_full Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
title_fullStr Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
title_full_unstemmed Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
title_sort Quem somos nós?: Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro
author Paula, Letícia Miranda
author_facet Paula, Letícia Miranda
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Amaral, Adriana Facina Gurgel do
Pereira, Leonardo Affonso de Miranda
Venancio, Giselle Martins
dc.contributor.author.fl_str_mv Paula, Letícia Miranda
dc.subject.por.fl_str_mv História social
Cultura
Teatro
Grupo Nós do Morro
Teatro brasileiro
Cultura brasileira
Trabalho social
Nós do Morro (Grupo teatral)
Social history
Culture
Theatre
Group “Nós do Morro"
topic História social
Cultura
Teatro
Grupo Nós do Morro
Teatro brasileiro
Cultura brasileira
Trabalho social
Nós do Morro (Grupo teatral)
Social history
Culture
Theatre
Group “Nós do Morro"
description O Grupo Nós do Morro foi criado em 1986, na favela do Vidigal, a partir do contato entre profissionais de teatro com os jovens moradores. Através dos anos, se transformou em uma das mais importantes iniciativas no âmbito de trabalhos artísticos e sociais criados e desenvolvidos no Brasil. A proposta inicial do grupo era um teatro feito “da comunidade para a comunidade”, sendo assim, as peças deste período abordavam temas que refletiam a realidade dos moradores com o objetivo de formar uma plateia local. Mas que plateia era essa? No final dos anos setenta, a construção de prédios na subida do Vidigal fez surgir uma nova vizinhança composta por pessoas de classe média e artistas, entre eles o fundador e diretor geral do grupo, Guti Fraga. Compartilhando do mesmo universo geográfico, a classe média convivia com os moradores mais humildes, ocupantes da parte média e alta do morro. São para estes atores sociais que o discurso do grupo se volta, buscando atrair um público pouco habituado a frequentar teatro. Com o passar do tempo, o Nós do Morro sente a necessidade de perder sua essência amadora e tentar obter reconhecimento da classe profissional. A construção de uma sede própria, após a ocupação de vários espaços dentro do Vidigal, como uma igreja desativada e os fundos de uma escola municipal, reflete essa necessidade do grupo afirmar sua autonomia artística. E foi aí, que, em 1996, o Nós do Morro inaugurou um teatro com capacidade para oitenta espectadores, o Teatro do Vidigal. Com a peça escolhida para inaugurar o teatro, Machadiando, reunião de textos de Machado de Assis, o grupo conquistava o primeiro prêmio oficial, o Prêmio Shell. O prêmio foi recebido com grande entusiasmo pela companhia, que, a partir deste momento, acreditava estar legitimada no mercado não mais em função de um trabalho social realizado em uma favela carioca. Porém, o Nós do Morro vencia como “categoria especial”, ou seja, a crítica especializada valoriza mais um trabalho comunitário do que o espetáculo em si. Somente anos mais tarde, em 2002 é que o grupo ganharia o Prêmio Shell por uma categoria tradicional com a apresentação da peça Noites do Vidigal, primeira montagem do grupo a estrear fora da favela de origem. O espetáculo foi bem recebido pela crítica e foi contemporâneo, também, a participação dos atores no filme Cidade de Deus. O 7 sucesso do longa de Fernando Meirelles impulsionou a carreira de vários integrantes do Nós do Morro para produções no cinema e na televisão. Diante destes acontecimentos pretendemos discutir a legitimidade conquistada pelo Nós do Morro e o significado desta legitimidade para os diversos atores sociais que se apropriam do trabalho do grupo
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012
2020-11-16T18:02:46Z
2020-11-16T18:02:46Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv PAULA, Letícia Miranda. Quem somos nós? : Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro. 2012. 135f. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Federal Fluminense. Departamento de História, 2012.
https://app.uff.br/riuff/handle/1/15973
Aluno de Mestrado
identifier_str_mv PAULA, Letícia Miranda. Quem somos nós? : Surgimento, identidade e legitimidade na trajetória teatral do grupo Nós do Morro. 2012. 135f. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Federal Fluminense. Departamento de História, 2012.
Aluno de Mestrado
url https://app.uff.br/riuff/handle/1/15973
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Niterói
publisher.none.fl_str_mv Niterói
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron:UFF
instname_str Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron_str UFF
institution UFF
reponame_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
collection Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)
repository.mail.fl_str_mv riuff@id.uff.br
_version_ 1797038146863497216