Circuito espacial produtivo da pecuária bovina de corte no estado de Mato Grosso do Sul

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Paz, Patrícia Pogliesi
• Orientador(a): Lamoso, Lisandra Pereira
• Banca de defesa: Souza, Adáuto de Oliveira , Espíndola, Carlos José , Lamberti, Eliana , Castillo, Ricardo Abid
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
• Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Geografia
• Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Pecuária; Produção animal; Indústria de carnes
• Palavras-chave em Inglês: Livestock; Animal production; Meat industry
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::GEOGRAFIA::GEOGRAFIA REGIONAL
• Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5390

Esta pesquisa se pautou na compreensão do Circuito Espacial Produtivo e Círculos de Cooperação da pecuária bovina de corte do estado de Mato Grosso do Sul. A pecuária se mantém como um dos principais segmentos da economia estadual. Os objetivos específicos consistiram em: investigar se houve uma reestruturação espacial da atividade no estado e qual sua regionalização; compreender as alterações no padrão produtivo da bovinocultura de corte e os elementos que levam a essa alteração e analisar a inserção da pecuária no comércio internacional e o papel dos frigoríficos exportadores, que são agentes relevantes no círculo de cooperação, na medida em que fazem a mediação entre o mercado internacional e a produção, “correias de transmissão” dos padrões de exigência dos principais mercados consumidores. A hipótese norteadora é de que as condições do circuito espacial estão ancoradas em robusta participação de fundos públicos, programas e políticas públicas. Para esse estudo foram utilizadas diversas ferramentas, como consulta a sítios eletrônicos de órgãos públicos responsáveis, sítios eletrônicos especializados na temática, documentos específicos e entrevistas semiestruturadas. Somado a isso, por meio da coleta de dados secundários e quantificação dos mesmos, foi elaborado um banco de dados que oferece uma visão do circuito espacial. O embasamento teórico apoia-se na proposta de Milton Santos sobre os circuitos espaciais produtivos. Entre as principais referências estão Barrios (1976); Moraes (1985); Santos (1986, 1988 e 1997); Santos e Silveira (2006); Castillo e Frederico (2010); Aracri e Moreira (2010); Espíndola (2020). Como principais resultados, este estudo permitiu compreender que o ciclo completo (cria, recria e engorda) é realizado em todo o estado. Entretanto, na região do Pantanal, tradicionalmente, tem o predomínio das fases de cria e recria, com engorda em algumas regiões com pastagens de melhor qualidade. Isso se deve às características peculiares desta região (solo e clima), assim como dificuldades para o fluxo e a circulação do gado. Outros dois municípios da porção leste do estado, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, também se destacam na venda de matrizes e reprodutores de bovinos e, principalmente, no envio para abate. A reestruturação espacial, com a expansão das lavouras e redistribuição do rebanho, tem definido uma nova regionalização para a pecuária bovina de corte em Mato Grosso do Sul. Essa realidade se explica pela substituição das áreas de pastagens por lavouras de cana-de-açúcar, milho e soja, plantações de eucalipto, pela aplicação de novas tecnologias de integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta, assim como pelo avanço das tecnologias de produção agrícola e melhoria de gestão. Essa alteração no uso da terra fez com que a pecuária bovina, principalmente a atividade de cria, considerada menos rentável, se concentrasse em regiões com solos impróprios para a agricultura, principalmente onde não há competição entre agricultura e floresta. Destacam-se as alterações no padrão produtivo da pecuária bovina de corte que, por sua vez, não se limita somente à pecuária extensiva, mas está se modernizando com investimentos em infraestruturas para transporte e armazenamento, bem como com o desenvolvimento de tecnologias para o setor. Verificamos que entre o período de 2010 e 2021 as exportações de carne bovina de Mato Grosso do Sul dobraram e houve a inserção em mercados internacionais diversificados. No mercado interestadual, o estado envia bovinos para abate em outras unidades da federação, como São Paulo e Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso do Sul diversas empresas frigoríficas investem em nichos de mercado como os da carne bovina gourmet e orgânica, assim como de alguns comércios varejistas. Por fim, constatamos que a atividade foi constituída com robusto aporte da participação do Estado, como demonstram a composição dos círculos de cooperação do qual participam recursos, programas e políticas públicas.