Maturação, secagem e armazenamento de sementes de cártamo: estudos morfofisiológicos

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Oba, Guilherme Cardoso
• Orientador(a): Goneli, André Luís Duarte
• Banca de defesa: Scalon, Silvana de Paula Quintão , Toledo, Mariana Zampar , Mussury, Rosilda Mara , Prado, Eber Augusto Ferreira do
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
• Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Agronomia
• Departamento: Faculdade de Ciências Agrárias
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Carthamus tinctorius; Qualidade da semente; Armazenamento de grãos
• Palavras-chave em Inglês: Seed quality; Grain storage
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS AGRARIAS::AGRONOMIA::FITOTECNIA::PRODUCAO E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES
• Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/4982

O cártamo é uma planta de múltiplas finalidades; entretanto, tem recebido especial atenção devido à qualidade do óleo extraído de seus grãos, que é rico em ácidos linoleico e oleico. Com grande potencial para expansão no Brasil, como alternativa de inverno em sistemas de rotação, o sucesso para o estabelecimento da cultura do cártamo no país está na dependência, dentre outros fatores, da definição de um programa adequado de produção de sementes. Nesse sentido, neste trabalho realizado na Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados - MS, foram conduzidas três pesquisas abrangendo diferentes etapas da cadeia produtiva das sementes de cártamo. Na primeira pesquisa, dividida em duas partes, se buscou, inicialmente, determinar as alterações que ocorrem no teor de água, tamanho e matéria seca das sementes entre os 5 e 37 dias após a antese (DAA), além de verificar a dinâmica da aquisição da germinação e expressão da dormência fisiológica durante a maturação. Também, identificar possíveis indicadores morfológicos, em capítulos e sementes, vinculados à maturidade fisiológica das sementes. Na segunda parte, objetivou-se verificar diferenças entre a qualidade fisiológica de sementes colhidas imediatamente após a completa senescência dos capítulos e estruturas vegetativas da planta-matriz e de sementes provenientes de colheita única em área total, no fechamento do ciclo da cultura, quando de 97 a 99% das plantas-matrizes apresentavam-se totalmente senescentes. O desenvolvimento das sementes de cártamo é caracterizado pelo rápido crescimento externo e gradual acúmulo de matéria seca, que, nas condições deste trabalho, foi estabilizado aos 29 DAA (maturidade fisiológica), com teor de água correspondente a 26,1%. As sementes adquirem, gradualmente, a habilidade de germinar a partir do terço final do acúmulo de matéria seca, com máxima alcançada poucos dias antes da maturidade fisiológica, sendo essa germinação parcialmente inibida pela presença da dormência fisiológica primária. Ainda se concluiu que o desencadeamento da senescência dos capítulos, junto à transição de cor das sementes de acinzentadas para esbranquiçadas, em razão da desidratação natural, podem ser utilizados como indicadores de maturidade fisiológica para as sementes dessa espécie. Finalmente, pode-se afirmar que a colheita única em área total, levando-se em consideração a disparidade no processo de maturação entre plantas e a ocorrência de condições climáticas adversas, prejudica a germinação e o vigor das sementes de cártamo. Na segunda pesquisa deste trabalho, sementes de cártamo, colhidas com um teor de água de 25,8%, foram submetidas à secagem em secador experimental com temperaturas do ar entre 40 e 70 °C, até atingirem 6,6% de umidade. Posteriormente, essas foram avaliadas quanto à qualidade fisiológica, de imediato à secagem e a cada 60 dias, até os 240 dias de armazenamento sob condições não controladas. O aumento da temperatura do ar de secagem propicia uma remoção mais abrupta das moléculas de água contidas no interior das sementes, provocando danos imediatos e latentes à qualidade fisiológica das sementes, sobretudo a partir de 60 °C. Assim, sugere-se que a temperatura de secagem das sementes de cártamo não exceda 40 °C, especialmente quando essas se apresentarem com teores de água próximos ou superiores a 25,8% no momento da secagem. Na terceira pesquisa, verificou se o efeito do teor de água da semente e da temperatura ambiente na dinâmica da pós- maturação e deterioração das sementes de cártamo durante o armazenamento. Para isso, lotes de sementes com teores de água iniciais distintos (7,4; 6,1 e 4,7%), obtidos após secagem artificial, foram acondicionados em embalagens permeáveis e não permeáveis (denominados sistemas convencional e hermético, respectivamente) e, posteriormente, armazenados durante 200 dias em ambiente sem controle de temperatura e umidade relativa do ar (26,2±2,3 °C e 46,4±8,6%). Concomitantemente, um lote de sementes com teor de água inicial de 7,4%, acondicionado em embalagem semipermeável, foi mantido em câmara fria (16,4±0,8 °C e 79,7±9,3%). No início do armazenamento e a cada 50 dias, as sementes foram avaliadas quanto ao teor de água e caracteres fisiológicos vinculados à dormência, viabilidade e vigor. A dinâmica da pós-maturação das sementes de cártamo é influenciada pelo teor de água da semente e temperatura ambiente predominante, em que baixas temperaturas de armazenamento retardam o processo, mas não o impede, e, à temperatura média ambiente, próxima a 25 °C, a pós-maturação é favorecida pela manutenção dos teores de água entre 5,0 e 6,0%, desacelerando, dentro da faixa de 4,7 a 8,5%, à medida que se eleva o teor de água. Considerando a adoção de teores de água iniciais entre 4,7 e 7,4%, o emprego de embalagens que não permitem variações bruscas no teor de água possibilita a manutenção da viabilidade e vigor das sementes de cártamo por períodos de até 150-200 dias sob condições ambientais semelhantes às desta pesquisa, com eficiência similar à proporcionada pela baixa temperatura de uma câmara fria. Por outro lado, o aumento sensível do teor de água das sementes, permitido pelo uso de embalagens permeáveis no armazenamento em ambiente não controlado, acelera o processo de deterioração, mesmo o teor de água não excedendo 8,5%.