Entre Lapinha da Serra e Tabuleiro do Mato Dentro: o ecoar da travessia

• Ano de defesa: 2017
• Autor(a) principal: Lucas de Lima Fernandes Padoan
• Orientador(a): Bernardo Machado Gontijo
• Banca de defesa: Valeria de Oliveira Roque Ascencao, Virginia de Lima Palhares, Alexandre Magno Alves Diniz
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Palavras-chave em Português: caminhadas; imersão humana; Travessia Lapinha-Tabuleiro; conservação socioambiental
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/IGCC-AQRPQF

A presente dissertação discorre sobre um dos inúmeros caminhos percorridos historicamente pelo ser humano. Trata-se da travessia Lapinha-Tabuleiro, um percurso orientado de oeste para leste na Serra do Espinhaço, situado em sua porção sul, Serra do Cipó/Minas Gerais. A caminhada se inicia no povoado da Lapinha da Serra (município de Santana do Riacho) e se prologa por cerca de 20 a 40 quilômetros até o distrito de Tabuleiro (município de Conceição do Mato Dentro). Marcada por uma indubitável sociobiodiversidade, esse trajeto vem sendo apropriado de inúmeras formas ao longo do tempo: por paleoíndios, naturalistas, tropeiros, comunidades locais e, atualmente, por meio da atividade turística. Dito isso, o objetivo dessa investigação se faz compreender de que forma a imersão humana ao longo da travessia pode auxiliar na conservação ambiental e na valorização das comunidades locais. Sendo assim, enveredamos nas discussões a respeito de trilhas e travessias, bem como a imersão humana no espaço, caracterizando o ato de caminhar e suas inúmeras interpretações. Defendemos aqui a ideia de que caminhar não é um ato mecânico, mas sim uma forma sensível de experienciar e vivenciar o espaço, podendo estar conectado a própria reprodução turística (dentre suas diversas tipologias), a uma noção de busca incessante pela aventura ou simplesmente associada ao caminhar como ato filosófico. Esses elementos são visíveis na travessia Lapinha-Tabuleiro, a qual acessamos seu universo por meio dos alunos da disciplina Fitogeografia da Universidade Federal de Minas Gerais, uma vez que a mesma adota a caminhada na condição de trabalho de campo. Utilizamos nossa experiência de cinco anos como monitor de campo, assim como investigamos as relações advindas dessa imersão e, sobretudo, analisamos os relatórios de campo (produto da disciplina), construídos em sua maioria enquanto diários de campo. A pesquisa revelou o potencial imersivo da caminhada, em como impacta e reverbera na vida do sujeito, podendo ecoar em decisões, memórias e atitudes, sendo uma forma de contribuir positivamente para a conservação socioambiental da região, visto que abre a possibilidade de valorização e significação do espaço, construindo um lugar. Movimento que influi na mobilização em prol da região, assim como reprodução de um turismo pessoalizante, capaz de valorizar as comunidades locais e sensibilizar sujeitos quanto a necessidade de proteção da biodiversidade local.