Lagoas marginais do alto-médio curso do rio São Francisco: dinâmica hidrogeomorfológica, geocronologia e impactos ambientais

• Ano de defesa: 2016
• Autor(a) principal: Wallace Magalhaes Trindade
• Orientador(a): Antonio Pereira Magalhaes Junior
• Banca de defesa: Adolf Heinrich Horn, Vilma Lucia Macagnan Carvalho, Fabio Soares de Oliveira, Hernando Baggio Filho, Luiz Henrique Arimura Figueiredo
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Palavras-chave em Português: Testemunhos hidrogeomorfológicos; Pressões antrópicas; Lagoas marginais; Sedimentos
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/EQVA-BBWQ47

Lagoas marginais são feições fluviais geradas nos sistemas cursos dágua-planícies de inundação e que tendem a acumular sedimentos, nutrientes e elementos contaminantes. Os sedimentos depositados nestas lagoas funcionam como registros das condições ambientais atuais e pretéritas. No Vale do Rio São Francisco, as lagoas marginais são feições características com grande importância ecológica. Entretanto, os aspectos geoquímicos e geomorfológicos destes ambientes são pouco estudados. O objetivo principal deste trabalho é analisar o papel das lagoas marginais como testemunhos hidrogeomorfológicos da dinâmica fluvial e dos impactos ambientais decorrentes das pressões antrópicas no alto-médio Rio São Francisco, buscando estabelecer correlações entre as concentrações de metais pesados e a intensificação dos usos e ocupação dos solos nos últimos 100 anos. Foram selecionadas seis lagoas marginais, extraindo-se delas testemunhos sedimentares com auxílio de um amostrador desenvolvido nesta pesquisa. As técnicas e os procedimentos adotados na pesquisa envolveram a análise das fases mineralógicas por Difração de Raios-X, determinação da composição química total por Fluorescência de Raios-X, análise granulométrica por difração laser e pelo método da pipeta, além da determinação do conteúdo de matéria orgânica, datação dos sedimentos por 210Pb e quantificação dos metais pesados Ni, Cu, Pb e Zn por espectrometria de emissão ótica ICP-OES. A composição mineralógica dos sedimentos marcada pela ocorrência de quartzos, feldspatos e micas em todas as camadas sedimentares reflete a forte influência do arcabouço geológico regional, onde os arenitos arcoseanos da Formação Três Marias (Grupo Bambuí) representam a principal fonte de sedimentos. Os elementos maiores encontrados pela Fluorescência de Raios-X são concordantes com as fases minerais e indicam predominância dos elementos Si, Al, Fe, K e Ti. Já os elementos traços totais apresentaram comportamento e concentrações bastante variáveis com tendências de enriquecimento nas camadas sedimentares de topo, sendo indicativo de contribuições antropogênicas. Os resultados da granulometria laser indicaram uma estratigrafia dominada por sedimentos argilo-siltosos no topo dos testemunhos. No entanto, camadas arenosas intercaladas por sedimentos finos, formando contatos abruptos em profundidades superiores a 180 cm sugerem uma hidrodinâmica marcada por pulsos de inundações pretéritas que promoveram rompimentos dos diques marginais. Os resultados analíticos do 210Pb indicaram uma taxa de sedimentação de 0,2cm/ano, que permitiu avaliar o efeito das atividades antrópicas nos últimos 100 anos. O histórico de contaminação por metais na área de estudo abrangeu um período de 50 anos, entre 1965 e 2015. Neste período, observou-se que as atividades antropogênicas, principalmente as agrícolas, vêm contribuindo para a supressão da vegetação nativa e para o aumento do conteúdo de matéria orgânica, além de introduzirem concentrações crescentes de metais pesados nas lagoas marginais. Os dados geocronológicos e as concentrações de metais pesados indicaram que, nos últimos 50 anos, à medida que o cerrado foi substituído pelas monoculturas de eucaliptos, pinus, soja, café e outros cultivos, foram incorporadas aos sedimentos 76,60 toneladas de Cu, 227,97 de Pb e 474,14 de Zn.