Avaliação da introdução de cal hidratada nas argamassas aplicadas sobre blocos cerâmicos e sua influência no desempenho e morfologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Giuliano Polito
Orientador(a): Antonio Neves de Carvalho Junior
Banca de defesa: Abdias Magalhaes Gomes, Paulo Roberto Gomes Brandao
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Cal
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/ISMS-7LSNYL
Resumo: Este trabalho investiga a resistência de aderência de revestimentos argamassados sobre a alvenaria de blocos cerâmicos, concentrando-se na análise da microestrutura da interface argamassa/substrato, correlacionando-se ao comportamento mecânico da argamassa e à adição de cal hidratada na argamassa. Neste estudo foram avaliados cinco traços distintos, composto de cimento:cal:areia (1:0:6; 1:1:6; 1:2:8; 1:2:10; 0:1:6), aplicados sobre substrato de bloco cerâmico seco, com a utilização de técnicas de preparação e aplicação comuns em canteiros de obra. Para a análise foi utilizada a técnica de microscopia eletrônica de varredura com microanalisador EDS (MEV-EDS), a fim de identificar os principais produtos de hidratação presentes na interface. A análise por espectrometria de fluorescência de raios-X (FRX) foi utilizada para verificar a profundidade de penetração dos produtos de hidratação, além de ensaios de caracterização da argamassa nos estados plástico e endurecido. Os resultados dos estudos microestruturais demonstraram indícios de que a principal fase responsável pela resistência de aderência entre a argamassa e o bloco cerâmico é a etringita. Esta aderência se dá pelo intertravamento dos cristais e pela penetração dos mesmos no interior dos poros do substrato. Foram visualizados cristais de etringita formados no interior dos poros do substrato até uma profundidade de até 500µm. Esta penetração foi confirmada através da observação das variações nas concentrações de elementos químicos, em função da profundidade, utilizando-se a técnica de FRX. Não se observou nenhuma relação direta entre a profundidade de penetração do cálcio e a resistência de aderência. A profundidade e a quantidade de penetração do cálcio estão relacionadas à quantidade de aglomerantes, ou seja, cimento e/ou cal. Foram verificadas diferentes morfologias dos produtos de hidratação dos aglomerantes. Os cristais observados na interface são mais bem formados (euédricos) e maiores do que no restante da matriz e possuem uma orientação preferencial perpendicular à superfície do bloco. Nesta região a presença de etringita é preponderante e, em menores concentrações, o CSH (silicato de cálcio hidratado) e a calcita. Este fato se deve à maior mobilidade dos íons sulfato, alumínio e cálcio durante a hidratação do cimento e à proximidade ao substrato poroso, que proporciona a sucção do fluido contendo estes íons para o seu interior. Observou-se também diferentes morfologias para os cristais de etringita nos diversos traços utilizados, causada provavelmente pela variação do teor de cal e de aglomerante na argamassa. A variação da cal também influenciou na extensão de aderência e no adensamento da argamassa, afetando desta maneira os valores de resistência e a forma de ruptura. Nos ensaios de arrancamento foi observado que após a ruptura da argamassa, uma fina camada permanece aderida ao tijolo, visível a olho nu, denotando que a ruptura ocorreu pela falta de coesão da argamassa próxima à interface, afastada cerca de 200 µm. Este comportamento deixa a entender que o rompimento não ocorreu na faixa rica em etringita, e sim no interior da camada de argamassa, bem próxima à superfície de contato.
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A análise por espectrometria de fluorescência de raios-X (FRX) foi utilizada para verificar a profundidade de penetração dos produtos de hidratação, além de ensaios de caracterização da argamassa nos estados plástico e endurecido. Os resultados dos estudos microestruturais demonstraram indícios de que a principal fase responsável pela resistência de aderência entre a argamassa e o bloco cerâmico é a etringita. Esta aderência se dá pelo intertravamento dos cristais e pela penetração dos mesmos no interior dos poros do substrato. Foram visualizados cristais de etringita formados no interior dos poros do substrato até uma profundidade de até 500µm. Esta penetração foi confirmada através da observação das variações nas concentrações de elementos químicos, em função da profundidade, utilizando-se a técnica de FRX. Não se observou nenhuma relação direta entre a profundidade de penetração do cálcio e a resistência de aderência. A profundidade e a quantidade de penetração do cálcio estão relacionadas à quantidade de aglomerantes, ou seja, cimento e/ou cal. Foram verificadas diferentes morfologias dos produtos de hidratação dos aglomerantes. Os cristais observados na interface são mais bem formados (euédricos) e maiores do que no restante da matriz e possuem uma orientação preferencial perpendicular à superfície do bloco. Nesta região a presença de etringita é preponderante e, em menores concentrações, o CSH (silicato de cálcio hidratado) e a calcita. Este fato se deve à maior mobilidade dos íons sulfato, alumínio e cálcio durante a hidratação do cimento e à proximidade ao substrato poroso, que proporciona a sucção do fluido contendo estes íons para o seu interior. Observou-se também diferentes morfologias para os cristais de etringita nos diversos traços utilizados, causada provavelmente pela variação do teor de cal e de aglomerante na argamassa. A variação da cal também influenciou na extensão de aderência e no adensamento da argamassa, afetando desta maneira os valores de resistência e a forma de ruptura. Nos ensaios de arrancamento foi observado que após a ruptura da argamassa, uma fina camada permanece aderida ao tijolo, visível a olho nu, denotando que a ruptura ocorreu pela falta de coesão da argamassa próxima à interface, afastada cerca de 200 µm. Este comportamento deixa a entender que o rompimento não ocorreu na faixa rica em etringita, e sim no interior da camada de argamassa, bem próxima à superfície de contato.This work aims to investigate the bond strength of the finishing coat of mortar applied onto a ceramic block (brick) masonry, focusing on the analysis of the microstructure of the mortar/substrate interface, correlating to mechanical behavior of the mortar and the addition of hydrated lime in the mortar. Five distinct mortar types applied on the dry ceramic block substrate were assessed, using techniques for preparation and implementing, which are common at the construction site. The study was carried out using the scanning electron microscope with EDS microanalyzer (SEM-EDS), in order to identify the main hydration products present at the interface. Also, X-ray fluorescence spectrometry (XRF) was used to verify the depth of penetration of the hydration products, moreover analysis of characterization of the mortar in hard and plastic form. The results showed evidence that the main phase responsible for the bond strength between the plaster and the ceramic block is etringite. The adherence occurs by the interlocking of etringite crystals and their penetration within the pores of the substrate, which were observed inside these pores until a depth of 500µm. This penetration was confirmed by the variations in the concentrations of related chemical elements, depending on depth, by the XRF technique. It wasnt observed any direct relation between the calcium penetration depth and the bond strength. The depth and calcium penetration quantity is related to the binders quantity, inother words, ciment and/or lime. Different morphologies of the hydration products of the binders have been observed. The crystals formed at the interface are more euhedral and larger than the rest of the matrix and have a preferential orientation, perpendicular to the surface of the block. In this region, the presence of etringite is predominant and, in lower concentrations, there is also CSH (calcium silicate hydrate) and calcite. This is due to the increased mobility of sulfate, calcium and aluminum ions during the cement hydration and the proximity to the porous substrate, which provides the suction of the ions-bearing fluid to its interior. Different morphologies of the etringite crystals were also observed for the various mortar types used, probably caused by the variation of the contents of lime and binder in the mortar. The lime variation also influenced the mortar bond extension and thickness, in this way, affecting the strength values and rupture type (form). It was observed in the dig up tests that, after the rupture of the mortar, a thin later remains bonded to the brick, seen at naked eye, showing that the rupture happened due to the consistency lack of the mortar close to the interface, around 200µm far. This behavior makes clear that the rupture didnt occur along the range full of etringita, but within the mortar layer, near the contact surface.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEngenharia civilArgamassaConstrução civilMaterial ceramicoCalMaterial cerâmicoArgamassaMicroestruturaConstrução civilCalAvaliação da introdução de cal hidratada nas argamassas aplicadas sobre blocos cerâmicos e sua influência no desempenho e morfologiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALvers_o_final___giulliano_polito.pdfapplication/pdf5669741https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ISMS-7LSNYL/1/vers_o_final___giulliano_polito.pdfa8f17d26c8ffd4ffc0372f947c479ee5MD51TEXTvers_o_final___giulliano_polito.pdf.txtvers_o_final___giulliano_polito.pdf.txtExtracted texttext/plain287103https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ISMS-7LSNYL/2/vers_o_final___giulliano_polito.pdf.txta9a6556478e716fb852a8ca97f85ccf3MD521843/ISMS-7LSNYL2019-11-14 20:30:29.04oai:repositorio.ufmg.br:1843/ISMS-7LSNYLRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T23:30:29Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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