Desfechos clínicos da tuberculose utilizando o esquema com dose fixa combinada em Contagem, Minas Gerais

• Ano de defesa: 2015
• Autor(a) principal: Ana Maria Viegas
• Orientador(a): Wania da Silva Carvalho
• Banca de defesa: Marina Guimaraes Lima
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Palavras-chave em Português: Antimicrobianos; Compreensão; Tuberculose
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B2ZPJX

A tuberculose demanda estratégias para o enfrentamento do seu controle. Em 2009, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose recomendou comprimidos em Dose Fixa Combinada. Há poucos estudos após a introdução do novo esquema com Dose Fixa Combinada, portanto é importante conhecer quais os fatores podem influenciar para o desfecho no tratamento da tuberculose. O objetivo do estudo foi avaliar os desfechos clínicos do tratamento da tuberculose após a introdução do esquema com Dose Fixa Combinada em Contagem. O estudo foi uma coorte prospectiva, constituído por todos os pacientes com diagnóstico de tuberculose (casos novos), atendidos em Unidades Básicas, em Contagem, Minas Gerais, (n=83), maiores de 18 anos, e excluídos casos de retratamentos, tratados fora da unidade básica ou em outro município e pacientes que não finalizaram o tratamento antes do término do estudo. Os dados foram coletados por meio de três entrevistas, ocorridas no final do primeiro mês, final do segundo mês e final do sexto mês, para avaliar características sociodemograficas (sexo, idade, escolaridade) e econômicas (renda), comportamentais (drogas ilícitas e tabagismo), características clínicas (comorbidades), tratamento diretamente observado e alcoolismo. Além das características relacionadas ao tratamento farmacológico (adesão, compreensão, tratamento diretamente observado e perfil farmacoterapêutico). A magnitude da associação foi estimada por meio do odds ratio. Para todas as análises realizadas o nível de significância considerado foi de p 0,05 e IC 95%. Foram ajustadas as variáveis para modelo de regressão logística univariada controlada pelo momento do abandono entre a primeira e segunda entrevista. As variáveis com valores de p igual ou menor que 0,20 no teste de Wald, na análise univariada, foram selecionadas manualmente para iniciar o modelo da análise multivariada com procedimento passo a passo com seleção para trás. A análise multivariada foi utilizada para avaliar a associação entre as variáveis explicativas e a variável resposta do desfecho: cura e abandono. Foi realizado teste de ajuste do modelo de Hosmer & Lemeshow. Neste caso, para demonstrar que o modelo foi aceito, a hipótese nula deve ser aceita, ou seja, o valor de p>0,05. A cura foi de 77,1% (64/83), o abandono de 20,5% (17/83) e não ocorreram casos de falência ou óbito. A frequência da adesão ao tratamento foi alta (71,1%). O nível de compreensão do tratamento foi insuficiente para a maioria dos pacientes 60/83 (72,3%). Quanto maior o número de medicamentos em uso aumenta exponencialmente a chance de abandono (OR 1,72). Os pacientes da raça parda, alcoolistas e que vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida tiveram associação significativa com o abandono (p=0,039, p=0,002 e p=0,001, respectivamente). A compreensão também apresentou associação significativa com o abandono com (p=0,01 e OR 5,76e IC 1,49-22,29). A chance de abandono nos primeiros meses foi maior do que nos meses seguintes. Esse estudo demonstra que se os pacientes com tuberculose tivessem compreendido o tratamento, os resultados poderiam ser mais favoráveis em relação à cura.