As práticas de saúde no MST do Vale Do Rio Doce, MG: normas e valores na atividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Bianca Rückert
Orientador(a): Antonia Vitoria Soares Aranha
Banca de defesa: Eliana Aparecida Villa, Daisy Moreira Cunha
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8ZLQ8V
Resumo: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil constitui um dos movimentos sociais mais expressivos de luta pela terra e por reforma agrária em todo o mundo. Compreendendo a luta pela reforma agrária numa perspectiva mais ampla do que o acesso à terra, o MST busca desenvolver práticas de saúde condizentes com seus ideais de vida no campo. Esta pesquisa objetivou investigar as práticas de saúde desenvolvidas em assentamentos e acampamentos do MST na região do Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, um estudo de caso, cujas técnicas de investigação utilizadas foram entrevista de grupo focal, observação participante e entrevista semi-estruturada. Adotou-se como referencial teórico a Ergologia, que analisa o trabalho como um processo no qual se inscrevem debates de normas e valores que, por sua vez, conferem ao mesmo a constante capacidade de instituição de novas normas ao meio. Para o desenvolvimento desta pesquisa, partiu-se de um ideal de saúde do MST (normas antecedentes) e buscou-se identificar práticas condizentes com esse ideal. Nesse sentido, as atividades investigadas foram: atividade agrícola agroecológica, atividade docente, envolvendo ações de saúde e ambiente, e atividade do cuidado, desenvolvida por um coletivo de mulheres. Tais práticas foram investigadas com o objetivo de identificar o debate de normas e valores e possíveis renormalizações que se inscrevem no âmbito da atividade, para o qual se contou com o aporte teórico da Saúde Coletiva. Os resultados da análise evidenciaram a circulação de valores relacionados: à saúde, como resultado de melhores condições de vida e trabalho para o campo; ao direito à saúde; à luta pela reforma agrária e pela transformação da sociedade; à valorização das técnicas e dos saberes populares no âmbito da agroecologia e da saúde; à promoção da autonomia dos sujeitos diante do modelo capitalista de desenvolvimento para o campo, da indústria alimentícia e do complexo médico-industrial; ao cuidado com a vida e com a natureza; e à solidariedade. Percebeu-se, assim, certa renormalização das normas biomédicas nas atividades pesquisadas e, em alguma medida, a incorporação do projeto/herança da saúde do MST. Essa capacidade de renormalização da atividade mostra-se mais potente à medida que atinge os coletivos, evidenciando que a instauração de novas normas de saúde no MST passa pela organização política dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária e por sua própria via organizativa. Como movimento social, o MST propõe para si normas próprias; mostra que a saúde não pode ser ofertada por valores de mercado; e evidencia uma estreita relação entre a saúde e a reforma agrária, e vice-versa. Ressalta-se a importância de o MST continuar sistematizando experiências e elaborando referências que sirvam como orientadores das práticas de saúde, no sentido normativo da atividade.
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Adotou-se como referencial teórico a Ergologia, que analisa o trabalho como um processo no qual se inscrevem debates de normas e valores que, por sua vez, conferem ao mesmo a constante capacidade de instituição de novas normas ao meio. Para o desenvolvimento desta pesquisa, partiu-se de um ideal de saúde do MST (normas antecedentes) e buscou-se identificar práticas condizentes com esse ideal. Nesse sentido, as atividades investigadas foram: atividade agrícola agroecológica, atividade docente, envolvendo ações de saúde e ambiente, e atividade do cuidado, desenvolvida por um coletivo de mulheres. Tais práticas foram investigadas com o objetivo de identificar o debate de normas e valores e possíveis renormalizações que se inscrevem no âmbito da atividade, para o qual se contou com o aporte teórico da Saúde Coletiva. Os resultados da análise evidenciaram a circulação de valores relacionados: à saúde, como resultado de melhores condições de vida e trabalho para o campo; ao direito à saúde; à luta pela reforma agrária e pela transformação da sociedade; à valorização das técnicas e dos saberes populares no âmbito da agroecologia e da saúde; à promoção da autonomia dos sujeitos diante do modelo capitalista de desenvolvimento para o campo, da indústria alimentícia e do complexo médico-industrial; ao cuidado com a vida e com a natureza; e à solidariedade. Percebeu-se, assim, certa renormalização das normas biomédicas nas atividades pesquisadas e, em alguma medida, a incorporação do projeto/herança da saúde do MST. Essa capacidade de renormalização da atividade mostra-se mais potente à medida que atinge os coletivos, evidenciando que a instauração de novas normas de saúde no MST passa pela organização política dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária e por sua própria via organizativa. Como movimento social, o MST propõe para si normas próprias; mostra que a saúde não pode ser ofertada por valores de mercado; e evidencia uma estreita relação entre a saúde e a reforma agrária, e vice-versa. Ressalta-se a importância de o MST continuar sistematizando experiências e elaborando referências que sirvam como orientadores das práticas de saúde, no sentido normativo da atividade.The Landless Rural Workers Movement (MST) of Brazil is one of the most significant social movements that struggle for land and worldwide agrarian reform. Understanding the struggle for agrarian reform in a broader perspective than land distribution, the MST demands to develop health practices consistent with its ideals of country life. In this way, this research aimed to investigate health practices developed in MST settlements and camps, situated in the region of the Rio Doce Valley, in Minas Gerais. This is a qualitative research, a case study, and the investigative techniques used were focus group, participant observation and semi-structured interview. It was adopted as a theoretical reference the Ergology, which analyzes the work as a process that enrolls dialogues about norms and values which, in turn, confer the same capacity to institute norms and values to the environment. For the development of this study we started from an ideal health conception of MST (antecedent norms), looking for identify the practices that were consistent with this ideal. About this, were investigated the activities: agroecological farming, teaching, actions involving health and environment, care, all of them developed by a women's collective. Such practices were investigated in order to identify the debate of values and norms and possible renormalizations that we found in activity theory esfere, for this we also used the theoretical support of Public Health. The results showed the movement of related values: health, as a result of better conditions of life and work in the field, the right to the health, the struggle for agrarian reform and the transformation of society, the appreciation of popular techniques and popular knowledge about the agroecology and the health; the promoting of individuals autonomy before the capitalist model of development for the field, of food industry and of the medical-industrial complex; the care about life and nature, and the solidarity. It was noted certain renormalization of biomedical norms in the activities that we studied and, in some extent, the incorporation of the project/inheritance of MST health. This ability of renormalization activity seems more powerful as they reach the collectives, showing that the introduction of new norms of health in MST goes through political organization of the camps and the settlements and on its own organizative way. As a social movement, the MST proposes norms for your own; shows that health can not be offered by market values, and shows the close relationship between health and land reform, mutually. We stress the importance that the MST continues to systematizing experiences and elaborating references that can serve as guiding health practices, in the normative sense of the activity.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducaçãoSaude  Aspectos sociaisNormas e valores na atividadePráticas de saúdeRenormalização das normas biomédicasMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem TerraAs práticas de saúde no MST do Vale Do Rio Doce, MG: normas e valores na atividadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdissertacao_bianca_ruckert.pdfapplication/pdf2159429https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8ZLQ8V/1/dissertacao_bianca_ruckert.pdf2a8baea5d527d6362e01554476fed33cMD51TEXTdissertacao_bianca_ruckert.pdf.txtdissertacao_bianca_ruckert.pdf.txtExtracted texttext/plain421898https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8ZLQ8V/2/dissertacao_bianca_ruckert.pdf.txt62a13f173878184f870086224f0ba5acMD521843/BUOS-8ZLQ8V2019-11-14 04:24:24.74oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-8ZLQ8VRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:24:24Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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