O processo de intervenção social do turismo na Serra do Ibitipoca (MG): Simultâneo e desigual, dilema camponês no "Paraíso do Capital"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Bruno Pereira Bedim
Orientador(a): Maria Aparecida dos S Tubaldini
Banca de defesa: Bernardo Machado Gontijo, Heber Eustáquio de Paula, Jacob Binsztok
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/MPBB-7MDM8U
Resumo: Considerando a trajetória histórico-social de criação e uso público do Parque Estadual do Ibitipoca (MG), a pesquisa discute a subseqüente apropriação de seu entorno pelo turismo enfocando o movimento processual de transformação das condições materiais de existência humana na Serra de Ibitipoca. Os aspectos discutidos estão ligados à reestruturação da esfera produtiva, ao aumento da complexidade da vida social com o advento do turismo e à análise das características atuais como resultado de processos sincrônicos e diacrônicos de produção do espaço analisado. Demonstra-se com a perspectiva conservacionista do órgão gestor do parque (IEF/MG) contrasta com os dilemas socioambientais do campesinato de seu entorno, produzindo discrepâncias no próprio processo histórico e social desenvolvido localmente. O tema central foca ainda a idéia de simultaneidade e desigualdade inerente às interações entre forças produtivas e relações de produção identificadas a partir de dados empíricos coletados no entorno do Paque. Tem-se o campesinato de Ibitipoca enquanto grupo humano que se organiza para atingir a produção dos seus meios de vida, cuja margem de lazer e ócio contrasta com os usos e os sentidos do tempo inerentes à lógica produtiva incorporada pelo turismo. Num contexto em que a racionalidade do turismo passa a conduzir o processo econômico na Serra do Ibitipoca, as outras formas de produção e de vida tendem a ser desqualificadas. O mercado de trabalho então se afirma como equalizador dos conflitos sociais à medida que o poder político é redistribuído no processo. Sob as rubricas do ecologicamente correto, tem-se o caráter mimético assumido pela renda da terra mediante a inauguração de novas modalidades de uso e ocupação do solo no entorno de Unidades de Conservação. Não obstante, a transição dos critérios de valorização da terra suscita a humanização da natureza via a desumanização do homem. Coisificado pelos artifícios do capital que transformam a si próprio e o seu lugat em reles mercadoria a ser fotografada e vendida aos turistas urbanos, o camponês resiste e/ou se conforma mediante o processo que lhe espreita. Empurrado para os bastidores da vida social, estabelece novas estratégias de enfrentamento das circunstâncias de vida no entorno do parque. O ethos da terra (re) constrói assim o espaço de sua própria diferença: o compartimento de um outro tempo que se faz presente; a enunciação dos enigmas de um futuro incerto pois envolto pelos cercos e desafios a um modo de vida confrontado pelos movimentos mais amplos de expansão do capital. O turismo em Ibitipoca enuncia assim uma complexa transição entre o primário e o terciário que mantém traços diacrônicos do modo de vida camponês como algo funcional à reprodução do capital. A Ibitipoca atual teima em extrapolar os seus limites, articulando suas reminiscências e seus acréscimos, suas desigualdades e suas próprias contradições.
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