Letramentos como atividades humanas: uma investigação sobre a construção de sentidos e significados

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Kelly Jessie Queiroz Penafiel
• Orientador(a): Maria de Fátima Cardoso Gomes
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
• Departamento: FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Teoria Histórico-Cultural; Etnografia em educação; Educação infantil; Letramentos; Vivências; Atividade humana
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/58403

Esta tese teve como objetivo investigar a atribuição de sentidos e significados construídos por um grupo de crianças de três anos aos letramentos no contexto de uma Escola Municipal de Educação Infantil de Belo Horizonte, de 2017 a 2019. Adotou-se a pesquisa qualitativa, fundamentando-se nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural e da Etnografia em Educação. Optou-se pelo Método da Unidade de Análise de Vigotski e pelo conceito de Vivência (Perejivanie). O construto teórico-metodológico afeto-cognição social situada-culturas-linguagens em uso (ACCL) sustentou a Unidade de Análise, Vivências/Letramentos. Partiu-se desta unidade como base de sustentação para analisar os eventos e compreender os significados e sentidos construídos por Lúcia e Larissa – casos expressivos etnográficos – em suas vivências de letramentos no contexto do berçário e da sala de atividades. A construção do material empírico se deu por meio do contato com o Acervo do Programa de Pesquisa longitudinal Infância e escolarização que conta com quase 900 horas de filmagens, notas de campo padronizadas e fotografias, registradas por meio da observação participante de uma turma de 12 bebês durante os anos de 2017, 2018 e 2019. A partir dos registros do acervo, identificaram-se 68 eventos de letramentos em 2017; 107, em 2018; e 158, em 2019. Pautando-se nesses eventos, construíram-se mapas, que elegessem os casos expressivos de Lúcia e Larissa, os quais permitiram observar que as vivências de cada uma no berçário, na sala de atividades de um e dois anos, foram marcadas por diferentes possibilidades de (con)vivência com os colegas, as professoras, auxiliares e com as pesquisadoras. Diversos letramentos estiveram presentes na turma: literário, musical, digital, escolar, acadêmico. Considerou-se, assim que a unidade dialética Vivências/Letramentos se mostrou propícia para a compreensão dos sentidos e significados dos eventos de letramentos selecionados. Considerou-se também que, durante os três anos, o que contou como letramentos se foi transformando qualitativamente ao longo do tempo e dos eventos quando as atribuições de sentidos e significados de Lúcia, Larissa, de seus colegas e professoras se entrelaçaram na relação dialética entre o individual e o coletivo à medida que transformaram significados sociais em sentidos pessoais. Defende-se que tais significações permitem compreender o humano como social, inserido na cultura, e construir a cultura por meio das emoções e das linguagens em uso. Defende-se, ainda, a necessidade de questionar o uso das palavras alfabetização e letramento para discutir os letramentos. Sustenta-se que os letramentos são atividades humanas situadas. A escolha pela palavra Letramentos não se limita a uma opção terminológica, mas representa colocar o humano, as pessoas, no centro das práticas. Humanizar os letramentos envolve o tempo histórico, as culturas e o conhecimento de quem são as pessoas.