Geoquímica das FFB, chert ferruginosos e rochas vulcânicas do depósito aurífero arqueano de Lamego: modelo deposicional e implicações para metalogênese e contexto geotectônico do greenstone belt Rio das Velhas

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Vinícius Nogueira Duarte
• Orientador(a): Lydia Maria Lobato
• Banca de defesa: Simone Cerqueira Pereira Cruz, Alexandre Uhlein
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia
• Departamento: IGC - INSTITUTO DE GEOCIENCIAS
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Formação ferrífera bandada; Elementos terras-raras; Vulcânicas máficas; Arqueano; Greenstone belt Rio das Velhas; Mineralização Aurífera
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/46824

Formações ferríferas bandadas e chert ferruginosos metamorfizados hospedam a mineralização aurífera no depósito de ouro orogênico de Lamego, o qual está inserido no contexto do greenstone belt Neoarqueano Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero. Esses sedimentos químicos são classificados como FFB do tipo Algoma e ocorrem em uma associação típica de rochas de fundo marinho: vulcânicas máficas a intermediárias, FFB e pelito carbonoso. Com um teor médio de Fe2O3 relativamente baixo, essas rochas estão próximas ao limite de 15% que distingue FFB e chert ferruginosos. O mineral de ferro dominante é a siderita de granulação fina, a qual é considerada a fase primária, geralmente manchada com inclusões de matéria carbonosa. Ankerita é subordinada, tanto primária quanto hidrotermal, enquanto magnetita e stilplomelano ocorrem localmente e são secundárias. Ambos FFB e chert não apresentam variações geoquímicas e mineralógicas que poderiam influenciar de maneira direta na mineralização aurífera, por exemplo facilitando a precipitação de sulfetos durante a passagem do fluido hidrotermal. A geoquímica e os padrões de elementos terras-raras (ETR) indicam sedimentação em um ambiente marinho com contribuições hidrógena, de fluido hidrotermal vulcanogênico de alta temperatura e detrítica. Entre as principais características dos padrões normalizados ao PAAS estão: anomalias positivas de La, Eu e Ce; enriquecimento relativo dos ETR pesados em relação aos leves e intermediários; valores condríticos a supercondríticos para a razão Y/Ho. As rochas vulcânicas da base da sequência estratigráfica de Lamego variam de basaltos a basaltos andesíticos/andesitos, com uma assinatura cálcio-alcalina definida pela razão La/Sm > 3. Essa composição é similar às das rochas vulcânicas basais do depósito world-class Cuiabá, localizado a 5km a NE, onde essas rochas são hospedeiras para veios mineralizados em zonas de cisalhamento. As anomalias negativas de Nb e Ta identificadas no diagrama multielementar normalizado ao manto primitivo indicam que elas estão associadas a basaltos de arco continental. Os resultados geoquímicos sugerem que as rochas de Lamego estão associadas a um ambiente marinho sob a influência do arco continental, provavelmente relacionado ao evento Rio das Velhas II (2800 – 2760 Ma). Alternativamente, alguns autores sugerem a deposição das FFB em bacias restritas. No caso de Lamego, essa hipótese é sustentada pela existência de amostras com razões Y/Ho abaixo de valores condríticos. Os resultados apresentados expandem ainda o horizonte exploratório do greenstone belt Rio das Velhas, uma vez que corrobora o caráter fortemente epigenético do evento hidrotermal responsável pela mineralização aurífera, o qual se sobrepôs a praticamente toda a sequência volcanossedimentar do greenstone.