Práticas de letramento e pessoalidades em um curso de pré-vestibular popular: um estudo de caso

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Andreza Barroso Gonçalves
• Orientador(a): Maria Lucia Castanheira
• Banca de defesa: Luanda Rejane Soares Sito, Maria de Lourdes Santos Ferreira, Gláucia Maria dos Santos Jorge, Gilcinei Teodoro Carvalho, Raquel Aparecida Soares Reis Franco, Juliana Silva Santos
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
• Departamento: FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Práticas de letramento; Eventos de letramento; Pessoalidades; Relações étnico-raciais
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/58491

Neste estudo de caso são examinadas as relações entre práticas de letramento e pessoalidades construídas por participantes (estudantes, coordenadores e professores) de um curso pré-vestibular popular que integra a rede Educafro Minas: o núcleo Educafro Aimorés. Buscou-se responder as seguintes questões: como as práticas de letramento são construídas pelos participantes no espaço social observado? O que é ser um estudante da Educafro? Como um estudante da Educafro é preparado para a realização do Enem? Como questões identitárias e de pessoalidades foram tomadas como possibilidades de os coordenadores, professores e estudantes do núcleo refletirem sobre quem são em suas participações nos eventos de letramento? Para tanto, foi considerado o aporte teórico do letramento como prática social (LPS) (STREET, 1984, 2017), os conceitos e modelos teóricos de letramento autônomo e ideológico, eventos de letramento (HEATH, 1982; STREET, 2000; 2012), práticas de letramento (STREET,1995-2014), letramentos acadêmicos (LEA; STREET, 1998; LILLIS; SCOTT, 2007), e, ainda, o conceito de pessoalidades (EGAN-ROBERTSON, 1998; BLOOME et al., 2005; STREET, 2007), que neste trabalho, também foi pensado a partir da ideia de possibilidades de ser, estar e agir no mundo. A lógica de investigação adotada foi construída a partir de uma perspectiva etnográfica (GREEN, DIXON, ZAHARLIC, 2007; BLOOME, 2012). A construção dos dados foi desenvolvida por meio de observação participante, envolvendo graus variados de participação por parte da pesquisadora, ora como observadora, ora como professora em uma das disciplinas do núcleo. O banco de dados reúne registros em notas de campo, entrevistas (áudio) com professores e alunos, vídeo e áudio das aulas das seguintes disciplinas curriculares: redação, língua portuguesa e literatura, geografia humana e geografia física, biologia, física, matemática, história, espanhol, literatura, e da disciplina Negritude, cultura e cidadania (NCC), específica da rede Educafro Minas e representativa do Tripé de valores que guia as ações educativas dessa instituição. A partir da identificação de um rich point (AGAR, 1986, 1999), decidiu-se por analisar o que caracterizaria, na perspectiva dos participantes do núcleo Educafro Aimorés, pensar a educação de modo diferenciado. Foi tomado como ponto de partida analítico o evento de letramento, Aula Inaugural, que possibilitou o exame de outros três eventos: as primeiras aulas das disciplinas de física e língua portuguesa e literatura e a segunda aula de literatura. As análises desses eventos demonstraram, dentre outras coisas, como práticas de letramento e pessoalidades construídas nesse espaço articulam-se a temas culturais, como relações étnico-raciais, negritude, autogestão ou voluntariado de mão dupla, noção de espaço social. As diferentes práticas de letramento, as diferentes pessoalidades e as diferentes identidades observadas a partir do exame das interações entre os participantes no núcleo revelaram a natureza política, emancipatória, reivindicativa e afirmativa da Educafro, que tem educado as pessoas de maneira crítica, reflexiva e politizada, para além do preparo para o exame do Enem.