Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife
Ano de defesa: | 2009 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3291 |
Resumo: | O objetivo da dissertação é refletir sobre as implicações dos conflitos de interesses ocorridos no processo de governança democrática, durante a revisão do Plano Diretor do Recife (PDR). O Estatuto da Cidade obrigou diversos municípios do Brasil a elaborar o plano diretor, principal instrumento de planejamento e gestão urbana, de acordo com o preceito constitucional de gestão democrática, ou seja, com a participação de diversos segmentos da sociedade. Com isso, inaugurou um novo paradigma, no qual, o caráter político do planejamento é assumido de maneira explícita e o urbano é reconhecido como espaço onde se defrontam interesses divergentes. Em uma sociedade capitalista marcada por profunda desigualdade social e antagonismo de classe, quanto mais democráticas forem as experiências participativas mais evidentes ficarão os antagonismos entre interesses dos movimentos sociais e do mercado imobiliário. Diante destes antagonismos, a administração municipal sofre pressões para mediar em prol dos interesses de um ou outro. No modelo democrático, a governança definida como regime de ação pública caracterizado por diferentes padrões de interação entre Estado, sociedade civil e mercado, requer a pactuação de interesses divergentes, condições estas nem sempre bem sucedidas na acumulação urbana capitalista. O Estatuto dotou o país com o arcabouço legal para construção de cidades mais democráticas, mas os avanços na sua concretização dependem da vontade política do governo local e das relações que este guarda com atores econômicos e sociais. No caso do processo de revisão do PDR, a administração municipal instaurou um modelo de governança democrático, abriu espaço à participação de atores da sociedade civil e mercado, no entanto, não conseguiu pactuar uma proposta. A revisão foi coordenada pela administração municipal do prefeito João Paulo de Lima (PT), cuja eleição, em 2000, foi marcada pelo apoio dos setores dos movimentos sociais e com baixo envolvimento de setores econômicos, que em grande parte, apoiavam o candidato concorrente. A primeira gestão municipal teve um caráter progressista, pautado por um ideário de gestão democrática, representado pela implementação de arranjos institucionais participativos que permitiam a incorporação das demandas dos setores sociais na agenda pública. Assim, no início da revisão do PDR a administração dava indícios que estava inclinada a privilegiar os interesses da sociedade civil, garantiu inclusive, aos representantes deste segmento, um número maior de delegados na Conferência do Plano Diretor, espaço participativo onde seriam pactuadas as propostas do plano diretor. No entanto, já durante a primeira gestão, ocorreu uma mudança nas alianças políticas de sustentação à gestão, com a inserção de setores econômicos, como do mercado imobiliário. Estes, em 2004, apoiaram financeiramente a campanha à reeleição de João Paulo. A introdução de setores econômicos nas alianças políticas terminou por configurar interesses antagônicos aos dos movimentos sociais. Com isso, no final do processo de revisão do PDR a administração municipal decidiu modificar as propostas aprovadas na Conferência do Plano Diretor e encaminhar um substitutivo, que foi pactuado apenas com representantes do mercado imobiliário. Acredita-se que reside no realinhamento da correlação de forças e alianças políticas que apoiavam a administração municipal, as razões para o redirecionamento operado nas decisões tomadas na revisão do PDR |
id |
UFPE_575a2ebfd7a9a59d3df699489b035077 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufpe.br:123456789/3291 |
network_acronym_str |
UFPE |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFPE |
repository_id_str |
|
spelling |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do RecifePlano diretorGovernançaPlanejamento e gestão urbanaRelação Estado x sociedade civil x mercadoGestão municipalO objetivo da dissertação é refletir sobre as implicações dos conflitos de interesses ocorridos no processo de governança democrática, durante a revisão do Plano Diretor do Recife (PDR). O Estatuto da Cidade obrigou diversos municípios do Brasil a elaborar o plano diretor, principal instrumento de planejamento e gestão urbana, de acordo com o preceito constitucional de gestão democrática, ou seja, com a participação de diversos segmentos da sociedade. Com isso, inaugurou um novo paradigma, no qual, o caráter político do planejamento é assumido de maneira explícita e o urbano é reconhecido como espaço onde se defrontam interesses divergentes. Em uma sociedade capitalista marcada por profunda desigualdade social e antagonismo de classe, quanto mais democráticas forem as experiências participativas mais evidentes ficarão os antagonismos entre interesses dos movimentos sociais e do mercado imobiliário. Diante destes antagonismos, a administração municipal sofre pressões para mediar em prol dos interesses de um ou outro. No modelo democrático, a governança definida como regime de ação pública caracterizado por diferentes padrões de interação entre Estado, sociedade civil e mercado, requer a pactuação de interesses divergentes, condições estas nem sempre bem sucedidas na acumulação urbana capitalista. O Estatuto dotou o país com o arcabouço legal para construção de cidades mais democráticas, mas os avanços na sua concretização dependem da vontade política do governo local e das relações que este guarda com atores econômicos e sociais. No caso do processo de revisão do PDR, a administração municipal instaurou um modelo de governança democrático, abriu espaço à participação de atores da sociedade civil e mercado, no entanto, não conseguiu pactuar uma proposta. A revisão foi coordenada pela administração municipal do prefeito João Paulo de Lima (PT), cuja eleição, em 2000, foi marcada pelo apoio dos setores dos movimentos sociais e com baixo envolvimento de setores econômicos, que em grande parte, apoiavam o candidato concorrente. A primeira gestão municipal teve um caráter progressista, pautado por um ideário de gestão democrática, representado pela implementação de arranjos institucionais participativos que permitiam a incorporação das demandas dos setores sociais na agenda pública. Assim, no início da revisão do PDR a administração dava indícios que estava inclinada a privilegiar os interesses da sociedade civil, garantiu inclusive, aos representantes deste segmento, um número maior de delegados na Conferência do Plano Diretor, espaço participativo onde seriam pactuadas as propostas do plano diretor. No entanto, já durante a primeira gestão, ocorreu uma mudança nas alianças políticas de sustentação à gestão, com a inserção de setores econômicos, como do mercado imobiliário. Estes, em 2004, apoiaram financeiramente a campanha à reeleição de João Paulo. A introdução de setores econômicos nas alianças políticas terminou por configurar interesses antagônicos aos dos movimentos sociais. Com isso, no final do processo de revisão do PDR a administração municipal decidiu modificar as propostas aprovadas na Conferência do Plano Diretor e encaminhar um substitutivo, que foi pactuado apenas com representantes do mercado imobiliário. Acredita-se que reside no realinhamento da correlação de forças e alianças políticas que apoiavam a administração municipal, as razões para o redirecionamento operado nas decisões tomadas na revisão do PDRConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoUniversidade Federal de PernambucoLEAL, Suely Maria RibeiroSILVA, Renata Maciel Marinho2014-06-12T16:29:53Z2014-06-12T16:29:53Z2009-01-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfMaciel Marinho Silva, Renata; Maria Ribeiro Leal, Suely. Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife. 2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3291ark:/64986/0013000013n6xporAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPE2019-10-25T16:23:13Zoai:repositorio.ufpe.br:123456789/3291Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T16:23:13Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
title |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
spellingShingle |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife SILVA, Renata Maciel Marinho Plano diretor Governança Planejamento e gestão urbana Relação Estado x sociedade civil x mercado Gestão municipal |
title_short |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
title_full |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
title_fullStr |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
title_full_unstemmed |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
title_sort |
Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife |
author |
SILVA, Renata Maciel Marinho |
author_facet |
SILVA, Renata Maciel Marinho |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
LEAL, Suely Maria Ribeiro |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
SILVA, Renata Maciel Marinho |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Plano diretor Governança Planejamento e gestão urbana Relação Estado x sociedade civil x mercado Gestão municipal |
topic |
Plano diretor Governança Planejamento e gestão urbana Relação Estado x sociedade civil x mercado Gestão municipal |
description |
O objetivo da dissertação é refletir sobre as implicações dos conflitos de interesses ocorridos no processo de governança democrática, durante a revisão do Plano Diretor do Recife (PDR). O Estatuto da Cidade obrigou diversos municípios do Brasil a elaborar o plano diretor, principal instrumento de planejamento e gestão urbana, de acordo com o preceito constitucional de gestão democrática, ou seja, com a participação de diversos segmentos da sociedade. Com isso, inaugurou um novo paradigma, no qual, o caráter político do planejamento é assumido de maneira explícita e o urbano é reconhecido como espaço onde se defrontam interesses divergentes. Em uma sociedade capitalista marcada por profunda desigualdade social e antagonismo de classe, quanto mais democráticas forem as experiências participativas mais evidentes ficarão os antagonismos entre interesses dos movimentos sociais e do mercado imobiliário. Diante destes antagonismos, a administração municipal sofre pressões para mediar em prol dos interesses de um ou outro. No modelo democrático, a governança definida como regime de ação pública caracterizado por diferentes padrões de interação entre Estado, sociedade civil e mercado, requer a pactuação de interesses divergentes, condições estas nem sempre bem sucedidas na acumulação urbana capitalista. O Estatuto dotou o país com o arcabouço legal para construção de cidades mais democráticas, mas os avanços na sua concretização dependem da vontade política do governo local e das relações que este guarda com atores econômicos e sociais. No caso do processo de revisão do PDR, a administração municipal instaurou um modelo de governança democrático, abriu espaço à participação de atores da sociedade civil e mercado, no entanto, não conseguiu pactuar uma proposta. A revisão foi coordenada pela administração municipal do prefeito João Paulo de Lima (PT), cuja eleição, em 2000, foi marcada pelo apoio dos setores dos movimentos sociais e com baixo envolvimento de setores econômicos, que em grande parte, apoiavam o candidato concorrente. A primeira gestão municipal teve um caráter progressista, pautado por um ideário de gestão democrática, representado pela implementação de arranjos institucionais participativos que permitiam a incorporação das demandas dos setores sociais na agenda pública. Assim, no início da revisão do PDR a administração dava indícios que estava inclinada a privilegiar os interesses da sociedade civil, garantiu inclusive, aos representantes deste segmento, um número maior de delegados na Conferência do Plano Diretor, espaço participativo onde seriam pactuadas as propostas do plano diretor. No entanto, já durante a primeira gestão, ocorreu uma mudança nas alianças políticas de sustentação à gestão, com a inserção de setores econômicos, como do mercado imobiliário. Estes, em 2004, apoiaram financeiramente a campanha à reeleição de João Paulo. A introdução de setores econômicos nas alianças políticas terminou por configurar interesses antagônicos aos dos movimentos sociais. Com isso, no final do processo de revisão do PDR a administração municipal decidiu modificar as propostas aprovadas na Conferência do Plano Diretor e encaminhar um substitutivo, que foi pactuado apenas com representantes do mercado imobiliário. Acredita-se que reside no realinhamento da correlação de forças e alianças políticas que apoiavam a administração municipal, as razões para o redirecionamento operado nas decisões tomadas na revisão do PDR |
publishDate |
2009 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2009-01-31 2014-06-12T16:29:53Z 2014-06-12T16:29:53Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
Maciel Marinho Silva, Renata; Maria Ribeiro Leal, Suely. Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife. 2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3291 |
dc.identifier.dark.fl_str_mv |
ark:/64986/0013000013n6x |
identifier_str_mv |
Maciel Marinho Silva, Renata; Maria Ribeiro Leal, Suely. Plano Diretor Municipal: A governança no processo de revisão do Plano Diretor do Recife. 2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. ark:/64986/0013000013n6x |
url |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3291 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Pernambuco |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Pernambuco |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFPE instname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) instacron:UFPE |
instname_str |
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) |
instacron_str |
UFPE |
institution |
UFPE |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFPE |
collection |
Repositório Institucional da UFPE |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) |
repository.mail.fl_str_mv |
attena@ufpe.br |
_version_ |
1828525846084714496 |