Conhecimento e uso das plantas pelos Xokleng na TI Ibirama-Laklãnõ, Santa Catarina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Heineberg, Marian Ruth
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/129007
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, Florianópolis, 2014.
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spelling Conhecimento e uso das plantas pelos Xokleng na TI Ibirama-Laklãnõ, Santa CatarinaBiologia vegetalEtnobotanicaSanta CatarinaIndios XoklengUsos e costumesPlantas medicinaisSanta CatarinaPlantas cultivadasSanta CatarinaDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, Florianópolis, 2014.O escopo da etnobotânica envolve o estudo do uso das plantas em seu contexto social. O presente trabalho objetivou registrar o conhecimento e uso das plantas pelos Xokleng na TI (Terra Indígena) Ibirama Laklãnõ, na região do vale do Itajaí, estado de Santa Catarina. Os Xokleng pertencem à família linguística Jê, foram contatados em 1914 e restritos a uma reserva para evitar conflitos no processo de colonização da Região Sul. A partir de então passaram por diversas adaptações e mudanças em seu modo de vida. Atualmente esta população é a única remanescente dos Xokleng que vive ainda numa organização sociopolítica unitária, por isso sendo fundamental o registro e a valorização de seu conhecimento. A pesquisa foi realizada em duas das oito aldeias da TI, que possuem diferentes condições de altitude, clima e vegetação, e diferentes trajetórias históricas (aldeias Bugio e Sede). Após a obtenção da anuência prévia, foram realizadas 112 entrevistas com os adultos para registrar dados socioeconômicos e realizar uma listagem livre das plantas conhecidas e utilizadas. As plantas foram coletadas em turnês guiadas para identificação botânica. Foram registradas 314 plantas, utilizadas principalmente para alimentação (35%) e com fins medicinais (29%), mas também para artesanato (13%), construção (10%) ferramentas/utilitários (6%) uso simbólico (1%) e outros usos (3%). As principais partes das plantas por eles utilizadas são: caules (29%), seguidos pelas folhas (24%) e frutos (20%). As plantas mais citadas foram: batata doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.), laranja (Citrus sp.), eucalipto (Eucaliptus sp.), vara-de-cutia (E.grandiflora), aipim (Manihot esculenta Crantz,) salvação-da-senhora (Mollinedia spp.) e a gabiroba (Campomanesia xanthocarpa Mart. ex O. Berg. ). A maioria das plantas é espontânea (59%) e 41% é cultivada. Apesar da existência de atividades de obtenção de alimento praticadas pelas unidades familiares como cultivo de hortas, roças, coleta de plantas, caça e pesca, grande parte da renda das famílias é destinada à alimentação. Das plantas citadas: 77% são de uso atual, 15% são de uso passado e 8% são apenas conhecidas pelos informantes, mas não usadas. Na análise da distribuição do conhecimento os homens citaram mais plantas do que as mulheres, para as categorias construção, lenha e ferramentas/utilitários, as quais estão relacionadas à extração madeireira, o que se assemelha ao padrão encontrado para colonos de descendência europeia nessa mesma região. Não há correlação entre a distribuição do conhecimento e a idade, mas com base nos dados etnográficos foi possível perceber a influência das famílias que valorizam e praticam a cultura Xokleng no conhecimento individual. A transmissão do conhecimento, analisada para as categorias de uso medicinal e artesanato, mostrou-se centrada na família, ocorrendo principalmente entre gerações e durante a infância. As redes de transmissão evidenciam a posição central dos mais velhos, como núcleos irradiadores de conhecimento para suas famílias. Percebemos duas forças atuando sobre o conhecimento e a cultura Xokleng: de um lado a influência da sociedade não índia e do outro a resistência do povo Xokleng ao valorizar sua cultura. Apesar de todas as mudanças que a cultura Xokleng passou devido à influência da sociedade envolvente, percebe-se que eles ainda possuem uma forte ligação com seu território e os recursos naturais, pois conhecem e usam muitas plantas no seu dia a dia. Essa constatação somada à necessidade de garantir a sustentabilidade dos povos são motivos importantes para se discutir a ampliação das terras indígenas principalmente na região sul, onde elas são menores e onde as populações indígenas estão em crescimento. Finalmente, a partir dos dados registrados sobre as plantas conhecidas e usadas, e sob uma perspectiva de pensar a conservação através do uso, apontam-se algumas alternativas que possam ajudar na garantia de sustento das famílias Xokleng e na conservação ambiental da TI Ibirama Laklãnõ.<br>Abstract : The scope of ethnobotany research involves the study of the use of plants in their social context. The present study aimed to record the knowledge and use of plants by the Xokleng tribe in Indigenous Land Ibirama-Laklãnõ, in the Itajaí River Valley, in the state of Santa Catarina, Brazil. The Xokleng people, who belong to the Jê linguistic family, were contacted in 1914 and restricted to a designed area to avoid conflicts in the Southern Region colonization process. From then on they endured several adaptations and changes in their livelihood. Currently, this group is the only remaining Xokleng community that still lives in a unitary socio-political organization, therefore recording and valuing their knowledge is fundamental. The survey was conducted in two of the eight villages of the indigenous land, which have different conditions of altitude, climate and vegetation, in addition to different historical trajectories. After obtaining prior consent from the community leaders, 112 interviews were conducted with adults to register socioeconomic data and perform a free listing of known and used plants. Plants were collected during guided tours for further identification. A total of 314 plants were recorded, used primarily for food (35%) medicinal purposes (29%), handicrafts (13%), construction (10%) tools/utilities (6%) symbolic uses (1%) and other uses (3%). The main parts of the plants used by them are trunks (29%), followed by leaves (24%) and fruits (20%). The most mentioned plants were: sweet potatoe (Ipomoea batatas (L.) Lam.), orange (Citrus sp.), (Eucalyptus sp.), (E.grandiflora), (Manihot esculenta Crantz,) (Mollinedia spp.) and (Campomanesia xanthocarpa Mart. ex O. Berg. )Most plants grow spontaneously (59%) and 41% are cultivated. Despite the activities developed by the family units for obtaining food such as cultivating crops in gardens and small fields, collecting plants, hunting and fishing, much of their income is used for food. Among the mentioned plants, 77% are currently being used, 15% are from past use and 8% are only known by the participants, but not used. Analyzing knowledge distribution, men cited more plants than women, for construction, firewood, tools/utilities, categories related to logging, which resembles the pattern found for settlers of European descent in the same region. There is no correlation between the distribution of knowledge and age, but based on ethnographic data, it was possible to note the influence of families on individual knowledge, since people who demonstrated greater knowledge of the plants came from families where the Xokleng culture is valued and practiced. The analysis of the transmission of knowledge related to plants for medicinal and crafts use, proved it to be family-centered, intergenerational, and mostly occurring during childhood. The transmission-of-knowledge networks show the central position of the older generation as knowledge core transmitters for their families. Thus, we see two forces acting on the Xokleng knowledge and culture: on one hand the influence of the non-indigenous society and on the other, the strength of the Xokleng people determined to cherish their culture. Despite all changes the Xokleng culture went through due to the influences of the surrounding society, they still have a strong connection with their territory and natural resources, as they know and use plants in their daily lives. The above statement as well as the need to ensure the sustainability of indigenous people, leads to the serious discussion of expanding the Indigenous lands, mainly in the southern region of Brazil, where the lands are reduced and where indigenous populations are growing. Finally, from the data recorded on known and used plants, and from a perspective of thinking about conservation through sustainable use, some alternatives that can help ensuring livelihood of Xokleng families and the conservation of Indigenous Land Ibirama-Laklãnõ are pointed out.Hanazaki, NatáliaUniversidade Federal de Santa CatarinaHeineberg, Marian Ruth2015-02-05T20:35:24Z2015-02-05T20:35:24Z2014info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis[260] p.| il., grafs., tabs.application/pdf332299https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/129007porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2015-02-05T20:35:24Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/129007Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732015-02-05T20:35:24Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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