Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Queiroz, Lourenco Da Silva [UNIFESP]
Orientador(a): Fornazari, Sandro Kobol [UNIFESP]
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=8398787
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/59373
Resumo: Maio de 68 marcou profundamente o contexto político que mobilizou a criação de O anti-Édipo. Mais do que um evento histórico, no qual se pode entrever determinismos e causalidades, Deleuze e Guattari afirmam que Maio de 68 pertence à ordem de um acontecimento puro. Trata-se de um acontecimento político que abre um novo campo de possíveis, novas possibilidades de vida que implicam, por sua vez, uma mutação afetiva, uma nova perspectiva dos intoleráveis da vida social. No entanto, ante os aspectos que assumiram os eventos políticos pós-68, o diagnóstico dos autores era assertivo: o campo de possíveis foi continuamente fechado não apenas por forças reacionárias e fascistas, mas também pelas organizações ditas de esquerda. O desejo revolucionário das massas foi traído e reprimido também pelas organizações e os homens que supostamente as representavam. Mas por que as massas se deixaram reprimir e enganar? Por que foram contra seus próprios interesses e abortaram uma revolução que parecia iminente? Nesse horizonte, O anti-Édipo tem como ponto de partida e fio condutor a interrogação levantada por Espinosa: por que os homens são levados a lutar por sua servidão como se fosse por sua liberdade? A presente pesquisa busca cartografar as linhas que compõem o problema da servidão voluntária, desde sua formulação por La Boétie, no século XVI, passando por Espinosa e Reich, até chegar ao coração de O anti-Édipo, em que o problema se coloca em termos de uma servidão inconsciente. Nesse intento, procuramos deslindar como Deleuze e Guattari se situam para além do freudomarxismo, a fim de criar uma nova concepção de desejo inconsciente, que implica uma redefinição do materialismo a partir da categoria de produção desejante. Esta prospecção inicial permite mostrar como os autores constroem uma perspectiva sobre a servidão inconsciente, baseada numa crítica da economia político-libidinal das formações sociais. Crítica indissociável de uma sintomatologia dos coeficientes de afinidade entre os regimes desejante e social de uma única e mesma produção. A ramificação desse circuito conceitual enfatiza o papel do recalcamento originário e da montagem dos sistemas de repressão-recalcamento como operadores fundamentais para a problematização da servidão em O anti-Édipo. Por fim, procuramos esboçar alguns elementos da dimensão ético-política inerente ao programa crítico esquizoanalítico, no tocante ao combate à servidão inconsciente.
id UFSP_1103dc6b3b86986de30ac0974bcb6bb7
oai_identifier_str oai:repositorio.unifesp.br:11600/59373
network_acronym_str UFSP
network_name_str Repositório Institucional da UNIFESP
repository_id_str
spelling Queiroz, Lourenco Da Silva [UNIFESP]Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)Fornazari, Sandro Kobol [UNIFESP]2021-01-19T16:32:14Z2021-01-19T16:32:14Z2019-10-25https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=8398787https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/59373LOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdfMaio de 68 marcou profundamente o contexto político que mobilizou a criação de O anti-Édipo. Mais do que um evento histórico, no qual se pode entrever determinismos e causalidades, Deleuze e Guattari afirmam que Maio de 68 pertence à ordem de um acontecimento puro. Trata-se de um acontecimento político que abre um novo campo de possíveis, novas possibilidades de vida que implicam, por sua vez, uma mutação afetiva, uma nova perspectiva dos intoleráveis da vida social. No entanto, ante os aspectos que assumiram os eventos políticos pós-68, o diagnóstico dos autores era assertivo: o campo de possíveis foi continuamente fechado não apenas por forças reacionárias e fascistas, mas também pelas organizações ditas de esquerda. O desejo revolucionário das massas foi traído e reprimido também pelas organizações e os homens que supostamente as representavam. Mas por que as massas se deixaram reprimir e enganar? Por que foram contra seus próprios interesses e abortaram uma revolução que parecia iminente? Nesse horizonte, O anti-Édipo tem como ponto de partida e fio condutor a interrogação levantada por Espinosa: por que os homens são levados a lutar por sua servidão como se fosse por sua liberdade? A presente pesquisa busca cartografar as linhas que compõem o problema da servidão voluntária, desde sua formulação por La Boétie, no século XVI, passando por Espinosa e Reich, até chegar ao coração de O anti-Édipo, em que o problema se coloca em termos de uma servidão inconsciente. Nesse intento, procuramos deslindar como Deleuze e Guattari se situam para além do freudomarxismo, a fim de criar uma nova concepção de desejo inconsciente, que implica uma redefinição do materialismo a partir da categoria de produção desejante. Esta prospecção inicial permite mostrar como os autores constroem uma perspectiva sobre a servidão inconsciente, baseada numa crítica da economia político-libidinal das formações sociais. Crítica indissociável de uma sintomatologia dos coeficientes de afinidade entre os regimes desejante e social de uma única e mesma produção. A ramificação desse circuito conceitual enfatiza o papel do recalcamento originário e da montagem dos sistemas de repressão-recalcamento como operadores fundamentais para a problematização da servidão em O anti-Édipo. Por fim, procuramos esboçar alguns elementos da dimensão ético-política inerente ao programa crítico esquizoanalítico, no tocante ao combate à servidão inconsciente.May 68 profoundly marked the political context that mobilized the creation of AntiOedipus. More than a historical event in which determinism and causality can be detected, Deleuze and Guattari claim that May 68 belongs to the order of a pure happening [événement]. First of all, it is a political happening that opens a new field of possible, new life possibilities that imply, in turn, an affective mutation, a new perspective on the intolerables of social life. However, given the aspects that took over the post-68 political events, the authors' diagnosis was assertive: the possible field was continually closed not only by reactionary and fascist forces, but also by socalled left-wing organizations. The revolutionary desire of the masses was also betrayed and repressed by the organizations and the men who supposedly represented them. But why did the masses let themselves be repressed and deceived? Why were they against their own interests and aborted a revolution that seemed imminent? In this perspective, Anti-Oedipus has as its starting point and guiding thread the question raised by Spinoza: why are men led to fight for their servitude as if it were for their freedom? This research seeks to map the lines that make up the problem of voluntary servitude, from its formulation by La Boétie in the sixteenth century, going through Spinoza and Reich to the heart of Anti-Oedipus, in which the problem arises in terms of unconscious servitude. In this attempt, we pursue to research how Deleuze and Guattari lie beyond the Freudian Marxism in order to create a new conception of unconscious desire, which implies a redefinition of materialism from the desiring production category. This initial prospection allows us to show how the authors construct a perspective on unconscious servitude, based on a critique of the political-libidinal economy of social formations. Inseparable criticism of a symptomatology of the affinity coefficients between the desiring and social regimes of one and the same production. The branch of this conceptual circuit emphasizes the role of primary repression and the setting up of social repressionpsychic repression system as fundamental operators for the problematization of servitude in Anti-Oedipus. Finally, we try to outline some elements of the ethicalpolitical dimension inherent in the schizoanalytic critical program, with regard to combating unconscious servitude.Dados abertos - Sucupira - Teses e dissertações (2019)149 p.porUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)DeleuzeGuattariDesejoInconscienteServidãoEsquizoanáliseDeleuzeGuattariDesireUnconsciousServitudeEschizoanalysis.Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattariinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisMestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESPGuarulhos, Escola de Filosofia, Letras e Ciências HumanasFilosofiaFilosofiaSubjetividade, Arte E CulturaORIGINALLOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdfapplication/pdf936661${dspace.ui.url}/bitstream/11600/59373/1/LOURENCO%20DA%20SILVA%20QUEIROZ.pdf36223b5bf540d6c7d8ebae0b17f62263MD51open accessTEXTLOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdf.txtLOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdf.txtExtracted texttext/plain368555${dspace.ui.url}/bitstream/11600/59373/2/LOURENCO%20DA%20SILVA%20QUEIROZ.pdf.txt880a9f8cca498160c96bd1e1d5cdf361MD52open accessTHUMBNAILLOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdf.jpgLOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg3709${dspace.ui.url}/bitstream/11600/59373/4/LOURENCO%20DA%20SILVA%20QUEIROZ.pdf.jpge13658f00855561d403bad237f55f83dMD54open access11600/593732023-05-15 08:55:44.599open accessoai:repositorio.unifesp.br:11600/59373Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652023-05-15T11:55:44Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
title Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
spellingShingle Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
Queiroz, Lourenco Da Silva [UNIFESP]
Deleuze
Guattari
Desejo
Inconsciente
Servidão
Esquizoanálise
Deleuze
Guattari
Desire
Unconscious
Servitude
Eschizoanalysis.
title_short Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
title_full Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
title_fullStr Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
title_full_unstemmed Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
title_sort Para uma cartografia da servidão inconsciente em o Anti-Édipo de Deleuze e Guattari
author Queiroz, Lourenco Da Silva [UNIFESP]
author_facet Queiroz, Lourenco Da Silva [UNIFESP]
author_role author
dc.contributor.institution.pt.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
dc.contributor.author.fl_str_mv Queiroz, Lourenco Da Silva [UNIFESP]
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Fornazari, Sandro Kobol [UNIFESP]
contributor_str_mv Fornazari, Sandro Kobol [UNIFESP]
dc.subject.por.fl_str_mv Deleuze
Guattari
Desejo
Inconsciente
Servidão
Esquizoanálise
topic Deleuze
Guattari
Desejo
Inconsciente
Servidão
Esquizoanálise
Deleuze
Guattari
Desire
Unconscious
Servitude
Eschizoanalysis.
dc.subject.eng.fl_str_mv Deleuze
Guattari
Desire
Unconscious
Servitude
Eschizoanalysis.
description Maio de 68 marcou profundamente o contexto político que mobilizou a criação de O anti-Édipo. Mais do que um evento histórico, no qual se pode entrever determinismos e causalidades, Deleuze e Guattari afirmam que Maio de 68 pertence à ordem de um acontecimento puro. Trata-se de um acontecimento político que abre um novo campo de possíveis, novas possibilidades de vida que implicam, por sua vez, uma mutação afetiva, uma nova perspectiva dos intoleráveis da vida social. No entanto, ante os aspectos que assumiram os eventos políticos pós-68, o diagnóstico dos autores era assertivo: o campo de possíveis foi continuamente fechado não apenas por forças reacionárias e fascistas, mas também pelas organizações ditas de esquerda. O desejo revolucionário das massas foi traído e reprimido também pelas organizações e os homens que supostamente as representavam. Mas por que as massas se deixaram reprimir e enganar? Por que foram contra seus próprios interesses e abortaram uma revolução que parecia iminente? Nesse horizonte, O anti-Édipo tem como ponto de partida e fio condutor a interrogação levantada por Espinosa: por que os homens são levados a lutar por sua servidão como se fosse por sua liberdade? A presente pesquisa busca cartografar as linhas que compõem o problema da servidão voluntária, desde sua formulação por La Boétie, no século XVI, passando por Espinosa e Reich, até chegar ao coração de O anti-Édipo, em que o problema se coloca em termos de uma servidão inconsciente. Nesse intento, procuramos deslindar como Deleuze e Guattari se situam para além do freudomarxismo, a fim de criar uma nova concepção de desejo inconsciente, que implica uma redefinição do materialismo a partir da categoria de produção desejante. Esta prospecção inicial permite mostrar como os autores constroem uma perspectiva sobre a servidão inconsciente, baseada numa crítica da economia político-libidinal das formações sociais. Crítica indissociável de uma sintomatologia dos coeficientes de afinidade entre os regimes desejante e social de uma única e mesma produção. A ramificação desse circuito conceitual enfatiza o papel do recalcamento originário e da montagem dos sistemas de repressão-recalcamento como operadores fundamentais para a problematização da servidão em O anti-Édipo. Por fim, procuramos esboçar alguns elementos da dimensão ético-política inerente ao programa crítico esquizoanalítico, no tocante ao combate à servidão inconsciente.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-10-25
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2021-01-19T16:32:14Z
dc.date.available.fl_str_mv 2021-01-19T16:32:14Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.pt.fl_str_mv https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=8398787
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/59373
dc.identifier.file.none.fl_str_mv LOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdf
url https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=8398787
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/59373
identifier_str_mv LOURENCO DA SILVA QUEIROZ.pdf
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 149 p.
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNIFESP
instname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
instacron:UNIFESP
instname_str Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
instacron_str UNIFESP
institution UNIFESP
reponame_str Repositório Institucional da UNIFESP
collection Repositório Institucional da UNIFESP
bitstream.url.fl_str_mv ${dspace.ui.url}/bitstream/11600/59373/1/LOURENCO%20DA%20SILVA%20QUEIROZ.pdf
${dspace.ui.url}/bitstream/11600/59373/2/LOURENCO%20DA%20SILVA%20QUEIROZ.pdf.txt
${dspace.ui.url}/bitstream/11600/59373/4/LOURENCO%20DA%20SILVA%20QUEIROZ.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 36223b5bf540d6c7d8ebae0b17f62263
880a9f8cca498160c96bd1e1d5cdf361
e13658f00855561d403bad237f55f83d
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1785105907835731968