Implicações para a saúde pública dos programas de responsabilidade social da indústria de bebidas alcoólicas no Brasil

• Ano de defesa: 2017
• Autor(a) principal: Pantani, Daniela Silva [UNIFESP]
• Orientador(a): Streinger, Ilana Pinsky [UNIFESP]
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
• Palavras-chave em Português: Responsabilidade social; Consumo de bebidas alcoólicas; Indústria de álcool; Brasil; Saúde pública
• Palavras-chave em Inglês: Social responsibility; Alcoholic beverages; Alcohol industry; Brazil; Public health
• Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=4826034; http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/50095

Objetivo: Identificar, monitorar e analisar sob o ponto de vista da saúde pública as práticas de responsabilidade social empresarial conduzidas pela indústria de bebidas alcoólicas no Brasil. Métodos: A amostra de pesquisa esteve circunscrita ao compêndio de atividades mantido pela International Alliance for Responsible Drinking. Foram identificadas 54 atividades conduzidas no Brasil, que foram submetidas à análise de conteúdo por meio de um protocolo de pesquisa desenvolvido por um grupo de pesquisadores, incluindo a autora desta tese, tendo por base a literatura sobre políticas de controle do álcool e responsabilidade social empresarial. Foram analisadas variáveis de impacto político e de impacto direto no público-alvo. Além disso, com o intuito de enriquecer a base de dados e validar as informações previamente reportadas pela indústria de álcool, foi criado um método adicional de coleta de dados, denominado “padrão LEAD”, que é um acrônimo para as palavras em inglês Longitudinal (longitudinal), Expert (especialista) e All Data (todos os dados). Resultados: A maioria das atividades (89%) foi conduzida por grandes empresas produtoras de bebidas alcoólicas. A parceria da indústria de álcool com outras organizações ocorreu em 78% das ações, incluindo organizações não governamentais, Universidades, associações comerciais e organizações de aspectos sociais e relações públicas. O governo esteve presente como parceiro em 44% das atividades. Adicionalmente, a indústria reportou algum tipo de medição de resultados em 20% das ações, mas a maioria (82%) consistiu em avaliação descritiva. Na maioria das ações (91%) não foi encontrado qualquer tipo de efetividade na resolução dos problemas de saúde pública associados ao consumo de álcool, seja pela falta de evidências e estudos que embasassem as atividades, ou pela comprovação da falta de efetividade dos componentes da ação. Além disso, a maioria das atividades não estava em conformidade com a Estratégia Global para Reduzir o Consumo Nocivo do Álcool pela Organização Mundial da Saúde (73,5%). Em 47% das ações foram encontrados componentes de marketing para promover marcas e produtos. Conclusão: Diferentemente do que tem sido divulgado pelas empresas de álcool, a maioria das ações de responsabilidade social empresarial não são efetivas em reduzir os problemas relacionados ao consumo de álcool e não estão de acordo com os princípios e áreas de ação sugeridos pela Organização x Mundial da Saúde. Parece grave que pelo caráter implícito dos componentes de marketing em quase metade da amostra, a população não tenha a possibilidade de se defender deste novo tipo de propaganda, conforme prevê a Constituição Brasileira, e que estas atividades tenham como público-alvo menores de idade ou indivíduos em situação de vulnerabilidade.