Oficinas poéticas com jovens, adultos e idosos: travessia(s)

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Santos, Neli Edite dos
• Orientador(a): Souza, Enivalda Nunes Freitas e
• Banca de defesa: Fernandes Júnior, Antônio , Novais, Gercina Santana , Campos, Fernanda Cristina de , Grossi, Maria Auxiliadora Cunha
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Uberlândia
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Estudos Literários
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Ensino de literatura; Literatura; Oficinas literárias; Literatura - Estudo e ensino (Ensino fundamental); Literatura - Estudo e ensino (Ensino médio); Poesia - Estudo e ensino; EJA; Literatura - Estudo e ensino (Ensino médio); Experimentação; Poesia - Estudo e ensino; Poesia; Literature teaching; Literary workshops; Education of young and adults; Experimentation; Poetry
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
• Link de acesso: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/25787; http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2019.634

Oficinas poéticas com jovens, adultos e idosos: travessia(s) encerra uma reflexão que explora o processo de recepção, mediação e produção de poesia por estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em oficinas de leitura, escuta e escrita poéticas realizadas no período entre 2012 a 2015, na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia. Nesse estudo, problematizo indícios, na contemporaneidade, de que a Literatura e, em decorrência, o seu ensino, vêm sendo preteridos em pesquisas, diretrizes oficiais e escolas. Tendo em vista essa problematização, a hipótese norteadora da pesquisa foi a de que os estudantes e a professora ministrante das oficinas poderiam produzir coletivamente um processo de recepção vivo, (re)descobrindo a força da palavra poética a qual, por conseguinte, ofereceria alternativas de aprendizagens, de diversidade de formas de percepção e expressão do mundo e de criação na língua e pela linguagem poética. Assim, com o objetivo de refletir sobre a recepção e os efeitos da poesia nas aulas de Literatura do Ensino Fundamental, a pesquisa fundamentou-se teórico-metodologicamente em contribuições de autores tais como Wolfgang Iser e Karheinz Stierle, acrescidas de reflexões de Paulo Freire, Maria Helena S. Patto, Maria de Fátima Freitas, Antonio Candido, Platão, Walter Benjamin, Élie Bajard, Paul Zumthor, Gaston Bachelard, Jorge Luis Borges, Gilles Deleuze. Esses autores subsidiaram a interseção entre Literatura e ensino, construída por meio do diálogo das teorias da recepção e do efeito com campos da Educação, da Filosofia e da Psicologia. As reflexões sobre declarações dos alunos a respeito de suas dificuldades em leitura e escrita e sobre a participação deles em sessões de leitura e de escrita coletiva de poemas e mais as análises de poemas produzidos pelos alunos, fruto das oficinas, vão revelando que os estudantes conheceram as “diabruras” que eles são capazes de fazer com as palavras. Reflexões e análises que permitem afirmar que os estudantes experimentaram, de alguma forma, a magia da palavra. Os resultados conseguidos com esta pesquisa, portanto, evidenciam que o tripé recepção, mediação e produção pode criar condições de possibilidade para que estudantes e professores apostem no uso inventivo da língua, por meio da linguagem poética. Em contexto de falta, tal processo coloca em evidência alunos e professores, ao favorecer que ambos, ao se desdobrarem em diferentes papeis, se descubram sujeitos mais autônomos e potencializados para atribuir sentidos à leitura e à escrita. Esses resultados apontam também para a urgência, nos âmbitos do ensino fundamental e médio, de os estudos literários encamparem mais radicalmente a disputa por espaços consultivos e deliberativos nas políticas de leitura, oralidade/vocalização, de escuta e de escrita, uma vez que delas decorrem as diretrizes curriculares, os conteúdos, as escolhas de títulos e as metodologias de ensino de Literatura, aspectos que parecem pouco prestigiados, mas de valor fundamental e decisivo para potencializar ou precarizar a experiência literária.