Semeadura direta para restauração florestal e seus efeitos sobre comunidades de formigas e interações ecológicas

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Correia, Matheus Rezende de Mesquita
• Orientador(a): Costa, Alan Nilo da
• Banca de defesa: Garcia, Letícia Couto , Viani, Ricardo Augusto Gorne
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Uberlândia
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Restauração ecológica; Semeadura direta; Sucessão ecológica; Mirmecofauna; Interação animal-planta; Indicador ecológico; Cerrado; Floresta tropical estacional; Ecological restoration; Direct seeding; Ecological succession; Myrmecofauna; Animal-plant interaction; Ecological indicator; Seasonal tropical forest
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIA::ECOLOGIA APLICADA
• Link de acesso: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/33544; https://doi.org/10.14393/ufu.di.2021.406

A conversão de habitats naturais em áreas degradadas apresenta grande ameaça para a biodiversidade. Esse processo torna práticas de restauração cada vez mais necessárias para auxiliarem os ecossistemas a chegarem a uma condição com maior complexidade funcional ao longo tempo. Métodos ativos como a semeadura direta são empregados visando acelerar o processo de restauração na recuperação estrutural da vegetação, reestruturação da fauna e processos ecológicos. Realizamos o estudo em áreas de pastagens, em uma zona de contato Savana/Florestal Estacional. Implantamos experimentos de semeadura dividida em três partes: à lanço, em linhas e controle. Subdividimos parcelas de semeadura em duas: composição parcial de espécies de adubo verde e composição completa com as mesmas espécies e adicionando mais espécies agrícolas. Parcelas controle foram preparadas mas não semeadas. Utilizamos quatro classes sucessionais com um total de 57 espécies semeadas. Avaliamos o efeito dos diferentes tipos de semeadura no sucesso de estabelecimento de espécies arbóreas nativas e na diminuição na gramínea exótica ao longo de três anos. Plantas da classe sucessional 1 ano cobriram de 33 a 89% do solo aos três meses e foram substituídas pela classe 2-4 anos, cobrindo de 41 a 95%. Aos 36 meses a classe 1 ano já não cobria, a cobertura da classe 2-4 anos diminuiu de 15 a 75%, a classe 5-10 anos cobria 38% e a classe >10 teve baixa cobertura devido ao crescimento lento das plantas. Houveram grandes variações no estabelecimento entre espécies e nas suas respostas aos tratamentos e tempos de amostragem. Gramíneas exóticas recolonizaram em todos os tratamentos e diminuíram a densidade de plântulas arbóreas. Por outro lado, a cobertura das classes iniciais resultou em maior densidade de plântulas arbóreas. Nosso melhor tratamento, lanço parcial, com a cobertura de árvores da classe 5-10 anos alcançando 30% e uma densidade de 20.000 plântulas/m2 da classe >10 anos aos 36 meses, consideramos que a restauração está sendo bem sucedida sem manutenção química ou mecânica. Essas áreas já formam manchas de capoeira densas e estratificadas, aumentando a estrutura vegetacional inicial, podendo desencadear e favorecer a reestruturação da fauna e o retorno de processos ecológicos importantes para a dinâmica da comunidade. No segundo capítulo, comparamos a diversidade de formigas e taxas de remoção de sementes e herbivoria nas áreas de semeadura, com plantio de mudas de mesma idade e pastagens como controle. Encontramos diferenças na riqueza e na abundância relativa, refletindo na similaridade em termos de composição. Também vimos que a remoção de sementes foi maior nas áreas de semeadura, com incremento de 20% comparada ao plantio de mudas e de 31% comparada as pastagens. Taxas de herbivoria foram baixas e não diferenciaram entre as áreas, mas variaram entre espécies. Nossos resultados indicam que a maior estrutura vegetacional alcançada pelo método de semeadura direta pode ser eficaz para recuperar a diversidade de formigas, podendo modificar as redes de interações animal-planta, com resultados que podem ser favoráveis para a recuperação da comunidade ao longo da sucessão.