Ethos, cenografia e voz "demoníacos": o funcionamento discursivo do Death Metal
Ano de defesa: | 2017 |
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Universidade Federal de Uberlândia
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Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos
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Departamento: |
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Resumo: | Esta tese objetiva analisar a prática discursiva do gênero musical death metal, com ênfase em aspectos relativos à construção de um ethos peculiar a esse discurso. Dentre os elementos que ajudam a constituir recorrentemente a imagem de enunciador desse discurso, destacamos o papel da “voz gutural”, que, perceptualmente, assemelha-se a um urro animalesco. O interesse principal desta pesquisa é refletir acerca do modo como essa qualidade de voz e os demais elementos enunciativos que constituem a prática discursiva do death metal engendram a produção de determinados efeitos de sentido. A perspectiva teórica que adotamos é a da Análise do Discurso; mais especificamente, baseamo-nos em estudos de Dominique Maingueneau sobre conceitos como cenografia, ethos e semântica global. Com suporte na noção de semântica global, por exemplo, negamos assumir a voz enquanto aspecto auxiliar e contingente. Da mesma forma que as letras das canções – por meio de suas características lexicais, sintáticas etc. – corroboram a construção de cenografias peculiares, a utilização de determinada qualidade de voz, enquanto elemento de uma semântica global, constitui, ao lado dos próprios signos (em sentido estrito), o que é enunciado. Violência, satanismo, morte e possessão são alguns dos temas recorrentes no death metal. As canções do gênero, em vista de tal escopo temático, acabam construindo cenografias que colocam em jogo representações estereotipadas acerca de objetos discursivos como o mal e o demônio. Diante desse panorama, levantamos a hipótese de que a emergência do modo de enunciação típico do death metal não é uma simples e aleatória “escolha” estilística, mas fundamenta-se em construções estereotipadas relativas ao que se entende por “demoníaco” em nossa cultura. Tal relação, por sua vez, é posta em funcionamento a partir da constituição de cenas de enunciação legitimadas, dentre outros fatores, por um ethos discursivo específico, que chamamos previamente de “ethos demoníaco”. Considerando a interação entre vários elementos (voz, letras das canções, performances, materiais gráficos etc.) na produção de uma imagem de enunciador, concebemos o ethos como uma noção que permite articular os modos de enunciação a um caráter e a uma corporalidade, ambos aqui tratados como construções de leitura. Deve-se salientar que o ethos do death metal, enquanto elemento da semântica global desse discurso, não se refere estritamente às canções, mas também a todo o funcionamento associado à comunidade discursiva no interior da qual as produções de tal gênero musical emergem e são postas a circular. |
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2017-05-26T12:32:01Z2017-05-26T12:32:01Z2017-03-23KHALIL, Lucas Martins Gama. Ethos, cenografia e voz "demoníacos": o funcionamento discursivo do Death Metal. 2017. 252 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2017. Disponível em http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2017.95.https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/18764http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2017.95Esta tese objetiva analisar a prática discursiva do gênero musical death metal, com ênfase em aspectos relativos à construção de um ethos peculiar a esse discurso. Dentre os elementos que ajudam a constituir recorrentemente a imagem de enunciador desse discurso, destacamos o papel da “voz gutural”, que, perceptualmente, assemelha-se a um urro animalesco. O interesse principal desta pesquisa é refletir acerca do modo como essa qualidade de voz e os demais elementos enunciativos que constituem a prática discursiva do death metal engendram a produção de determinados efeitos de sentido. A perspectiva teórica que adotamos é a da Análise do Discurso; mais especificamente, baseamo-nos em estudos de Dominique Maingueneau sobre conceitos como cenografia, ethos e semântica global. Com suporte na noção de semântica global, por exemplo, negamos assumir a voz enquanto aspecto auxiliar e contingente. Da mesma forma que as letras das canções – por meio de suas características lexicais, sintáticas etc. – corroboram a construção de cenografias peculiares, a utilização de determinada qualidade de voz, enquanto elemento de uma semântica global, constitui, ao lado dos próprios signos (em sentido estrito), o que é enunciado. Violência, satanismo, morte e possessão são alguns dos temas recorrentes no death metal. As canções do gênero, em vista de tal escopo temático, acabam construindo cenografias que colocam em jogo representações estereotipadas acerca de objetos discursivos como o mal e o demônio. Diante desse panorama, levantamos a hipótese de que a emergência do modo de enunciação típico do death metal não é uma simples e aleatória “escolha” estilística, mas fundamenta-se em construções estereotipadas relativas ao que se entende por “demoníaco” em nossa cultura. Tal relação, por sua vez, é posta em funcionamento a partir da constituição de cenas de enunciação legitimadas, dentre outros fatores, por um ethos discursivo específico, que chamamos previamente de “ethos demoníaco”. Considerando a interação entre vários elementos (voz, letras das canções, performances, materiais gráficos etc.) na produção de uma imagem de enunciador, concebemos o ethos como uma noção que permite articular os modos de enunciação a um caráter e a uma corporalidade, ambos aqui tratados como construções de leitura. Deve-se salientar que o ethos do death metal, enquanto elemento da semântica global desse discurso, não se refere estritamente às canções, mas também a todo o funcionamento associado à comunidade discursiva no interior da qual as produções de tal gênero musical emergem e são postas a circular.This thesis aims to analyze the discursive practice of the genre death metal, with emphasis on aspects related to the construction of a peculiar ethos within this discourse. Among the elements that recurrently corroborate the establishment of this image of enunciator, we highlight the role of “guttural voice”, that perceptually resembles an animalistic roar. The main interest of this research is to think about how this quality of voice and other enunciative elements that constitute the discursive practice of death metal engender the production of certain meaning effects. The theoretical perspective that we have adopted is Discourse Analysis; specifically, based on studies by Dominique Maingueneau on concepts like scenography, ethos and global semantics. Considering the notion of global semantics, for example, we deny conceiving the voice as an auxiliary and contingent aspect. As well as the lyrics – through its lexical and syntactic features etc. – support the construction of unique scenographies, the use of a voice quality, as part of a global semantics, constitutes, in alliance with the signs themselves (in the strict sense), what is enunciated. Violence, Satanism, death and possession are some of the recurring themes in death metal. The songs of this genre, in view of such thematic scope, end up building scenographies that bring into play stereotypical representations about discursive objects such as evil and the devil. With this in mind, we hypothesized that the emergence of the typical mode of enunciation in death metal is not a simple and random stylistic “choice”, but is based on stereotypical constructions regarding what is meant by “demonic” in our culture. On the other hand, the operation of this relationship depends on the construction of enunciation scenes legitimized, among other elements, by a specific discursive ethos, which we previously called “demonic ethos”. Considering the interaction between various elements (such as voice, lyrics, performances, graphic materials etc.) in the production of an enunciating image, we apprehend ethos as a concept that allows articulating modes of enunciation to a character and a corporeality, both conceived here as reading constructions. It should be noted that the death metal ethos, as an element of the global semantics of this discourse, is not restricted to the songs, but also comprise the whole practice associated with the discourse community within which the productions of such genre emerge and circulate.Tese (Doutorado)porUniversidade Federal de UberlândiaPrograma de Pós-graduação em Estudos LinguísticosBrasilCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICALinguísticaAnálise do discursoEthosSemânticaCenografiaVozSemântica globalDeath metalScenographyVoiceGlobal semanticsEthos, cenografia e voz "demoníacos": o funcionamento discursivo do Death Metalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisMussalim, Fernandahttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4777971U2Leite, Camila Tavareshttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4750821E0Campos, Norma Discini dehttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4723218H3Possenti, Síriohttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4788834J5Brunelli, Anna Florahttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4799421Y7http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4267391T6Khalil, Lucas Martins Gama252info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFUinstname:Universidade Federal de Uberlândia (UFU)instacron:UFUTHUMBNAILEthosCenografiaVoz.pdf.jpgEthosCenografiaVoz.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1082https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/18764/4/EthosCenografiaVoz.pdf.jpgc0688da2f1d35a696906505cefb6b7b1MD54ORIGINALEthosCenografiaVoz.pdfEthosCenografiaVoz.pdfTeseapplication/pdf3559282https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/18764/1/EthosCenografiaVoz.pdf190cadeb7d4c160e7d66f7fdb1ae364aMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81792https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/18764/2/license.txt48ded82ce41b8d2426af12aed6b3cbf3MD52TEXTEthosCenografiaVoz.pdf.txtEthosCenografiaVoz.pdf.txtExtracted texttext/plain2123548https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/18764/3/EthosCenografiaVoz.pdf.txt51f80f3550d7bea2fe84203dd6023b6cMD53123456789/187642019-02-11 15:59:06.181oai:repositorio.ufu.br:123456789/18764w4kgbmVjZXNzw6FyaW8gY29uY29yZGFyIGNvbSBhIGxpY2Vuw6dhIGRlIGRpc3RyaWJ1acOnw6NvIG7Do28tZXhjbHVzaXZhLCBhbnRlcyBxdWUgbyBkb2N1bWVudG8gcG9zc2EgYXBhcmVjZXIgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvLiBQb3IgZmF2b3IsIGxlaWEgYSBsaWNlbsOnYSBhdGVudGFtZW50ZS4gQ2FzbyBuZWNlc3NpdGUgZGUgYWxndW0gZXNjbGFyZWNpbWVudG8gZW50cmUgZW0gY29udGF0byBhdHJhdsOpcyBkbyBlLW1haWwgIHJlcG9zaXRvcmlvQHVmdS5ici4KCkxJQ0VOw4dBIERFIERJU1RSSUJVScOHw4NPIE7Dg08tRVhDTFVTSVZBCgpBbyBhc3NpbmFyIGUgZW50cmVnYXIgZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgby9hIFNyLi9TcmEuIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpOgoKYSkgQ29uY2VkZSDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSBvIGRpcmVpdG8gbsOjby1leGNsdXNpdm8gZGUgcmVwcm9kdXppciwgY29udmVydGVyIChjb21vIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3Vtby9hYnN0cmFjdCkgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsIG91IGltcHJlc3NvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpby4KCmIpIERlY2xhcmEgcXVlIG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlIMOpIHNldSB0cmFiYWxobyBvcmlnaW5hbCwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2UsIHRhbnRvIHF1YW50byBsaGUgw6kgcG9zc8OtdmVsIHNhYmVyLCBvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBxdWFscXVlciBvdXRyYSBwZXNzb2Egb3UgZW50aWRhZGUuCgpjKSBTZSBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBjb250w6ltIG1hdGVyaWFsIGRvIHF1YWwgbsOjbyBkZXTDqW0gb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IsIGRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGRvIGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvciBwYXJhIGNvbmNlZGVyIMOgIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgY3Vqb3MgZGlyZWl0b3Mgc8OjbyBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBjb250ZcO6ZG8gZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLgoKU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBVYmVybMOibmRpYSwgZGVjbGFyYSBxdWUgY3VtcHJpdSBxdWFpc3F1ZXIgb2JyaWdhw6fDtWVzIGV4aWdpZGFzIHBlbG8gcmVzcGVjdGl2byBjb250cmF0byBvdSBhY29yZG8uCgpBIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIFViZXJsw6JuZGlhIGlkZW50aWZpY2Fyw6EgY2xhcmFtZW50ZSBvKHMpIHNldShzKSBub21lKHMpIGNvbW8gbyhzKSBhdXRvcihlcykgb3UgZGV0ZW50b3IgKGVzKSBkb3MgZGlyZWl0b3MgZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLCBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZGFzIHBlcm1pdGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuCg==Repositório InstitucionalONGhttp://repositorio.ufu.br/oai/requestdiinf@dirbi.ufu.bropendoar:2019-02-11T17:59:06Repositório Institucional da UFU - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)false |
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