Composição corporal, força muscular e incapacidade funcional em idosos de Palmas, Tocantins

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Guimarães, Maria Sortênia Alves
• Orientador(a): Ribeiro, Andréia Queiroz
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
• Área do conhecimento CNPq: Ciência da Nutrição
• Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28967

O envelhecimento é um processo fisiológico marcado por modificações das funções orgânicas e funcionais. Dentre essas modificações, destacam-se aquelas que ocorrem na composição corporal, especialmente o aumento de massa gorda e redução na massa corporal magra, além das alterações qualitativas e quantitativas na estrutura e função do músculo esquelético. Tais alterações podem ocorrer ainda que a massa corporal não se altere. Essas condições podem estar associados ao declínio cognitivo, ao comprometimento da funcionalidade e ao aumento na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, comprometendo a qualidade de vida e sendo preditor de mortalidade. Embora no Brasil o estudo dessas condições tenha sido crescente, ainda se registram poucos trabalhos com amostras representativas da população idosa, em especial focalizando tais condições separadamente e as combinações entre elas. Assim, o objetivo do presente estudo foi estimar as prevalências de obesidade, redução da massa magra, dinapenia, sarcopenia, obesidade (dinapênica e sarcopênica) e seus fatores associados, com ênfase na incapacidade funcional entre idosos. O estudo, de desenho transversal, foi realizado com amostra aleatória simples de idosos (> 60 anos) de ambos os sexos, cadastrados na Estratégia Saúde da Familia em Palmas (TO), no período de abril a julho de 2018. Foi estimada a prevalência de obesidade sarcopênica na amostra. Desta forma, na presente tese são apresentados quatro artigos, sendo um de revisão e três originais. Artigo de Revisão Sistemática: Prevalência, critérios diagnósticos e fatores associados à Obesidade Sarcopênica em idosos no Brasil: Uma Revisão Sistemática — O objetivo desta revisão foi avaliar as evidências científicas relacionadas à prevalência, critérios diagnósticos e fatores relacionados à obesidade sarcopênica (OS) em idosos no Brasil. Foram consultadas as bases de dados Pub Med, Science Direct, Web of Science, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Scopus. Foram incluidos 12 estudos na revisão, dos quais nove eram com mulheres. Após análise crítica, os resultados apontaram que os estudos epidemiológicos realizados até o momento no Brasil são bastante heterogêneos, o que limita a possibilidade de comparação entre prevalências e distribuição da obesidade sarcopênica entre idosos no Brasil. A despeito dessa limitação, são evidenciadas associações relevantes entre diminuição da força muscular, da aptidão aeróbia e da velocidade de marcha e maior frequência de fragilidade e de alterações cardiometabólicas e inflamatórias com a OS em idosos brasileiros. São necessários novos estudos, com amostras representativas da população, para que se possa compreender melhor a magnitude da OS na população idosa, bem como definir os critérios diagnósticos dessa condição que apresentam maior impacto na morbimortalidade nesse grupo. Artigo Original 1: Adiposidade geral e central em idosos de Palmas (TO): prevalência e fatores associados - O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e os fatores associados a adiposidade geral e central em idosos do Município de Palmas (TO). As variáveis independentes avaliadas foram: sociodemográficas, de condições de saúde e de capacidade funcional. As variáveis dependentes foram a adiposidade geral investigada por meio do Índice de Massa Corporal (IMC) e adiposidade central avaliado pelo perimetro de cintura (PC). Realizou-se análise descritiva e regressão de Poisson múltipla, com variância robusta, a partir de modelo hierárquico. A prevalência de adiposidade geral foi de 46,8% (IC 95%: 42,2%- 51,4%) e central de 78,8% (1C95Y%: 74,7%-82,3%). As prevalências de ambos os desfechos foram significativamente maior entre as mulheres e nos idosos com história de hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias e doenças reumáticas e naqueles com dependência para realização de atividades de vida diária. Observou-se redução da adiposidade (geral e central) com o aumento da idade. Após o ajuste, as prevalências de ambos os desfechos foram significantemente maiores em mulheres, idosos com 70 — 79 anos e hipertensos. Artigo Original 2: Déficit de massa muscular, dinapenia e sarcopenia em idosos: um estudo de base populacional em Palmas (TO) - O objetivo do estudo foi investigar a prevalência e os fatores associados ao déficit de massa muscular, dinapenia e sarcopenia em idosos de Palmas (TO). A massa muscular (MM) foi determinada pela massa muscular esquelética apendicular, sendo o déficit de massa muscular definido como MM < 10,09 kg/m? para mulheres e < 6,90 kg/m? para homens. A dinapenia foi definida como valores de força de preensão manual < 30 Kg/f para homens e < 20 Kg/f para mulheres. A definição de sarcopenia baseou-se no Consenso do European Working group on Sarcopenia mm Older People (EWGSOP), que inclui três componentes: baixa massa muscular, avaliado pelo indice de massa muscular esquelética; baixa força muscular, avaliada pela força de preensão manual; e baixo desempenho físico, avaliado pelo Teste de Sentar e Levantar (SeL) da cadeira 5 vezes. Características sociodemográficas, condições de saúde, estado nutricional e incapacidade funcional foram consideradas para determinar os fatores associados a cada uma das três condições por meio da análise de regressão de Poisson múltipla, com variâncias robustas. Foram avaliados 449 idosos (50,6 % mulheres), idade média de 69,4 (dp = 6,6) anos. As prevalências de déficit de massa muscular, dinapenia e sarcopenia entre os idosos foram, 19,5% (1C95%:16,1-23,6), 36,0% (1C95%:31,7-40,6) e 8,8% ([C95%: 6,4-11,9), respectivamente. O avanço da idade foi associado às três condições avaliadas. O baixo peso foi associado ao déficit de massa magra e à sarcopenia. A dependência para alguma Atividade Instrumental da Vida Diária (AIVD) foi associada à dinapenia e sarcopenia. A menor renda e história de doenças reumáticas foi associada à dinapenia. Artigo Original 3: Obesidade abdominal, dinapenia, obesidade abdominal dinapênica e sua associação com incapacidade funcional em idosos: um estudo de base populacional em Palmas, Tocantins — O objetivo foi estimar a associação entre obesidade abdominal, dinapenia e obesidade abdominal dinapênica com incapacidade funcional em idosos de Palmas (TO). A definição de dinapenia se deu por valores de força de preensão manual < 30 Kg/f para homens e < 20 Kg/f para mulheres. Os idosos foram classificados em quatro grupos: não obesos e não dinapênicos; obesos não dinapênicos; dinapênicos não obesos e obesos dinapênicos. A incapacidade funcional foi definida a partir da avaliação das atividades básicas e instrumentais da vida diária. Características sociodemográficas, condições de saúde, estado nutricional e hábitos de vida foram considerados como confundidores. Realizou-se regressão de Poisson com variância robusta para estimar a associação independente entre a obesidade abdominal, a dinapenia e suas combinações com a incapacidade. Foram avaliados 391 idosos (52,9% mulheres), idade média 69,0 (dp = 6,5) anos. A maior prevalência observada foi de obesidade abdominal (56,9% - 1C95%:51,8%-61,7%), seguida da obesidade abdominal dinapênica (30,1% - 1C95%:25,7%-34,9%). Após o ajuste, verificou-se que a prevalência de alguma incapacidade fo1 significantemente maior em dinapênicos não obesos, em comparação aqueles não obesos e não dinapênicos. Assim, conclui-se, que o conjunto dos resultados apontam elevadas prevalências de alterações do estado nutricional, dinapenia, obesidade dinapênica e alguma incapacidade para AIVD. Os resultados do estudo apontaram associações com desfechos desfavoraveis à saúde do idoso, tais como hipertensão arterial, doenças reumáticas e incapacidade funcional. Evidencia-se a necessidade de se estabelecer práticas de monitoramento do estado nutricional, direcionar intervenções de prevenção e controle da obesidade em programas voltados para a promoção da saúde e qualidade de vida dos idosos. Palavras-chave: Dinapenia. Estado nutricional. Envelhecimento. Funcionalidade. Sarcopenia. Obesidade.