Idoso vítima de violência: a interface entre a assistência à saúde, a assistência jurídica e a assistência social para o desenvolvimento de intervenções

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Daniel, Miriam Fernanda Sanches Alarcon
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193233
Resumo: Introdução: A violência contra a pessoa idosa caracteriza-se por um fenômeno complexo que atinge os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, sendo um problema social, político e de saúde, o qual acarreta prejuízo ao idoso além de graves consequências para o desenvolvimento pleno e integral. Objetivo: Compreender o contexto da violência contra o idoso no município de Marília. Métodos: Trata-se de um estudo com desenho de métodos múltiplos, de análise quantitativa e qualitativa, realizado em um município de médio porte do interior de São Paulo, com uma população de 216.745 hab/km2, da qual 13,6% são idosos, tendo como fonte de dados: revisões da literatura, análise documental (boletim de ocorrência), entrevistas e grupo focal. Para as duas revisões da literatura, sendo uma sobre o cuidado prestado às vítimas e outra sobre o agressor, foram seguidos os passos da revisão integrativa da literatura. Os dados quantitativos foram digitados em planilha eletrônica, enquanto análises estatísticas foram realizadas com o software Statistical Package for Social Sciences, versão 25.0.0.0. Análises Teste de Qui-quadrado de Pearson e a extensão do teste Exato de Fisher. Conclusões foram obtidas pelas análises inferenciais com nível de significância igual a 5% (p≤0,050). A análise dos dados qualitativos pautou-se na hermenêutica dialética, análise de conteúdo e na análise temática. Após a análise dos dados, desenvolveu-se uma intervenção pautada no modelo Calgary de avaliação e intervenção na Família. Resultados: A revisão da literatura sobre a assistência ao idoso vítima de violência revela a falta de articulação entre os setores responsáveis, de protocolos de assistência e de definição de fluxo e organização, além do despreparo dos profissionais. Aborda ainda as características dos agressores, mostrando que geralmente são os filhos da vítima, os quais, na maioria das vezes, relataram arrependimento dos seus atos, sendo o fator desagregador mais comum para tais atos: o uso de álcool e drogas, desemprego, histórico de violência familiar, proximidades entre agressor e vítima e a dependência financeira. Na análise dos boletins de ocorrência, encontrou-se o predomínio da violência financeira em homens e, entre as mulheres, os outros tipos. Predominou no estudo a cor da pele branca, aqueles que vivem com companheiro e a ocorrência deu-se no domicílio da vítima. Houve também predomínio de agressores do sexo masculino. Na violência financeira, o perfil da vítima foi caracterizado: sexo masculino (50,72%); faixa etária de 60 a 69 anos (56,6%) e que vivia com companheiro (48,33%). A violência financeira contra o idoso é cometida principalmente por desconhecidos (85,6%) dos casos e por familiares dos idosos (6,7%). As características sociodemográficas da maioria dos agressores também eram desconhecidas. Identificaram-se três núcleos de sentido referentes aos tipos de violência financeira: apropriação e dano; exposição ao estelionato/extorsão e furto/roubo. Ao ser verificada a percepção do idoso sobre a situação vivenciada, encontra-se sentimentos de frustração, angustia, revolta e raiva. Apesar da denúncia de violência, o idoso tende a não culpar seu agressor, que muitas vezes é um parente próximo, além de justificar o comportamento agressivo ao correlacionar com más influências e até mesmo doenças mentais como causa da agressão. No que se refere às vivências dos profissionais da atenção básica em relação a violência contra o idoso, evidenciou-se que os profissionais suspeitam e identificam casos de violência física, financeira e, principalmente, a de negligência, sendo o principal autor da agressão um membro da família. Reconhecem que os idosos se encontram em contextos de vida complexos e muitas situações estão além de suas capacidades de intervenção. Expressaram medo e insegurança na realização da denúncia e desconhecem o papel dos demais serviços, tornando a abordagem ainda mais complexa. As ações realizadas pelos profissionais referem-se a encaminhamentos para outros serviços de atenção ao idoso; direcionam cuidados aos idosos e familiares, essencialmente por meio de notificação dos casos de agressão, acolhimento, conversa e reunião com familiares, agendamento de consultas e visitas domiciliares. Sugeriram melhorar a articulação interprofissional, estabelecer fluxos e serviços de referência ao idoso. No processo de intervenção realizado a quatro famílias de idosos vítima de violência por meio do modelo Calgary de avaliação familiar, verificou-se que os integrantes das famílias apresentaram baixa escolaridade e dificuldades financeiras. Quanto a rede de suporte social, destacam-se os vizinhos, a unidade de saúde e a Igreja. Considerações finais: São necessários esforços conjuntos e articulações dos setores envolvidos na assistência ao idoso vítima de violência, visando o melhor amparo dessa parcela da população que passa por intenso sofrimento.
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Métodos: Trata-se de um estudo com desenho de métodos múltiplos, de análise quantitativa e qualitativa, realizado em um município de médio porte do interior de São Paulo, com uma população de 216.745 hab/km2, da qual 13,6% são idosos, tendo como fonte de dados: revisões da literatura, análise documental (boletim de ocorrência), entrevistas e grupo focal. Para as duas revisões da literatura, sendo uma sobre o cuidado prestado às vítimas e outra sobre o agressor, foram seguidos os passos da revisão integrativa da literatura. Os dados quantitativos foram digitados em planilha eletrônica, enquanto análises estatísticas foram realizadas com o software Statistical Package for Social Sciences, versão 25.0.0.0. Análises Teste de Qui-quadrado de Pearson e a extensão do teste Exato de Fisher. Conclusões foram obtidas pelas análises inferenciais com nível de significância igual a 5% (p≤0,050). A análise dos dados qualitativos pautou-se na hermenêutica dialética, análise de conteúdo e na análise temática. Após a análise dos dados, desenvolveu-se uma intervenção pautada no modelo Calgary de avaliação e intervenção na Família. Resultados: A revisão da literatura sobre a assistência ao idoso vítima de violência revela a falta de articulação entre os setores responsáveis, de protocolos de assistência e de definição de fluxo e organização, além do despreparo dos profissionais. Aborda ainda as características dos agressores, mostrando que geralmente são os filhos da vítima, os quais, na maioria das vezes, relataram arrependimento dos seus atos, sendo o fator desagregador mais comum para tais atos: o uso de álcool e drogas, desemprego, histórico de violência familiar, proximidades entre agressor e vítima e a dependência financeira. Na análise dos boletins de ocorrência, encontrou-se o predomínio da violência financeira em homens e, entre as mulheres, os outros tipos. Predominou no estudo a cor da pele branca, aqueles que vivem com companheiro e a ocorrência deu-se no domicílio da vítima. Houve também predomínio de agressores do sexo masculino. Na violência financeira, o perfil da vítima foi caracterizado: sexo masculino (50,72%); faixa etária de 60 a 69 anos (56,6%) e que vivia com companheiro (48,33%). A violência financeira contra o idoso é cometida principalmente por desconhecidos (85,6%) dos casos e por familiares dos idosos (6,7%). As características sociodemográficas da maioria dos agressores também eram desconhecidas. Identificaram-se três núcleos de sentido referentes aos tipos de violência financeira: apropriação e dano; exposição ao estelionato/extorsão e furto/roubo. Ao ser verificada a percepção do idoso sobre a situação vivenciada, encontra-se sentimentos de frustração, angustia, revolta e raiva. Apesar da denúncia de violência, o idoso tende a não culpar seu agressor, que muitas vezes é um parente próximo, além de justificar o comportamento agressivo ao correlacionar com más influências e até mesmo doenças mentais como causa da agressão. No que se refere às vivências dos profissionais da atenção básica em relação a violência contra o idoso, evidenciou-se que os profissionais suspeitam e identificam casos de violência física, financeira e, principalmente, a de negligência, sendo o principal autor da agressão um membro da família. Reconhecem que os idosos se encontram em contextos de vida complexos e muitas situações estão além de suas capacidades de intervenção. Expressaram medo e insegurança na realização da denúncia e desconhecem o papel dos demais serviços, tornando a abordagem ainda mais complexa. As ações realizadas pelos profissionais referem-se a encaminhamentos para outros serviços de atenção ao idoso; direcionam cuidados aos idosos e familiares, essencialmente por meio de notificação dos casos de agressão, acolhimento, conversa e reunião com familiares, agendamento de consultas e visitas domiciliares. Sugeriram melhorar a articulação interprofissional, estabelecer fluxos e serviços de referência ao idoso. No processo de intervenção realizado a quatro famílias de idosos vítima de violência por meio do modelo Calgary de avaliação familiar, verificou-se que os integrantes das famílias apresentaram baixa escolaridade e dificuldades financeiras. Quanto a rede de suporte social, destacam-se os vizinhos, a unidade de saúde e a Igreja. Considerações finais: São necessários esforços conjuntos e articulações dos setores envolvidos na assistência ao idoso vítima de violência, visando o melhor amparo dessa parcela da população que passa por intenso sofrimento.Introduction: Violence against the elderly is characterized by a complex phenomenon that affects developed and underdeveloped countries, being a social, political and health problem, which causes harm to the elderly besides of serious consequences for full and integral development. Objective: To understand the context of violence against the elderly at Marilia city. Methods: This is a study with multiple method design of quantitative and qualitative analysis, accomplished in a medium-sized city at the interior of São Paulo, with 216,745 inhabitants, which 13.6% are elderly, using as a data source: literature reviews, document analysis (police report), interviews and focus group. For the two literature reviews, one on the care provided to the victims and the other on the aggressor, the steps of the integrative literature review were followed. Quantitative data were entered into an electronic spreadsheet, while statistical analyzes were performed using the Statistical Package for Social Sciences software, version 25.0.0.0. Analysis Pearson's Chi-square test and the extent of Fisher's exact test. Conclusions were obtained by inferential analysis with significance level α equal to 5% (p≤0.050). The analysis of qualitative data was based on dialectical hermeneutics, content analysis and thematic analysis. After analyzing the data, an intervention based on the Calgary model of evaluation and intervention in the Family was developed. Results: The literature review on assistance to elderly victims of violence reveals the lack of coordination between the sectors responsible, assistance protocols and definition of flow and organization, besides the professionals' unpreparedness. It also addresses the characteristics of the aggressors, showing that they are usually the victim's sons and daughters, who, most of the time, reported regret for their acts, being the most common disaggregating factor for such acts: the use of alcohol and drugs, unemployment, history family of violence, proximity between aggressor and victim and financial dependence. In the analysis of police reports, there was a predominance of financial violence in men and, among women, other types. White skin color, those who live with a partner and the aggression occurred at the victim's home was predominated in the study. There was also a predominance of male aggressors. In financial violence, the victim's profile was characterized: male (50.72%); age group from 60 to 69 years old (56.6%) and who lived with a partner (48.33%). Financial violence against the elderly is committed mainly by strangers (85.6%) and by relatives of the elderly (6.7%). The sociodemographic characteristics of most aggressors were also unknown. Three cores of meaning were identified regarding the types of financial violence: appropriation and damage; exposure to fraud/extortion and theft/robbery. When the elderly's perception of the situation is verified, feelings of frustration, anguish, revolt and anger are found. Despite the report of violence, the elderly tends not to blame their aggressor, who is often a close relative, besides of justifying aggressive behavior by correlating it with bad influences and mental illness as the cause of the aggression. With regard to the experiences of primary care professionals in relation to violence against the elderly, it was shown that professionals suspect and identify cases of physical and financial violence and especially negligence, with the main author of the aggression being a member of the family. They recognize that the elderly are in complex life contexts and many situations are beyond their capacity for intervention. They expressed fear and insecurity in making the complaint and are unaware of the role of other services, making the approach even more complex. The actions taken by the professionals refer to forward the cases to other elderly care services; direct care to the elderly and family members, essentially by notifying cases of aggression, welcoming, talking and meeting with family members, scheduling appointments and home visits. They suggested improving interprofissional articulation, establishing reference flows and services for the elderly. In the intervention process accomplished on four families of elderly victims of violence through the Calgary model of family assessment, it was found that the members of the families had low education and financial difficulties. As for the social support network, was realized the importance of the neighbors, the health unit and the Church. Final considerations: Joint efforts and articulations of the sectors involved in elderly assisting victims of violence are necessary, aiming the best protection of this population that is going through intense suffering.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)CAPES: 001FAPESP: 2018/14170-9Universidade Estadual Paulista (Unesp)Marin, Maria José Sanches [UNESP]Braccialli, Luzmarina Aparecida DorettoUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Daniel, Miriam Fernanda Sanches Alarcon2020-08-19T17:57:52Z2020-08-19T17:57:52Z2020-07-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19323333004064085P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-11-18T06:14:44Zoai:repositorio.unesp.br:11449/193233Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-11-18T06:14:44Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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