O "mal-estar" na história em three guineas de Virginia Woolf : escrita feminista e a crise do historicismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Dias, Julia Helena
Orientador(a): Nicolazzi, Fernando Felizardo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/193130
Resumo: Neste trabalho, faço uma análise do que chamo de “ensaísmo feminista” de Virginia Woolf. Assim, busco interpretar os ensaios em que a autora explora as condições históricas de submissão das mulheres na sociedade, principalmente na sociedade inglesa. Retomo a discussão da crítica literária e da crítica feminista sobre seus ensaios, mas também procuro ver o discurso de Virginia Woolf através do conceito de “historiadora amadora” formulado por Bonnie Smith. As historiadoras amadoras seriam as mulheres que escreveram história de fora da historiografia profissional do século 19 até meados do século 20. Através de uma comparação com a luta pelo acesso à cidadania das primeiras feministas, vejo como o feminismo de Woolf se associa e se distância das convicções de feministas pioneiras como Olympe de Gouges e Mary Wollstonecraft em questões como o patriotismo e o desejo de pertencer à Nação. O enfoque deste trabalho recai sobre o ensaio mais criticado de Virginia Woolf, Three Guineas, publicado em 1938, e pensado pela escritora como uma continuação de Um Teto todo Seu (1929). Nesse ensaio de 1938, Woolf associa a questão da submissão das mulheres com a ascensão fascista e propõe uma ligação entre o patriarcado, o nacionalismo e o fascismo. Assim, a partir do uso do gênero como uma categoria histórica, como teorizado por Joan Scott retomo os argumentos e comparações de Woolf para defender a razoabilidade de seus apontamentos. No entanto, ponho em questão a sua defesa de uma ação política pacifista para as mulheres através de uma comparação dessa posição com a experiência de luta das mulheres travada, no mesmo período, na Guerra Civil Espanhola (1936-1939); do mesmo modo, questiono os limites de um posicionamento político em nome das mulheres em uma sociedade heteronormativa Por fim, entendo que seu “ensaísmo feminista” é um documento relevante para uma historiografia que leve em conta a história das mulheres.
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spelling Dias, Julia HelenaNicolazzi, Fernando Felizardo2019-04-18T02:33:58Z2019http://hdl.handle.net/10183/193130001089668Neste trabalho, faço uma análise do que chamo de “ensaísmo feminista” de Virginia Woolf. Assim, busco interpretar os ensaios em que a autora explora as condições históricas de submissão das mulheres na sociedade, principalmente na sociedade inglesa. Retomo a discussão da crítica literária e da crítica feminista sobre seus ensaios, mas também procuro ver o discurso de Virginia Woolf através do conceito de “historiadora amadora” formulado por Bonnie Smith. As historiadoras amadoras seriam as mulheres que escreveram história de fora da historiografia profissional do século 19 até meados do século 20. Através de uma comparação com a luta pelo acesso à cidadania das primeiras feministas, vejo como o feminismo de Woolf se associa e se distância das convicções de feministas pioneiras como Olympe de Gouges e Mary Wollstonecraft em questões como o patriotismo e o desejo de pertencer à Nação. O enfoque deste trabalho recai sobre o ensaio mais criticado de Virginia Woolf, Three Guineas, publicado em 1938, e pensado pela escritora como uma continuação de Um Teto todo Seu (1929). Nesse ensaio de 1938, Woolf associa a questão da submissão das mulheres com a ascensão fascista e propõe uma ligação entre o patriarcado, o nacionalismo e o fascismo. Assim, a partir do uso do gênero como uma categoria histórica, como teorizado por Joan Scott retomo os argumentos e comparações de Woolf para defender a razoabilidade de seus apontamentos. No entanto, ponho em questão a sua defesa de uma ação política pacifista para as mulheres através de uma comparação dessa posição com a experiência de luta das mulheres travada, no mesmo período, na Guerra Civil Espanhola (1936-1939); do mesmo modo, questiono os limites de um posicionamento político em nome das mulheres em uma sociedade heteronormativa Por fim, entendo que seu “ensaísmo feminista” é um documento relevante para uma historiografia que leve em conta a história das mulheres.In this work, I analyse what I call the “feminist essays” of Virginia Woolf. Thus, I seek to interpret the essays in which she explores the historical conditions of the submission of women in society, especially in English society, as in her feminist essays. I bring the discussion of literary and feminist critics about these essays, but I also seek to explore Virginia Woolf's discourse through the concept of “amateur history written by women” elaborated by Bonnie Smith (2003). The amateur historians were the women who wrote history apart from the professional historiography of the 19th and early 20th centuries. By comparing the struggle to acquire citizenship of the first feminists, I comprehend how Woolf's feminism associates with and dissociates from the convictions of pioneer feminists such as Olympe de Gouges (1995) and Mary Wollstonecraft (2016) in themes such as patriotism and the desire to belong to a Nation. The scope of this work is the most criticized of Woolf's essays, Three Guineas, published in 1938, and developed as a sequence of A Room of one's own (1929). In her 1938’s essay, Woolf associates the theme of the submission of women to the ascension of Fascism and proposes a link between patriarchy, nationalism and fascism. Hence, based on the use of gender as a historical category, as theorized by Joan Scott (1992), I analyse Woolf's arguments and comparisons to defend the validity of her appointments. Nevertheless, I question her defence of a pacific political action for women by comparing this position with the experience of armed revolt of women in the same period during the Spanish Civil War (1936-1939). I also discuss the limits of a political position in the name of women inside a heteronormative society (BUTLER, 2016). Finally, I propose a comprehension that Woolf's “feminist essays” is a relevant document for a historiography that takes into account the history of women.application/pdfporWoolf, Virginia, 1882-1941Mulheres na históriaHistoriografiaGêneroFeminismoEnsaioFascismoHistóriaFeminist essaysHistory of womenHistoriographyFascismGenderO "mal-estar" na história em three guineas de Virginia Woolf : escrita feminista e a crise do historicismoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em HistóriaPorto Alegre, BR-RS2018mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001089668.pdf.txt001089668.pdf.txtExtracted Texttext/plain443458http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/193130/2/001089668.pdf.txt74d818eda2025b0356f49f641e1aae01MD52ORIGINAL001089668.pdfTexto completoapplication/pdf1168884http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/193130/1/001089668.pdf30b5119e6ece9f872ab593387aaedd05MD5110183/1931302020-11-14 05:23:04.655748oai:www.lume.ufrgs.br:10183/193130Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-11-14T07:23:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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