Histórias de violência de mulheres vivendo com HIV/AIDS : um olhar para as situações vividas e estratégias adotadas para o seu enfrentamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Beck Júnior, Aldo
Orientador(a): Oliveira, Daniel Canavese de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/261848
Resumo: A violência é um fenômeno complexo, que atinge majoritariamente as mulheres e que precisa ser melhor compreendido, tendo em vista os efeitos deletérios para a saúde e sua invisibilidade na sociedade. A Aids, crescente entre mulheres, apresenta associação com a ocorrência de violência, especialmente pela carga de estigma relacionada à representação social da doença, que pode levar as mulheres à exclusão social e dificultar o enfrentamento da epidemia. Objetivou-se analisar as situações de violência vividas por mulheres com HIV∕Aids, bem como as estratégias adotadas por elas para o enfrentamento destas situações. Trata-se de um estudo com metodologia mista, quantitativa e qualitativa. O componente quantitativo é um estudo descritivo de mulheres recrutadas em serviços de assistência especializada (SAE), cuja análise foi realizada no programa SPSS 20 e os resultados são apresentados em frequências. O componente qualitativo incluiu 20 mulheres que relataram situações de violência durante a vida. A técnica adotada nesta etapa foi a entrevista semiestruturada. Foi realizada análise de conteúdo com auxílio do programa Nvivo. Os resultados mostraram um perfil de mulheres com baixa escolaridade, com situações frequentes de violência psicológica, física e sexual durante suas trajetórias de vida. Quanto às situações de violência, as estratégias de enfrentamento envolveram o suporte social, apenas uma acionou a segurança pública sem o efeito desejado. Os serviços de saúde não foram identificados como pontos de suporte para o enfretamento das situações de violência. Também foi identificada a ocorrência de situações de discriminação social e em serviço de saúde. As mulheres relataram medo da discriminação social e em especial em relação ao trabalho, neste sentido as estratégias de enfrentamento incluíram o silêncio, a não revelação do status sorológico e a criação de problemas de saúde fictícios que justificassem a tomada de medicação e o acompanhamento contínuo em serviços de saúde. Em geral, os serviços foram identificados como locais de discriminação. Foi frequente o relato de situações de violência e discriminação por mulheres vivendo com HIV∕Aids. A discriminação ocorreu em contextos sociais (familiares) e em serviços de saúde. A discriminação em serviços de saúde não é um fenômeno restrito à condição sorológica, pois a literatura evidencia que outros grupos também relatam, especialmente àqueles com condições socioeconômicas menos favoráveis, o que vai de encontro com as características destas mulheres. As histórias de violência vividas por mulheres com HIV/Aids ocorrem ao longo de suas trajetórias de vida, que estão imersas num conjunto de situações socioeconômicas que apontam contextos de vulnerabilidade, como já evidenciado pela literatura. Neste sentido, a Aids parece ser apenas mais um desfecho desfavorável que impulsiona novas situações de violência na vida dessas mulheres.
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O componente quantitativo é um estudo descritivo de mulheres recrutadas em serviços de assistência especializada (SAE), cuja análise foi realizada no programa SPSS 20 e os resultados são apresentados em frequências. O componente qualitativo incluiu 20 mulheres que relataram situações de violência durante a vida. A técnica adotada nesta etapa foi a entrevista semiestruturada. Foi realizada análise de conteúdo com auxílio do programa Nvivo. Os resultados mostraram um perfil de mulheres com baixa escolaridade, com situações frequentes de violência psicológica, física e sexual durante suas trajetórias de vida. Quanto às situações de violência, as estratégias de enfrentamento envolveram o suporte social, apenas uma acionou a segurança pública sem o efeito desejado. Os serviços de saúde não foram identificados como pontos de suporte para o enfretamento das situações de violência. Também foi identificada a ocorrência de situações de discriminação social e em serviço de saúde. As mulheres relataram medo da discriminação social e em especial em relação ao trabalho, neste sentido as estratégias de enfrentamento incluíram o silêncio, a não revelação do status sorológico e a criação de problemas de saúde fictícios que justificassem a tomada de medicação e o acompanhamento contínuo em serviços de saúde. Em geral, os serviços foram identificados como locais de discriminação. Foi frequente o relato de situações de violência e discriminação por mulheres vivendo com HIV∕Aids. A discriminação ocorreu em contextos sociais (familiares) e em serviços de saúde. A discriminação em serviços de saúde não é um fenômeno restrito à condição sorológica, pois a literatura evidencia que outros grupos também relatam, especialmente àqueles com condições socioeconômicas menos favoráveis, o que vai de encontro com as características destas mulheres. As histórias de violência vividas por mulheres com HIV/Aids ocorrem ao longo de suas trajetórias de vida, que estão imersas num conjunto de situações socioeconômicas que apontam contextos de vulnerabilidade, como já evidenciado pela literatura. Neste sentido, a Aids parece ser apenas mais um desfecho desfavorável que impulsiona novas situações de violência na vida dessas mulheres.Violence is a complex phenomenon: affecting chiefly women, it deserves more attention, given its harmful effects on health and its invisibility in society. Aids, which tends to grow among women, is associated with violence particularly because of the stigma linked to the social representation of the disease, which can lead women to social exclusion and make it difficult for them to cope with the epidemic. The objective of this work is to analyze violence situations experienced by women with HIV/Aids, as well as the strategies they choose to cope with them. This study uses a mixed, quantitative and qualitative methodology. On the one hand, it contains a descriptive study of women recruited in specialized care services (SAEs), whose analysis was performed in SPSS and whose results are displayed in frequencies. On the other hand, it includes reports of violence situations experienced by 20 women during their lifetimes. The technique adopted in this part was the semistructured interview. Content analysis was performed with the software Nvivo. Results showed a profile distinguished by low schooling and regular psychological, physical and sexual violence suffered during their whole lifetimes. Coping strategies involved social support; however, only one reported having called the police – unsuccessfully. Health care services were not identified as support institutions able to deal with the situations of violence. Social discrimination in health care services was also reported. The women expressed fear of social discrimination, especially at work. Therefore, coping strategies included silence, non-disclosure of serological status and pretending fake health problems that could justify medication and continuous medical care. Generally speaking, health care services were identified as discriminatory spaces. Situations of violence and discrimination were often reported not only because of their serological condition, but also because of their social extraction. Stories of violence experienced by women living with HIV/Aids happen throughout their whole lifetimes, being associated with less fortunate social and economic conditions, as pointed out in the related literature. Aids seems to be just an extra unfavorable condition that triggers new violent episodes in the lives of these women.application/pdfporSíndrome de imunodeficiência adquiridaViolência contra a mulherDiscriminação socialSaúde públicaAcquired immunodeficiency syndromeQualitative researchPublic healthDiscriminationViolence against womenViolenceHistórias de violência de mulheres vivendo com HIV/AIDS : um olhar para as situações vividas e estratégias adotadas para o seu enfrentamentoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPrograma de Pós-Graduação em Saúde ColetivaPorto Alegre, BR-RS2017mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001060279.pdf.txt001060279.pdf.txtExtracted Texttext/plain183538http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261848/2/001060279.pdf.txt25f307e56d9a60be2f20d59d80b63686MD52ORIGINAL001060279.pdfTexto completoapplication/pdf872245http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261848/1/001060279.pdf8ebeb7a1fd8d4ea205dababd764262ddMD5110183/2618482023-07-08 03:35:42.543356oai:www.lume.ufrgs.br:10183/261848Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-07-08T06:35:42Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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