Algumas teses epistemológicas sobre a construção de conhecimentos sociais : análise e interpretação de indagações psicogenéticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: Castorina, José Antonio
Orientador(a): Becker, Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/246281
Resumo: Esta tese esforça-se em colocar os problemas epistemológicos suscitados a partir da extensão do programa piagetiano de pesquisa em direção à psicogênese dos conheci mentos sociais das crianças e, mais tarde, ao estudo da mudança conceitual das noções sociais no processo ensino-aprendizagem. Esses problemas pertencem, por um lado, à epistemologia genética no sentido de dar respostas à questão da "especificidade" do conhecimento social, estabelecendo: se na defesa dos conhecimentos de "domínio" há incompatibilidade com os instrumentos mais gerais de conhecimento, se há algum tipo de interação peculiar com o objeto social, que subjaz à formação das noções, e como desenvolvem-se os processos de construção nesse contexto durante a psicogênese e na mudança conceitual. Por outro lado, questões de epistemologia "interna" referidas a análise da pertinência metodológica de certas categorias, como, por exemplo: "teoria", para dar conta da sistematicidade do pensamento infantil da autoridade ou, ao impacto dessa posição de "domínio" para o conhecimento social sobre as teses centrais do programa construtivista. As argumentações epistemológicas apoiam-se nos resultados de pesquisas empíricas realizadas por equipes da Universidade de Buenos Aires, sobre a psicogênese da noção de autoridade política e da noção de autoridade escolar. Algumas das teses construtivistas sustentadas são: as indagações psicogenéticas sobre a noção de autoridade admitem uma seqüência de avanços de "menor a maior nível de conhecimento" em termos de teorias infantis. Essas teorias caracterizam-se por um domínio de entidades e relações de autoridade, algumas hipóteses centrais e outras periféricas, como também por explicações "por razões" referidas aos atos prescritivos. Tais "teorias" implícitas são totalmente compatíveis com a organização lógica das hipóteses afirmadas pelas crianças. Contrário às teses "modularistas" vigentes na psicologia do desenvolvimento, defende-se sua articulação com os aspectos "generalistas": alguma lógica que atravessa os diferentes níveis de conhecimento e um decidido recurso ao conhecimento conceitual apropriado ao conteúdo de autoridade. Em convergência com o estado atual da teoria contemporânea da "ação social" de Guiddens, Ellias e Habermas, situa-se a especificidade do conhecimento social na interação intencional e comunicativa com os agentes sociais. Dá lugar, assim, a interpretação infantil dos significados sociais dos atos de autoridade sobre uma diversidade de símbolos, tais como os gestos, as ordens ou os ritos escolares. Destaca-se a tese da "tensão essencial": na intenção simbólica, as crianças constróem suas interpretações e explicações num contexto de pressão institucional, pois são "alvo" dos atos prescritivos. Depois da explicitação das teses construtivistas para o conhecimento social ou, ao menos, para um de seus subdomínios, é possível assumir as relações com a teoria psicossocial das representações sociais. Rejeita-se a idéia de que uma interpretação da formação de noções sociais, através de uma perspectiva psicossocial, seja uma alternativa à psicogênese. Propõe-se um campo de trabalho interdisciplinário a partir do exame das relações epistêmicas entre as indagações. Reexamina-se, também, à luz do construtivismo epistemológico, a problemática educativa da mudança conceitual das noções sociais. Em particular, estudam-se as relações entre a sociogênese dos conceitos disciplinários, a psicogênese e a mudança conceitual, desde o ponto-de-vista dos mecanismos "comuns" propostos pela epistemologia genética. Estabelecem-se as conseqüências que derivam dos estudos psicogenéticos das "idéias prévias" dos estudantes e de sua interpretação de "domínio", para reformular e reorientar as indagações sobre a mudança das idéias prévias em direção ao saber disciplinário. Por último, conclui-se que a versão renovada do programa piagetiano de pesqui- sas evidencia sua consistência nos estudos empíricos realizados e nas teses epistemológicas explicitadas. Semelhante perspectiva permite a essa tradição, reinserir-se no debate contemporâneo sobre os conhecimentos de domínio, abrir um diálogo critico com outras correntes de pensamento e propor atividades interdisciplinárias.
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spelling Castorina, José AntonioBecker, Fernando2022-08-06T04:45:09Z1997http://hdl.handle.net/10183/246281000123354Esta tese esforça-se em colocar os problemas epistemológicos suscitados a partir da extensão do programa piagetiano de pesquisa em direção à psicogênese dos conheci mentos sociais das crianças e, mais tarde, ao estudo da mudança conceitual das noções sociais no processo ensino-aprendizagem. Esses problemas pertencem, por um lado, à epistemologia genética no sentido de dar respostas à questão da "especificidade" do conhecimento social, estabelecendo: se na defesa dos conhecimentos de "domínio" há incompatibilidade com os instrumentos mais gerais de conhecimento, se há algum tipo de interação peculiar com o objeto social, que subjaz à formação das noções, e como desenvolvem-se os processos de construção nesse contexto durante a psicogênese e na mudança conceitual. Por outro lado, questões de epistemologia "interna" referidas a análise da pertinência metodológica de certas categorias, como, por exemplo: "teoria", para dar conta da sistematicidade do pensamento infantil da autoridade ou, ao impacto dessa posição de "domínio" para o conhecimento social sobre as teses centrais do programa construtivista. As argumentações epistemológicas apoiam-se nos resultados de pesquisas empíricas realizadas por equipes da Universidade de Buenos Aires, sobre a psicogênese da noção de autoridade política e da noção de autoridade escolar. Algumas das teses construtivistas sustentadas são: as indagações psicogenéticas sobre a noção de autoridade admitem uma seqüência de avanços de "menor a maior nível de conhecimento" em termos de teorias infantis. Essas teorias caracterizam-se por um domínio de entidades e relações de autoridade, algumas hipóteses centrais e outras periféricas, como também por explicações "por razões" referidas aos atos prescritivos. Tais "teorias" implícitas são totalmente compatíveis com a organização lógica das hipóteses afirmadas pelas crianças. Contrário às teses "modularistas" vigentes na psicologia do desenvolvimento, defende-se sua articulação com os aspectos "generalistas": alguma lógica que atravessa os diferentes níveis de conhecimento e um decidido recurso ao conhecimento conceitual apropriado ao conteúdo de autoridade. Em convergência com o estado atual da teoria contemporânea da "ação social" de Guiddens, Ellias e Habermas, situa-se a especificidade do conhecimento social na interação intencional e comunicativa com os agentes sociais. Dá lugar, assim, a interpretação infantil dos significados sociais dos atos de autoridade sobre uma diversidade de símbolos, tais como os gestos, as ordens ou os ritos escolares. Destaca-se a tese da "tensão essencial": na intenção simbólica, as crianças constróem suas interpretações e explicações num contexto de pressão institucional, pois são "alvo" dos atos prescritivos. Depois da explicitação das teses construtivistas para o conhecimento social ou, ao menos, para um de seus subdomínios, é possível assumir as relações com a teoria psicossocial das representações sociais. Rejeita-se a idéia de que uma interpretação da formação de noções sociais, através de uma perspectiva psicossocial, seja uma alternativa à psicogênese. Propõe-se um campo de trabalho interdisciplinário a partir do exame das relações epistêmicas entre as indagações. Reexamina-se, também, à luz do construtivismo epistemológico, a problemática educativa da mudança conceitual das noções sociais. Em particular, estudam-se as relações entre a sociogênese dos conceitos disciplinários, a psicogênese e a mudança conceitual, desde o ponto-de-vista dos mecanismos "comuns" propostos pela epistemologia genética. Estabelecem-se as conseqüências que derivam dos estudos psicogenéticos das "idéias prévias" dos estudantes e de sua interpretação de "domínio", para reformular e reorientar as indagações sobre a mudança das idéias prévias em direção ao saber disciplinário. Por último, conclui-se que a versão renovada do programa piagetiano de pesqui- sas evidencia sua consistência nos estudos empíricos realizados e nas teses epistemológicas explicitadas. Semelhante perspectiva permite a essa tradição, reinserir-se no debate contemporâneo sobre os conhecimentos de domínio, abrir um diálogo critico com outras correntes de pensamento e propor atividades interdisciplinárias.Esta tesis es un esfuerzo por plantear los problemas epistemológicos que se suscitan a partir de la extensión del programa piagetiano de investigación hacia la psicogénesis de los conocimientos sociales de los niños, y más tarde en el estudio del cambio conceptual de las nociones sociales en el proceso de enseñanza-aprendizaje. Dichos problemas son: por un lado, de epistemologia genética, en el sentido de responder a la questión de la "especificidad" del conocimiento social, estableciendo si al defender conocimientos de "dominio" se entra en incompatibilidad con los instrumentos más generales de conocimiento; si hay algún tipo de interacción característica con el objeto social que subyace a la formación de las nociones; como se dan los procesos de construcción en tal contexto, durante la psicogêneses y en el cambio conceptual. Por otro lado, cuestiones de epistemología "interna" referidos al análisis de la pertinencia metodológica de ciertas categorias, por ej. "teoria" para dar cuenta de la sistematicidad del pensamiento infantil de la autoridad o al impacto de esta posición de "domínio" para el conocimiento social sobre las tesis centrales dei programa constructivista. Las argumentaciones epistemológicas se sostienen en base a los resultados de investigaciones empíricas realizadas por equipas de la Universidad de Buenos Aires sobre la psicogénesis de la noción de autoridad política y de la noción de autoridad escolar. Algunas de las tesis constructivistas que se sostienen son las siguientes: Las indagaciones psicogenéticas sobre la noción de autoridad admiten una secuencia de avance de "menor a mayor grado de conocimiento" en términos de teorias infatiles. Estas se caracterizan por un domínio de entidades y relaciones de autoridad, algunas hipótesis centrales y otras periféricas, asi como por explicaciones "por razones" de los actos prescriptivos. Tales "teorias" implícitas son por completo compatibles con la organización lógica de las hipótesis afirmadas por los niños. En contra de las tesis "modularistas" vigentes en la psicología del desarrollo, se defiende su articulación con los aspectos "generalistas": alguna lógica que atraviesa los diferentes niveles de conocimiento y un decidido recurso al conocimiento conceptual apropiado al contenido de la autoridad. En convergencia con el estado actual de la teoria contemporánea de la "acción social" de Guiddens, Ellias y Habermas, se sitúa la especificidad dei conocimiento social en la interacción intencional y comunicativa con los agentes sociales. Ello da lugar a la interpretación infantil de los significados sociales de los actos de autoridad sobre una diversidad de símbolos, tales como los gestos, las órdenes o los ritos escolares. Se destaca la tesis de la "tensión esencial": en la interacción simbólica, los niños construyen sus intepretaciones y explicaciones en un contexto de presión institucional, de ser "blanco" de los actos prescriptivos. Una vez desplegadas las tesis constructivistas para el conocimiento social, o al menos para uno de sus subdominios, se pueden asumir las relaciones con la teoria psicossocial de las representaciones sociales. Se rechaza que una interpretación de la formación de nociones sociales en una perspectiva psicossocial sea una alternativa a la psicogénesis. Se postula un campo de trabajo interdisciplinario a partir de examinar las relaciones epistémicas entre las indagaciones. Se reexamina también, a la luz dei constructivismo epistemológico, la problemática educativa del cambio conceptual de las nociones sociales. En particular, se estudian las relaciones entre la sociogénesis de los conceptos disciplinarias, la psicogénesis y el cambio conceptual, desde el punto de vista de los mecanismos "comunes" propuestos por la epistemología genética. Se establecen las consecuencias que derivan de los estudios psicogenéticos de las "ideas previas" de los estudiantes, y de su interpretación de "domínio" para reformular, para reorientar las indagaciones sobre el cambio de las ideas previas en dirección al saber disciplinario. Por último, se concluye que una versión renovada del programa piagetiano de investigaciones, lo muestra consistente con los estudios empíricos realizados y con las tesis epistemológicas desplegadas. Semejante perspectiva permite a esta tradición reinsertarse en el debate contemporáneo sobre los conocimientos de domínio, abrir un diálogo crítico con otras corrientes del pensamiento, y proponer actividades iterdisciplinarias.application/pdfporPsicogêneseEpistemologia genéticaConstrução do conhecimentoAlgumas teses epistemológicas sobre a construção de conhecimentos sociais : análise e interpretação de indagações psicogenéticasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS1997doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000123354.pdf.txt000123354.pdf.txtExtracted Texttext/plain454237http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/246281/2/000123354.pdf.txt0553ccc9e948c01d990f2cd03ca92c20MD52ORIGINAL000123354.pdfTexto completoapplication/pdf10876301http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/246281/1/000123354.pdfc7365ab5ea6615521544039371255708MD5110183/2462812022-08-07 04:37:49.725998oai:www.lume.ufrgs.br:10183/246281Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-08-07T07:37:49Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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