O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Aguilar Filho, Hélio Afonso de
Orientador(a): Fonseca, Pedro Cezar Dutra
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/18303
Resumo: A principal proposição da teoria de Douglass North é que as instituições formam-se com diferentes graus de eficiência de sociedade para sociedade para promover a cooperação entre os agentes. Existem, a princípio, dois tipos de eficiência: a produtiva e a adaptativa. À luz das formulações teóricas de North e dos "interpretes" do Brasil, a saber, Sérgio Buarque de Holanda, Vianna Moog e Raymundo Faoro, este trabalho analisa as especificidades das instituições brasileiras que justificam seu atraso. Dessa leitura comum, apesar de os "interpretes" e North perfilharem-se a marcos teóricos bem distintos, destacou-se o fato da sociedade brasileira ser ineficiente tanto em termos produtivos quanto adaptativos. Duas razões justificam a ineficiência produtiva: a primeira diz respeito à cooperação, ou seja, produziu-se um intercâmbio baseado nas redes de relações pessoais em detrimento da impessoalidade advogada por North. A segunda razão advém do fato de o marco institucional brasileiro não ter estimulado a competição. Em Faoro, isto ocorre porque o Estado não assume o papel de fiador de uma ordem jurídica impessoal e universal. Em Sérgio Buarque, a devoção dos brasileiros para com as relações pessoais, ensejou um tipo de cooperação contrária às instituições modernas como o Estado e o mercado. Para Moog, por sua vez, as relações capitalistas foram desvirtuadas pelo espírito predatório herdado das bandeiras. Em se tratando da eficiência adaptativa, poder-se-ia dizer, de acordo com Faoro, que o tipo de arranjo institucional que se desenvolveu no Brasil favoreceu o interesse dos grupos de poder em detrimento dos direitos dos cidadãos. Para Sérgio Buarque e Vianna Moog, a educação no país apresentou-se mais como ornamento e fonte de prestígio formal do que meio para gerar conhecimento produtivo. Quanto à democracia e a garantia das liberdades, para Sérgio Buarque, o que de fato existiu foi a substituição de um personalismo por outro. Em Moog, tanto os valores que animaram os bandeirantes, quanto o mazombo, incentivaram o desenvolvimento de uma ética contrária ao espírito público. Por fim, no que diz respeito à mudança institucional, o patrimonialismo, na visão de Faoro, é a estrutura que se renova e se perpetua, sendo a mudança filtrada pelo estamento. Em Sérgio Buarque, é o personalismo o elemento a permanecer em todo o processo de mudança institucional. Na concepção de Moog, é o espírito predatório herdado das bandeiras elevado à condição de imagem mental coletiva que impede a mudança institucional.
id URGS_adff82bdc349a879989df62ee9019a67
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/18303
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str
spelling Aguilar Filho, Hélio Afonso deFonseca, Pedro Cezar Dutra2010-01-27T04:15:19Z2009http://hdl.handle.net/10183/18303000703983A principal proposição da teoria de Douglass North é que as instituições formam-se com diferentes graus de eficiência de sociedade para sociedade para promover a cooperação entre os agentes. Existem, a princípio, dois tipos de eficiência: a produtiva e a adaptativa. À luz das formulações teóricas de North e dos "interpretes" do Brasil, a saber, Sérgio Buarque de Holanda, Vianna Moog e Raymundo Faoro, este trabalho analisa as especificidades das instituições brasileiras que justificam seu atraso. Dessa leitura comum, apesar de os "interpretes" e North perfilharem-se a marcos teóricos bem distintos, destacou-se o fato da sociedade brasileira ser ineficiente tanto em termos produtivos quanto adaptativos. Duas razões justificam a ineficiência produtiva: a primeira diz respeito à cooperação, ou seja, produziu-se um intercâmbio baseado nas redes de relações pessoais em detrimento da impessoalidade advogada por North. A segunda razão advém do fato de o marco institucional brasileiro não ter estimulado a competição. Em Faoro, isto ocorre porque o Estado não assume o papel de fiador de uma ordem jurídica impessoal e universal. Em Sérgio Buarque, a devoção dos brasileiros para com as relações pessoais, ensejou um tipo de cooperação contrária às instituições modernas como o Estado e o mercado. Para Moog, por sua vez, as relações capitalistas foram desvirtuadas pelo espírito predatório herdado das bandeiras. Em se tratando da eficiência adaptativa, poder-se-ia dizer, de acordo com Faoro, que o tipo de arranjo institucional que se desenvolveu no Brasil favoreceu o interesse dos grupos de poder em detrimento dos direitos dos cidadãos. Para Sérgio Buarque e Vianna Moog, a educação no país apresentou-se mais como ornamento e fonte de prestígio formal do que meio para gerar conhecimento produtivo. Quanto à democracia e a garantia das liberdades, para Sérgio Buarque, o que de fato existiu foi a substituição de um personalismo por outro. Em Moog, tanto os valores que animaram os bandeirantes, quanto o mazombo, incentivaram o desenvolvimento de uma ética contrária ao espírito público. Por fim, no que diz respeito à mudança institucional, o patrimonialismo, na visão de Faoro, é a estrutura que se renova e se perpetua, sendo a mudança filtrada pelo estamento. Em Sérgio Buarque, é o personalismo o elemento a permanecer em todo o processo de mudança institucional. Na concepção de Moog, é o espírito predatório herdado das bandeiras elevado à condição de imagem mental coletiva que impede a mudança institucional.The main proposition of Douglass North's theory is that institutions are formed with different degrees of efficiency of society for society to promote cooperation among agents. There are, in principle, two types of efficiency: the productive and adaptive. Despite the theoretical formulations of North and "interpreters" of Brazil, namely, Sérgio Buarque de Holanda, Vianna Moog and Raymundo Faoro, this work examines the peculiarities of Brazilian institutions to justify their "backwardness". From this common reading, although the "interpreters" and North shares distinct theoreticals framework, there is the fact that brazilian society is inefficient in terms productive and adaptive. Two reasons justify the productive inefficiency: the first relates to cooperation, that is produced is an exchange based on networks of personal relationships rather than impersonality sustained by North. The second reason is the fact that the Brazilian institutional matrix has not encouraged competition. To Faoro, this occurs because the State does not assume the role of guarantor of an impersonal and universal legal order. To Sérgio Buarque, the devotions of brazilians to personal relationships encouraged a type of relationship against the modern State and market. To Moog, in turn, the capitalist relations have been corrupted by predatory spirit inherited the "bandeiras". In the case of adaptive efficiency, one could say, according Faoro, the type of institutional arrangement that has developed in Brazil favored the interests of groups of power to the detriment of citizens' rights. According to Sérgio Buarque and Vianna Moog, education in the country has been presented more as ornament and source of prestige than as a way to generate productive knowledge. In respect to democracy and liberties, which in fact existed, second Sérgio Buarque, was the replacement of one by another personalism. To Moog, both the values that animated the "bandeirantes", as mazombo, encouraged the development of an ethic against the public spirit. Finally, with respect to institutional change, the patrimonialism, in the view of Faoro, is the structure that is renewed, the change is filtered by the groups of status. In Sérgio Buarque, personalism is the element to remain in the whole process of institutional change. In View of Moog, the predatory spirit of "bandeiras", like a collective simbol, is the legacy that prevents institutional change.application/pdfporInstitucionalismoEconomia institucionalTeoria econômica institucionalistaDesenvolvimento econômicoInstituiçõesBrasilInstitutionsDouglass NorthBackwardnessSérgio Buarque de HolandaRaymundo FaoroVianna MoogO institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em EconomiaPorto Alegre, BR-RS2009doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000703983.pdf.txt000703983.pdf.txtExtracted Texttext/plain552631http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/18303/2/000703983.pdf.txt81163438a7c26dc0e1b97c23e960e6faMD52ORIGINAL000703983.pdf000703983.pdfTexto completoapplication/pdf1296567http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/18303/1/000703983.pdf6abc2b15740c35414a7df63214bea526MD51THUMBNAIL000703983.pdf.jpg000703983.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg974http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/18303/3/000703983.pdf.jpg0f93d6c6630ab1871832f62b04270052MD5310183/183032018-10-05 08:25:26.781oai:www.lume.ufrgs.br:10183/18303Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-05T11:25:26Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
title O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
spellingShingle O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
Aguilar Filho, Hélio Afonso de
Institucionalismo
Economia institucional
Teoria econômica institucionalista
Desenvolvimento econômico
Instituições
Brasil
Institutions
Douglass North
Backwardness
Sérgio Buarque de Holanda
Raymundo Faoro
Vianna Moog
title_short O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
title_full O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
title_fullStr O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
title_full_unstemmed O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
title_sort O institucionalismo de Douglass North e as interpretações weberianas do atraso brasileiro
author Aguilar Filho, Hélio Afonso de
author_facet Aguilar Filho, Hélio Afonso de
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Aguilar Filho, Hélio Afonso de
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Fonseca, Pedro Cezar Dutra
contributor_str_mv Fonseca, Pedro Cezar Dutra
dc.subject.por.fl_str_mv Institucionalismo
Economia institucional
Teoria econômica institucionalista
Desenvolvimento econômico
Instituições
Brasil
topic Institucionalismo
Economia institucional
Teoria econômica institucionalista
Desenvolvimento econômico
Instituições
Brasil
Institutions
Douglass North
Backwardness
Sérgio Buarque de Holanda
Raymundo Faoro
Vianna Moog
dc.subject.eng.fl_str_mv Institutions
Douglass North
Backwardness
Sérgio Buarque de Holanda
Raymundo Faoro
Vianna Moog
description A principal proposição da teoria de Douglass North é que as instituições formam-se com diferentes graus de eficiência de sociedade para sociedade para promover a cooperação entre os agentes. Existem, a princípio, dois tipos de eficiência: a produtiva e a adaptativa. À luz das formulações teóricas de North e dos "interpretes" do Brasil, a saber, Sérgio Buarque de Holanda, Vianna Moog e Raymundo Faoro, este trabalho analisa as especificidades das instituições brasileiras que justificam seu atraso. Dessa leitura comum, apesar de os "interpretes" e North perfilharem-se a marcos teóricos bem distintos, destacou-se o fato da sociedade brasileira ser ineficiente tanto em termos produtivos quanto adaptativos. Duas razões justificam a ineficiência produtiva: a primeira diz respeito à cooperação, ou seja, produziu-se um intercâmbio baseado nas redes de relações pessoais em detrimento da impessoalidade advogada por North. A segunda razão advém do fato de o marco institucional brasileiro não ter estimulado a competição. Em Faoro, isto ocorre porque o Estado não assume o papel de fiador de uma ordem jurídica impessoal e universal. Em Sérgio Buarque, a devoção dos brasileiros para com as relações pessoais, ensejou um tipo de cooperação contrária às instituições modernas como o Estado e o mercado. Para Moog, por sua vez, as relações capitalistas foram desvirtuadas pelo espírito predatório herdado das bandeiras. Em se tratando da eficiência adaptativa, poder-se-ia dizer, de acordo com Faoro, que o tipo de arranjo institucional que se desenvolveu no Brasil favoreceu o interesse dos grupos de poder em detrimento dos direitos dos cidadãos. Para Sérgio Buarque e Vianna Moog, a educação no país apresentou-se mais como ornamento e fonte de prestígio formal do que meio para gerar conhecimento produtivo. Quanto à democracia e a garantia das liberdades, para Sérgio Buarque, o que de fato existiu foi a substituição de um personalismo por outro. Em Moog, tanto os valores que animaram os bandeirantes, quanto o mazombo, incentivaram o desenvolvimento de uma ética contrária ao espírito público. Por fim, no que diz respeito à mudança institucional, o patrimonialismo, na visão de Faoro, é a estrutura que se renova e se perpetua, sendo a mudança filtrada pelo estamento. Em Sérgio Buarque, é o personalismo o elemento a permanecer em todo o processo de mudança institucional. Na concepção de Moog, é o espírito predatório herdado das bandeiras elevado à condição de imagem mental coletiva que impede a mudança institucional.
publishDate 2009
dc.date.issued.fl_str_mv 2009
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2010-01-27T04:15:19Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/18303
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000703983
url http://hdl.handle.net/10183/18303
identifier_str_mv 000703983
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/18303/2/000703983.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/18303/1/000703983.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/18303/3/000703983.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 81163438a7c26dc0e1b97c23e960e6fa
6abc2b15740c35414a7df63214bea526
0f93d6c6630ab1871832f62b04270052
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1797064936401141760