A conciliação de contradições inerentes à prática coletiva da agricultura urbana
Ano de defesa: | 2019 |
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Link de acesso: | http://hdl.handle.net/10183/196059 |
Resumo: | A agricultura urbana na contemporaneidade se apresenta como um movimento complexo e multifacetado. Embora as práticas de cultivo em espaços ociosos nas cidades não sejam novas, muito tem se destacado na atualidade sobre quão contributivas essas práticas, sejam elas individuais ou coletivas, podem ser para a concepção de modelos diferenciados de ocupação do espaço urbano. Temas como sustentabilidade, resiliência, resgate de laços comunitários, revitalização de espaços ociosos, público ou privados, reconexão com a natureza, cultivo de alimentos, terapias ocupacionais, dinâmicas recreativas e educacionais, tratamento de enfermidades por meio de plantas medicinais ou mesmo a descoberta de plantas alimentícias não convencionais, são alguns dos motes que acompanham a defesa da agricultura urbana. Para além dos benefícios destacados e reconhecidos alinhados a essa prática, são ressaltadas também perspectivas críticas que levam à abertura para um olhar no qual se pode questionar a noção de público e privado, a noção de acesso, direito à cidade e a ideia de gentrificação dos espaços a partir do estabelecimento de hortas, pautas essas vinculadas à discussão sobre a cidade neoliberal. Trazendo a problemática da cidade para o diálogo com a agricultura urbana, é possível complexificar a leitura do fenômeno em questão nesta pesquisa. Nesse sentido, para fins de compreender a dinâmica organizativa de uma iniciativa de agricultura urbana coletiva, esta pesquisa analisou, ao longo de dois anos, por meio de uma investigação participante, a constituição e os engendramentos da Horta da Formiga, situada no Centro Histórico de Porto Alegre-RS. A integração da pesquisadora com o grupo de agentes protagonistas do movimento visava descortinar as práticas e, a partir dessa imersão, definir uma problemática a ser trabalhada. Foi nessa intensiva interação nas atividades da Horta da Formiga que surgiu a questão de pesquisa norteadora deste trabalho, a saber: Como agentes protagonistas em uma horta urbana coletiva conciliam as contradições inerentes a esse campo social? Com a finalidade de responder esse questionamento, optou-se por definir a Horta da Formiga como um campo social, na perspectiva de Pierre Bourdieu e a partir da análise relacional desse campo, levando em consideração as relações de poder e dominação estabelecidas, identificar como se dá essa conciliação de contradições. Assim, analisando a complexidade das relações estabelecidas, foi possível chegar à noção de Estado, também em Pierre Bourdieu, que permitiu verificar a gênese desse ente social e descortinar a sua representatividade nas mais sutis práticas da vida cotidiana em sociedade. Dessa forma, reunindo a problemática em torno da agricultura urbana coletiva, as questões desafiadores para se pensar a cidade contemporânea, bem como as noções de campo social e Estado em Pierre Bourdieu, foi possível chegar ao resultado geral desta pesquisa, na qual amplas fontes de dados foram utilizadas para a interpretação e narrativa conduzida: Quanto mais os agentes protagonistas da Horta da Formiga se aproximam dos capitais tidos como legítimos ao Estado, mais são capazes de conciliar as contradições que se atravessam nesse campo. A noção de capitais em Pierre Bourdieu é um dos elementos fundamentais para a discussão de campo social. A pesquisa buscou, nesse sentido, descortinar um movimento contemporâneo, trazendo à discussão elementos e mecanismos sociais que estão nos fundamentos da sua prática. |
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Souza, Ana Clara Aparecida Alves deLopes, Fernando Dias2019-06-22T02:34:56Z2019http://hdl.handle.net/10183/196059001095078A agricultura urbana na contemporaneidade se apresenta como um movimento complexo e multifacetado. Embora as práticas de cultivo em espaços ociosos nas cidades não sejam novas, muito tem se destacado na atualidade sobre quão contributivas essas práticas, sejam elas individuais ou coletivas, podem ser para a concepção de modelos diferenciados de ocupação do espaço urbano. Temas como sustentabilidade, resiliência, resgate de laços comunitários, revitalização de espaços ociosos, público ou privados, reconexão com a natureza, cultivo de alimentos, terapias ocupacionais, dinâmicas recreativas e educacionais, tratamento de enfermidades por meio de plantas medicinais ou mesmo a descoberta de plantas alimentícias não convencionais, são alguns dos motes que acompanham a defesa da agricultura urbana. Para além dos benefícios destacados e reconhecidos alinhados a essa prática, são ressaltadas também perspectivas críticas que levam à abertura para um olhar no qual se pode questionar a noção de público e privado, a noção de acesso, direito à cidade e a ideia de gentrificação dos espaços a partir do estabelecimento de hortas, pautas essas vinculadas à discussão sobre a cidade neoliberal. Trazendo a problemática da cidade para o diálogo com a agricultura urbana, é possível complexificar a leitura do fenômeno em questão nesta pesquisa. Nesse sentido, para fins de compreender a dinâmica organizativa de uma iniciativa de agricultura urbana coletiva, esta pesquisa analisou, ao longo de dois anos, por meio de uma investigação participante, a constituição e os engendramentos da Horta da Formiga, situada no Centro Histórico de Porto Alegre-RS. A integração da pesquisadora com o grupo de agentes protagonistas do movimento visava descortinar as práticas e, a partir dessa imersão, definir uma problemática a ser trabalhada. Foi nessa intensiva interação nas atividades da Horta da Formiga que surgiu a questão de pesquisa norteadora deste trabalho, a saber: Como agentes protagonistas em uma horta urbana coletiva conciliam as contradições inerentes a esse campo social? Com a finalidade de responder esse questionamento, optou-se por definir a Horta da Formiga como um campo social, na perspectiva de Pierre Bourdieu e a partir da análise relacional desse campo, levando em consideração as relações de poder e dominação estabelecidas, identificar como se dá essa conciliação de contradições. Assim, analisando a complexidade das relações estabelecidas, foi possível chegar à noção de Estado, também em Pierre Bourdieu, que permitiu verificar a gênese desse ente social e descortinar a sua representatividade nas mais sutis práticas da vida cotidiana em sociedade. Dessa forma, reunindo a problemática em torno da agricultura urbana coletiva, as questões desafiadores para se pensar a cidade contemporânea, bem como as noções de campo social e Estado em Pierre Bourdieu, foi possível chegar ao resultado geral desta pesquisa, na qual amplas fontes de dados foram utilizadas para a interpretação e narrativa conduzida: Quanto mais os agentes protagonistas da Horta da Formiga se aproximam dos capitais tidos como legítimos ao Estado, mais são capazes de conciliar as contradições que se atravessam nesse campo. A noção de capitais em Pierre Bourdieu é um dos elementos fundamentais para a discussão de campo social. A pesquisa buscou, nesse sentido, descortinar um movimento contemporâneo, trazendo à discussão elementos e mecanismos sociais que estão nos fundamentos da sua prática.Urban agriculture in contemporary times presents itself as a complex and multifaceted movement. Although cultivation practices in idle spaces in cities are not new, much has been highlighted today about how contributory these practices can be, whether individual or collective, for the design of differentiated models for urban space occupation. Topics such as sustainability, resilience, rescue of community ties, revitalization of public or private idle spaces, reconnection with the nature, food cultivation, occupational therapies, recreational and educational dynamics, treatment of diseases through medicinal plants or even the discovery of unconventional food plants, are some of the mottos that accompany the defense of urban agriculture. In addition to the prominent and recognized benefits aligned with this practice, there are also critical perspectives that lead to a view in which one can question the notion of public and private, the notion of access, the right to the city and the idea of gentrification of spaces with the establishment of gardens, guidelines that are linked to the discussion about the neoliberal city. Bringing the problem of the city to the dialogue with urban agriculture, it is possible to complexify the reading of the phenomenon investigated in this study. In this sense, for the purpose of understanding the organizational dynamics of a collective urban agriculture initiative, this research analyzed, over a period of two years, through participatory research, the constitution and the engenderings of Horta da Formiga, located in the Historic Center of Porto Alegre-RS. The integration of the researcher with the group of protagonists aimed to unveil the practices and, from this immersion, to define the problem to be worked. It was in this intensive interaction in the activities of Horta da Formiga that the question guiding research of this study arose, namely: How do protagonist agents in a collective urban garden conciliate the contradictions inherent to this social field? In order to answer this question, we chose to define Horta da Formiga as a social field, from the perspective of Pierre Bourdieu and from the relational analysis of this field, considering the established relations of power and domination, to identify how the conciliation of these contradictions take place. Thus, analyzing the complexity of the established relations, it was possible to arrive at the notion of State, also in Pierre Bourdieu, which allowed to verify the genesis of this social entity and to discover its representativeness in the subtlest practices of daily life in society. In this way, bringing together the problems surrounding collective urban agriculture, challenging questions concerning the contemporary city, as well as the notions of social field and State in Pierre Bourdieu, it was possible to reach the general result of this research, in which broad data sources were used for the interpretation and for the narrative conducted: The more protagonists of Horta da Formiga approach the capitals considered as legitimate by the State, the more they are able to conciliate the contradictions that cross this field. The notion of capital in Pierre Bourdieu is one of the fundamental elements for the discussion of social field. This research sought, in this sense, to unveil a contemporary movement, bringing to discussion elements and social mechanisms that are at the basis of its practice.application/pdfporAgricultura urbanaUrban AgricultureStateSocial FieldContradictionsCityA conciliação de contradições inerentes à prática coletiva da agricultura urbanainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de AdministraçãoPrograma de Pós-Graduação em AdministraçãoPorto Alegre, BR-RS2019doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001095078.pdf.txt001095078.pdf.txtExtracted Texttext/plain461988http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/196059/2/001095078.pdf.txt767f86e609d513f66ae910545f7eeba5MD52ORIGINAL001095078.pdfTexto completoapplication/pdf7529487http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/196059/1/001095078.pdf30551d7abc170aca3e2b820c0096f246MD5110183/1960592019-06-23 02:33:47.139696oai:www.lume.ufrgs.br:10183/196059Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-06-23T05:33:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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