Atendimento educacional especializado : cartas sobre o agir pedagógico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Escobar, Débora Scherer de
Orientador(a): Vasques, Carla Karnoppi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/210240
Resumo: Esta dissertação tem o objetivo de abordar as práticas pedagógicas da educação especial e propor atuações que considerem as singularidades dos alunos. Investigamos as continuidades, as rupturas e os desafios da prática pedagógica no atendimento educacional especializado (AEE) por uma perspectiva inclusiva. A educação inclusiva e o princípio da diversidade promoveram acesso, mas ainda não romperam com a perspectiva médico-pedagógica, tradicional na área e nos serviços prestados pela educação especial. No contexto internacional e brasileiro, a institucionalização da pessoa com deficiência contribui para uma representação social pautada por ineducabilidade, dependência, imaturidade, improdutividade e uma educação excludente (BUENO, 2012; JANUZZI, 2004; KASSAR, 2011; SKRTIC, 1996). Na arena social, o “especial” é ainda interpretado como característica negativa que limita a pessoa a um lugar de educação (PLAISANCE, 2015). Além disso, a prática pedagógica seleciona metodologias e recursos derivados do modelo médico de deficiência, o que impõe limites aos alunos e à docência ao minimizar a potência da escola, dos encontros, da palavra, do conhecimento. Diante dessas práticas tecnificadas e generalistas, que não consideram o alunosujeito em suas singularidades, buscamos outra perspectiva: a do agir pedagógico. Como sustentar, em escolas comuns, um agir pedagógico atento às singularidades dos alunos considerados com deficiência? Para trabalhar essa questão, este estudo teórico foi inspirado na experiência docente em uma escola privada do Rio Grande do Sul, entre 2010 e 2016, com Mateus, um aluno considerado surdocego. Metodologicamente, foram projetadas três ações: passar o relato oral (dos encontros com Mateus) para o escrito, compartilhar a escrita, transmitir e tornar pública uma experiência. Este trabalho foi construído em quatro seções a partir de sete cartas, que foram dirigidas às professoras do AEE. A carta tem estatuto metodológico no qual é possível acolher a ambivalência, a aposta, o ruído, o berro, o olhar, a morte e o sopro de vida. Na carta, cabe o que o desejo permitir enviar. Em uma carta também cabem os detalhes de uma experiência de AEE à la Mateus. Em diálogo com a psicanálise, propomos três operadores para um agir pedagógico inclusivo: o deslocamento da técnica prescritiva em direção ao alunosujeito, a posição implicada da professora do AEE na cena educativa e a escuta como dispositivo ético, político e pedagógico. Relacionando esses operadores, pretendemos contribuir para a construção de novas experiências com nossos alunos, acolhendo o inusitado na cena pedagógica.
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Na arena social, o “especial” é ainda interpretado como característica negativa que limita a pessoa a um lugar de educação (PLAISANCE, 2015). Além disso, a prática pedagógica seleciona metodologias e recursos derivados do modelo médico de deficiência, o que impõe limites aos alunos e à docência ao minimizar a potência da escola, dos encontros, da palavra, do conhecimento. Diante dessas práticas tecnificadas e generalistas, que não consideram o alunosujeito em suas singularidades, buscamos outra perspectiva: a do agir pedagógico. Como sustentar, em escolas comuns, um agir pedagógico atento às singularidades dos alunos considerados com deficiência? Para trabalhar essa questão, este estudo teórico foi inspirado na experiência docente em uma escola privada do Rio Grande do Sul, entre 2010 e 2016, com Mateus, um aluno considerado surdocego. Metodologicamente, foram projetadas três ações: passar o relato oral (dos encontros com Mateus) para o escrito, compartilhar a escrita, transmitir e tornar pública uma experiência. Este trabalho foi construído em quatro seções a partir de sete cartas, que foram dirigidas às professoras do AEE. A carta tem estatuto metodológico no qual é possível acolher a ambivalência, a aposta, o ruído, o berro, o olhar, a morte e o sopro de vida. Na carta, cabe o que o desejo permitir enviar. Em uma carta também cabem os detalhes de uma experiência de AEE à la Mateus. Em diálogo com a psicanálise, propomos três operadores para um agir pedagógico inclusivo: o deslocamento da técnica prescritiva em direção ao alunosujeito, a posição implicada da professora do AEE na cena educativa e a escuta como dispositivo ético, político e pedagógico. Relacionando esses operadores, pretendemos contribuir para a construção de novas experiências com nossos alunos, acolhendo o inusitado na cena pedagógica.This paper aims to anylize the pedagogical practices of special education and propose actions that could favor the singularities of students. We investigate the context, disruptions and challenges of pedagogical practice within the Brazilian specialized educational care (atendimento educacional especializado, in Portuguese—AEE) from an inclusive approach. The inclusive education and the principle of diversity have promoted access, but have not yet overcomed the medical perspective, traditional in the pedagogical field and in the services provided by special education. In Brazilian and international context, the institutionalization of people with disabilities contributes to a social representation based on uneducability, dependence, immaturity, unproductivity and exclusionary education (BUENO, 2012; JANUZZI, 2004; KASSAR, 2011; SKRTIC, 1996). In social context, “special” is still understood as a negative feature that restricts a person to a place of education (PLAISANCE, 2015). Furthermore, pedagogical practice selects methodologies and resources from the medical model of disability, which imposes limits on students and teachers by minimizing the power of school to establish encounter, connection, and knowledge. Since these methodological practices are too technical and generalist and do not consider the singularities of the studentsubject, we sought the approach of pedagogical action. How to support, in ordinary schools, a pedagogical action aware to the singularities of students with disabilities? To address this issue, this theoretical study was inspired by a teaching experience in a private school in Rio Grande do Sul, between 2010 and 2016, with Mateus, a student considered deafblind. Methodologically, three actions were designed: to transcribe the oral report (from the meeting with Mateus), share the transcription with other people, and make this experience public. This paper has four sections from seven letters addressed to the AEE teachers. The media letter has methodological characteristics, which embraces ambivalence, hope, noise, shouting, looking, death and the breath of life. In a letter, you can set all your wishes. Moreover, within in you can set the details of an AEE à la Mateus experience. In dialogue with psychoanalysis, we propose three principles for an inclusive pedagogical action: favor the student as a subject rather than relying only on prescriptive techniques, consider the position implicated of an AEE teacher in the educational field and use the listening as an ethical, political and pedagogical instrument. By relating these principles, we intend to contribute to the construction of new experiences with our students, welcoming the unusual in the pedagogical scene.application/pdfporEducação especialAtendimento especializadoPsicanáliseSpecial EducationSpecialized Educational CarePedagogical actionPsychoanalysisAtendimento educacional especializado : cartas sobre o agir pedagógicoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS2020mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001114922.pdf.txt001114922.pdf.txtExtracted Texttext/plain184762http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/210240/2/001114922.pdf.txt90cce11ab8360fceb425f8be9bf30729MD52ORIGINAL001114922.pdfTexto completoapplication/pdf566681http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/210240/1/001114922.pdf1ae0585474e1a3b56ca112617af691d7MD5110183/2102402020-06-11 03:50:56.698503oai:www.lume.ufrgs.br:10183/210240Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-06-11T06:50:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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