Psicólogos na rede pública de educação: em busca de uma atuação institucional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Juliana Sano de Almeida Lara
Orientador(a): Marilene Proenca Rebello de Souza
Banca de defesa: Roseli Fernandes Lins Caldas, Ianni Regia Scarcelli
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Link de acesso: https://doi.org/10.11606/D.47.2013.tde-25022014-152955
Resumo: Críticas à atuação tradicionalmente individualizante do psicólogo na área de Educação iniciaram no Brasil um intenso movimento de revisão das concepções desse trabalho e de busca por novas alternativas de exercê-lo. A compreensão de que as queixas escolares são multideterminadas e produzidas na escola levou à necessidade de construir práticas que tenham como foco a instituição escolar, de forma a intervir no processo de produção dessas queixas. Portanto, esta pesquisa visa identificar práticas de psicólogos desenvolvidas na rede pública de educação, em abordagem institucional, de modo a caracterizá-las, compreender as concepções que as embasam e analisar suas contribuições para a Educação. Com isso, pretende-se oferecer subsídios para o estabelecimento de uma atuação crítica na rede pública de ensino, comprometida com uma educação de qualidade. O método baseou-se na abordagem qualitativa de tipo etnográfico, e os procedimentos adotados foram observações do trabalho de psicólogos de duas equipes, pertencentes às Secretarias de Educação de dois municípios do estado de São Paulo, e a realização de entrevistas semiestruturadas com as equipes. É possível destacar que a inserção de psicólogos se dá tanto em equipes uniprofissionais quanto multiprofissionais, com a tentativa de integrar ações entre profissionais de diferentes áreas e setores em ambos os casos. A participação no dia a dia da escola, o atendimento a público-alvo amplo, o trabalho direto com os educadores e propostas de intervenção junto a grupos mostram a tendência de atuação institucional, embasada na concepção de que, para agir na produção das queixas escolares, é necessário intervir na instituição escolar. Por outro lado, práticas como encaminhamentos para avaliação psicológica e neurológica e para atendimento clínico, pautadas no entendimento de que as dificuldades escolares são decorrentes de transtornos, déficits cognitivos ou culturais, problemas emocionais e falta de estrutura familiar, revelam a propensão de atuar de forma clínica. Ambas as tendências são expressas na atuação dos psicólogos, que, no entanto, elegeram a tendência institucional como norte, e intentam superar a tendência clínica. O atendimento às queixas escolares é uma das principais frentes de trabalho dos psicólogos e consiste em investigar a participação dos diferentes atores escolares e de determinantes sociais e institucionais na produção das dificuldades de escolarização. Contudo, os psicólogos percebem que o atendimento a casos individuais de alunos aumenta a quantidade de encaminhamentos e procuram formas de suplantar isso. Uma dessas formas são projetos, cujo foco é a escola ou a rede de ensino como um todo, nos quais procuram atuar no âmbito coletivo. Identifica-se que uma das principais contribuições da atuação dos psicólogos tem sido a mudança de concepção das escolas sobre o fracasso escolar. O enfrentamento a explicações individualizantes, ações medicalizantes, estereótipos e preconceitos sobre os estudantes pobres e suas famílias tem surtido efeito ao alterar a maneira como a escola se coloca diante das queixas escolares: em vez de delegar ao psicólogo a resolução do problema do aluno, assume sua parte de responsabilidade nesse processo e estabelece uma parceria com o psicólogo para, juntos, criarem estratégias de enfrentamento aos desafios presentes no cotidiano escolar
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Psicólogos na rede pública de educação: em busca de uma atuação institucional Psychologists in the public school system: in search of institutional action 2013-11-08Marilene Proenca Rebello de SouzaRoseli Fernandes Lins CaldasIanni Regia ScarcelliJuliana Sano de Almeida LaraUniversidade de São PauloPsicologia Escolar e do Desenvolvimento HumanoUSPBR Atuação do psicólogo Educational Psychology Ensino público Psicologia educacional Psicologia escolar Psychologist performance Public School Education School Psychology Críticas à atuação tradicionalmente individualizante do psicólogo na área de Educação iniciaram no Brasil um intenso movimento de revisão das concepções desse trabalho e de busca por novas alternativas de exercê-lo. A compreensão de que as queixas escolares são multideterminadas e produzidas na escola levou à necessidade de construir práticas que tenham como foco a instituição escolar, de forma a intervir no processo de produção dessas queixas. Portanto, esta pesquisa visa identificar práticas de psicólogos desenvolvidas na rede pública de educação, em abordagem institucional, de modo a caracterizá-las, compreender as concepções que as embasam e analisar suas contribuições para a Educação. Com isso, pretende-se oferecer subsídios para o estabelecimento de uma atuação crítica na rede pública de ensino, comprometida com uma educação de qualidade. O método baseou-se na abordagem qualitativa de tipo etnográfico, e os procedimentos adotados foram observações do trabalho de psicólogos de duas equipes, pertencentes às Secretarias de Educação de dois municípios do estado de São Paulo, e a realização de entrevistas semiestruturadas com as equipes. É possível destacar que a inserção de psicólogos se dá tanto em equipes uniprofissionais quanto multiprofissionais, com a tentativa de integrar ações entre profissionais de diferentes áreas e setores em ambos os casos. A participação no dia a dia da escola, o atendimento a público-alvo amplo, o trabalho direto com os educadores e propostas de intervenção junto a grupos mostram a tendência de atuação institucional, embasada na concepção de que, para agir na produção das queixas escolares, é necessário intervir na instituição escolar. Por outro lado, práticas como encaminhamentos para avaliação psicológica e neurológica e para atendimento clínico, pautadas no entendimento de que as dificuldades escolares são decorrentes de transtornos, déficits cognitivos ou culturais, problemas emocionais e falta de estrutura familiar, revelam a propensão de atuar de forma clínica. Ambas as tendências são expressas na atuação dos psicólogos, que, no entanto, elegeram a tendência institucional como norte, e intentam superar a tendência clínica. O atendimento às queixas escolares é uma das principais frentes de trabalho dos psicólogos e consiste em investigar a participação dos diferentes atores escolares e de determinantes sociais e institucionais na produção das dificuldades de escolarização. Contudo, os psicólogos percebem que o atendimento a casos individuais de alunos aumenta a quantidade de encaminhamentos e procuram formas de suplantar isso. Uma dessas formas são projetos, cujo foco é a escola ou a rede de ensino como um todo, nos quais procuram atuar no âmbito coletivo. Identifica-se que uma das principais contribuições da atuação dos psicólogos tem sido a mudança de concepção das escolas sobre o fracasso escolar. O enfrentamento a explicações individualizantes, ações medicalizantes, estereótipos e preconceitos sobre os estudantes pobres e suas famílias tem surtido efeito ao alterar a maneira como a escola se coloca diante das queixas escolares: em vez de delegar ao psicólogo a resolução do problema do aluno, assume sua parte de responsabilidade nesse processo e estabelece uma parceria com o psicólogo para, juntos, criarem estratégias de enfrentamento aos desafios presentes no cotidiano escolar Criticism towards the traditionally individualizing action of psychologists in the educational field has triggered, in Brazil, an intense movement of revision of this works conceptions, as well as the search for new alternatives to its practice. The understanding that school complaints are determined by multiple factors and produced within the school led to the necessity of building practices that focus on school as an institution, as to intervene in the process of production of such complaints. Therefore, this research intends to identify psychologists practices in the public school system, according to an institutional approach, in order to characterize them, understand the conceptions on which they are founded, and analyze their contributions to Education. The objective is to offer subsidies committed to high quality education for the establishment of critical action in the public school system. The methodology was based on ethnographic research, and the procedures undertaken were the observation of the work of psychologists from two teams from the Departments of Education of two cities within the State of São Paulo, as well as carrying out semi-structured interviews with these teams. Its possible to highlight that psychologists are inserted in teams of both one or multiple professions, with an attempt to integrate actions of professionals from different areas and sectors in both cases. Participation in school routine, assistance to a large target audience, direct work with educators, and group intervention proposals show the trend of institutional action, founded on the conception that, to act on the production of school complaints, its necessary to intervene in the school institution. On the other hand, practices such as referrals to psychological and neurological evaluation and to clinical treatment, based on the understanding that school difficulties result from disorders, cognitive or cultural deficit, emotional problems and lack of family structure, reveal the propensity of acting from a clinical perspective. Both tendencies are expressed in the psychologists action, that have elected, however, the institutional tendency as a guideline, and try to overcome the clinical tendency. Assistance to school complaints is one of the psychologists main work fronts and consists on investigating the role of different social actors at school and of social and institutional determinants in the production of difficulties in schooling. However, psychologists notice that assistance to students individual cases increases the amount of referrals, and so they seek ways of supplanting this. One of these ways is proposing projects that focus on the school or the school system as a whole, and in which they try to act in the collective sphere. Its been identified that one of the main contributions of psychologists action is the change in schools conceptions about school failure. The facing of individualizing explanations, medicalizing actions, and stereotypes and prejudice about poor students and their families has been achieving results by altering the way schools face school complaints: instead of delegating to psychologists the resolution of a students problems, they take their share of responsibility in this process and establish a partnership with the psychologist, so that, together, they can create strategies to confront the challenges of everyday life at school https://doi.org/10.11606/D.47.2013.tde-25022014-152955info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T20:06:11Zoai:teses.usp.br:tde-25022014-152955Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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