Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Luis Felipe Kojima Hirano
Orientador(a): Lilia Katri Moritz Schwarcz
Banca de defesa: Esther Imperio Hamburger, Marcelo Siqueira Ridenti, Nicolau Sevcenko, Laura Moutinho da Silva
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Ciência Social (Antropologia Social)
Departamento: Não Informado pela instituição
País: BR
Link de acesso: https://doi.org/10.11606/T.8.2013.tde-14112013-122614
Resumo: Esta tese pretende analisar a trajetória de mais de 70 anos de Sebastião Bernardes de Souza Prata, Grande Otelo (1917-1993). Por um ângulo, ela contribui para pensar diferentes momentos do cinema brasileiro, tendo em vista que o ator foi parte integrante do imaginário cinematográfico nacional dos anos 1930 aos 1990, em filmes da Cinédia e Sonofilmes, em Its all true projeto inacabado de Orson Welles no Brasil , em produções do realismo carioca, nas chanchadas da Atlântida, no Cinema Novo e no Cinema Marginal. Por outro ângulo, observar essa trajetória permite refletir sobre o modo como as relações raciais, suas intersecções com a questão de gênero e o próprio corpo dos artistas, negros ou brancos, são reinterpretados conforme a lógica do campo cinematográfico. O fio condutor da análise é uma equação complexa entre linhas de força que extrapolam esta lógica e mecanismos próprios ao cinema, usados para hierarquizar, diferenciar e desigualar intérpretes e escolas. Para empreendê-la, lança-se mão de conceitos, como estrutura de sentimentos da branquitude, estereótipos raciais e persona, e do exame interno dos filmes o que abre caminho para desvelar discursos cinematográficos racistas e estratégias antirracistas. O itinerário de Grande Otelo, assim, possibilita examinar o forte diálogo entre o imaginário racial hollywoodiano e sua tradução por empresas nacionais entre os anos 1930 e 1950, bem como representações alternativas do negro em Its all true, no realismo carioca e em Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. Por contraste, o desaparecimento do ator nos primeiros filmes do Cinema Novo ilumina as perspectivas de Glauber Rocha e Carlos Diegues sobre o negro. Ambos os diretores elegem intérpretes com predicados corporais, fisionomias e performances de masculinidades diferentes de Grande Otelo, como Antonio Pitanga. O retorno de Otelo em Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, propicia discutir um momento reflexivo do cinema brasileiro, quando os impasses do Brasil se explicitam na reformulação de antigas figuras como o malandro e na interlocução renovada com o movimento negro, entre outros. Por fim, discute-se o aprofundamento de um diálogo interno nos filmes de Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, que escalam Grande Otelo como testemunha histórica do cinema brasileiro. Logo, o ator prolífico viabiliza a reflexão, tanto sobre as relações raciais, em suas intersecções com a temática de gênero e corpo, quanto sobre o cinema no Brasil.
id USP_40638d58e1ef1343047f551c24b5b0ba
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-14112013-122614
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993) An interpretation of the Brazilian cinema through Grande Otelo: race, body and gender in his cinematographic performance (1917-1993) 2013-08-02Lilia Katri Moritz SchwarczEsther Imperio HamburgerMarcelo Siqueira RidentiNicolau SevcenkoLaura Moutinho da SilvaLuis Felipe Kojima HiranoUniversidade de São PauloCiência Social (Antropologia Social)USPBR Brazilian cinema Cinema brasileiro Gender and body Gênero e corpo Grande Otelo Grande Otelo Race relations Relações raciais Esta tese pretende analisar a trajetória de mais de 70 anos de Sebastião Bernardes de Souza Prata, Grande Otelo (1917-1993). Por um ângulo, ela contribui para pensar diferentes momentos do cinema brasileiro, tendo em vista que o ator foi parte integrante do imaginário cinematográfico nacional dos anos 1930 aos 1990, em filmes da Cinédia e Sonofilmes, em Its all true projeto inacabado de Orson Welles no Brasil , em produções do realismo carioca, nas chanchadas da Atlântida, no Cinema Novo e no Cinema Marginal. Por outro ângulo, observar essa trajetória permite refletir sobre o modo como as relações raciais, suas intersecções com a questão de gênero e o próprio corpo dos artistas, negros ou brancos, são reinterpretados conforme a lógica do campo cinematográfico. O fio condutor da análise é uma equação complexa entre linhas de força que extrapolam esta lógica e mecanismos próprios ao cinema, usados para hierarquizar, diferenciar e desigualar intérpretes e escolas. Para empreendê-la, lança-se mão de conceitos, como estrutura de sentimentos da branquitude, estereótipos raciais e persona, e do exame interno dos filmes o que abre caminho para desvelar discursos cinematográficos racistas e estratégias antirracistas. O itinerário de Grande Otelo, assim, possibilita examinar o forte diálogo entre o imaginário racial hollywoodiano e sua tradução por empresas nacionais entre os anos 1930 e 1950, bem como representações alternativas do negro em Its all true, no realismo carioca e em Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. Por contraste, o desaparecimento do ator nos primeiros filmes do Cinema Novo ilumina as perspectivas de Glauber Rocha e Carlos Diegues sobre o negro. Ambos os diretores elegem intérpretes com predicados corporais, fisionomias e performances de masculinidades diferentes de Grande Otelo, como Antonio Pitanga. O retorno de Otelo em Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, propicia discutir um momento reflexivo do cinema brasileiro, quando os impasses do Brasil se explicitam na reformulação de antigas figuras como o malandro e na interlocução renovada com o movimento negro, entre outros. Por fim, discute-se o aprofundamento de um diálogo interno nos filmes de Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, que escalam Grande Otelo como testemunha histórica do cinema brasileiro. Logo, o ator prolífico viabiliza a reflexão, tanto sobre as relações raciais, em suas intersecções com a temática de gênero e corpo, quanto sobre o cinema no Brasil. This dissertation analyzes the more than 70-year trajectory of the actor Sebastião Bernardes de Souza Prata, better known as Grande Otelo (1917-1993). From one angle, it contributes to the consideration of different moments of Brazilian cinema, taking into account that the actor was an integral part of the Brazilian cinematographic imaginary from the 1930s to the 1990s, in the films of Cinédia and Sonofilmes, in Its All True (the unfinished project of Orson Welles in Brazil), in productions of Rio de Janeiro (Carioca) Realism, in the chanchada films of Atlântida, in New Cinema (Cinema Novo), and in Marginal Cinema. From another angle, observing this trajectory allows for reflection on the manner in which race relations and their intersections with the question of gender and body of the artists, black or white are reinterpreted in accordance with the logic of the field of cinematography. The unifying thread of the analysis is a complex equation between force lines that surpass this logic and cinemas own mechanisms, used to differentiate, rank, and hierarchize actors and schools. In undertaking this, concepts employed include structure of feelings of whiteness, racial stereotypes and persona, and the internal examination of the films which opens a path for revealing racist cinematographic discourses as well as anti-racist strategies. The itinerary of Grande Otelo thus makes it possible to examine the strong dialogue between the racial imaginary of Hollywood and its translation by Brazilian companies between the 1930s and the 1950s, as well as alternative representations of black people in Its All True, in Carioca Realism, and in the film Rio, Zona Norte, by Nelson Pereira dos Santos. In contrast, the disappearance of the actor in the first films of New Cinema illuminates the perspectives of Glauber Rocha and Carlos Diegues on black people. Both directors chose actors with body structures, physionomies, and performances of masculinity different from those of Grande Otelo, such as Antonio Pitanga. The return of Otelo in Macunaíma, by Joaquim Pedro de Andrade, allows for a discussion of a reflexive moment in Brazilian cinema, in which the impasses of Brazil become explicit in the reformulation of old figures such as the malandro and in the renewed interlocution with the black movement, among others. Finally, the study discusses the deepening of an internal dialogue in the films of Rogério Sganzerla and Júlio Bressane, which make Grande Otelo a historical witness to Brazilian cinema. The prolific actor would then make possible reflection on race relations, in its intersections with the topics of gender and body, as well as on cinema in Brazil. https://doi.org/10.11606/T.8.2013.tde-14112013-122614info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:58:37Zoai:teses.usp.br:tde-14112013-122614Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
dc.title.alternative.en.fl_str_mv An interpretation of the Brazilian cinema through Grande Otelo: race, body and gender in his cinematographic performance (1917-1993)
title Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
spellingShingle Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
Luis Felipe Kojima Hirano
title_short Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
title_full Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
title_fullStr Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
title_full_unstemmed Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
title_sort Uma interpretação do cinema brasileiro através de Grande Otelo: raça, corpo e gênero em sua performance cinematográfica (1917-1993)
author Luis Felipe Kojima Hirano
author_facet Luis Felipe Kojima Hirano
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Lilia Katri Moritz Schwarcz
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Esther Imperio Hamburger
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Marcelo Siqueira Ridenti
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Nicolau Sevcenko
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Laura Moutinho da Silva
dc.contributor.author.fl_str_mv Luis Felipe Kojima Hirano
contributor_str_mv Lilia Katri Moritz Schwarcz
Esther Imperio Hamburger
Marcelo Siqueira Ridenti
Nicolau Sevcenko
Laura Moutinho da Silva
description Esta tese pretende analisar a trajetória de mais de 70 anos de Sebastião Bernardes de Souza Prata, Grande Otelo (1917-1993). Por um ângulo, ela contribui para pensar diferentes momentos do cinema brasileiro, tendo em vista que o ator foi parte integrante do imaginário cinematográfico nacional dos anos 1930 aos 1990, em filmes da Cinédia e Sonofilmes, em Its all true projeto inacabado de Orson Welles no Brasil , em produções do realismo carioca, nas chanchadas da Atlântida, no Cinema Novo e no Cinema Marginal. Por outro ângulo, observar essa trajetória permite refletir sobre o modo como as relações raciais, suas intersecções com a questão de gênero e o próprio corpo dos artistas, negros ou brancos, são reinterpretados conforme a lógica do campo cinematográfico. O fio condutor da análise é uma equação complexa entre linhas de força que extrapolam esta lógica e mecanismos próprios ao cinema, usados para hierarquizar, diferenciar e desigualar intérpretes e escolas. Para empreendê-la, lança-se mão de conceitos, como estrutura de sentimentos da branquitude, estereótipos raciais e persona, e do exame interno dos filmes o que abre caminho para desvelar discursos cinematográficos racistas e estratégias antirracistas. O itinerário de Grande Otelo, assim, possibilita examinar o forte diálogo entre o imaginário racial hollywoodiano e sua tradução por empresas nacionais entre os anos 1930 e 1950, bem como representações alternativas do negro em Its all true, no realismo carioca e em Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. Por contraste, o desaparecimento do ator nos primeiros filmes do Cinema Novo ilumina as perspectivas de Glauber Rocha e Carlos Diegues sobre o negro. Ambos os diretores elegem intérpretes com predicados corporais, fisionomias e performances de masculinidades diferentes de Grande Otelo, como Antonio Pitanga. O retorno de Otelo em Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, propicia discutir um momento reflexivo do cinema brasileiro, quando os impasses do Brasil se explicitam na reformulação de antigas figuras como o malandro e na interlocução renovada com o movimento negro, entre outros. Por fim, discute-se o aprofundamento de um diálogo interno nos filmes de Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, que escalam Grande Otelo como testemunha histórica do cinema brasileiro. Logo, o ator prolífico viabiliza a reflexão, tanto sobre as relações raciais, em suas intersecções com a temática de gênero e corpo, quanto sobre o cinema no Brasil.
publishDate 2013
dc.date.issued.fl_str_mv 2013-08-02
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.11606/T.8.2013.tde-14112013-122614
url https://doi.org/10.11606/T.8.2013.tde-14112013-122614
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Ciência Social (Antropologia Social)
dc.publisher.initials.fl_str_mv USP
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1786376833453785088