Da prática à ação pedagógica: o movimento dos sujeitos em contexto escolar

• Ano de defesa: 2010
• Autor(a) principal: Marcia Silva Custodio
• Orientador(a): Emerson de Pietri
• Banca de defesa: Valdir Heitor Barzotto, Raquel Salek Fiad
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
• Programa de Pós-Graduação: Educação
• País: BR
• Link de acesso: https://doi.org/10.11606/D.48.2010.tde-23062010-125429

A presente pesquisa associa a ação em sala de aula à pesquisa acadêmica e seu percurso registra um deslocamento da prática pedagógica em direção à ação pedagógica. Entende-se que a prática pedagógica encerra as atividades que o profissional da educação habituou-se a aplicar quotidianamente, recorrendo às concepções de linguagem e ensino que circulam socialmente. A ação pedagógica, por outro lado, assume o espaço da sala de aula como um ambiente de formação permanente do professor, este dialoga com perspectivas diversas em sua atuação, dentre elas as acadêmicas, para desenvolver uma ação mais orientada do ponto de vista pedagógico e ideológico uma vez que o discurso pedagógico não é neutro, nem imparcial , em função das necessidades de cada grupo, do contexto social e de suas convicções políticas. A transição entre prática pedagógica e ação pedagógica é observada no fazer pedagógico de uma professora que também assume o papel de pesquisadora nesta dissertação efetiva do Ensino Oficial do Estado de São Paulo. Dessa forma, o objetivo de pesquisa consiste em observar como o diálogo com teorias acadêmicas se relaciona com a ação pedagógica, ou melhor, como a pesquisadora-professora se apropria da teoria atuando sobre esta, adequando-a às condições de produção do contexto de ensino e como a professora-pesquisadora dialoga com perspectivas diversas que produzem efeitos sobre a prática, portanto essa ação não se constitui pelo consumo de produções acadêmicas, mas pela fabricação na qual a pesquisadora-professora age sobre a teoria que desencadeia uma movimentação da professora-pesquisadora. Como se procura mostrar, esse deslocamento repercute na ação pedagógica e provoca uma movimentação no trabalho do aluno. Para fundamentar teoricamente o ponto de vista defendido, esta pesquisa foi inserida em uma perspectiva discursiva e apropria-se de algumas noções advindas da Análise do Discurso de orientação francesa, sobretudo com base na noção de sujeito proposta por Possenti (2003), pois como a pesquisa procura mostrar o sujeito não é completamente assujeitado ao Outro (este representado pela voz do pai, da religião, da escola, das leis etc.). Assim, ainda que o sujeito seja atravessado e constituído pelo Outro, não se submete completamente a ele, de modo que é capaz de promover pequenas rupturas nas brechas em que o controle é exercido 2 com menor severidade, e, portanto, é capaz de fabricar (De Certeau, 1994). Tais posicionamentos complementam-se com a noção de enunciado tal como formulada por Bakhtin (2003). Como a pesquisa volta-se para a ação em sala de aula, a fundamentação metodológica é subsidiada pela noção de pesquisa-ação (Zozzoli, 2006) e pelo estudo de caso (Lüdke e André,1986). Uma vez que a noção de projeto (Camps, 2006) fundamentou o trabalho de escrita e leitura desenvolvido em sala de aula, recorreu-se às noções de escrita como trabalho (Possenti, 1996), de gênero de discurso (Bakhtin, 2003) e de leitura segundo um viés cognitivo (Kleiman, 1989 e 1995) para a preparação, o desenvolvimento e a aplicação do referido projeto.