Fatores associados a infecções pulmonares em transplantados Renais e rim-pâncreas: um estudo caso-controle

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Leonardo Meira de Faria
• Orientador(a): Ricardo de Amorim Corrêa , Vandack Alencar Nobre Júnior
• Banca de defesa: Katia de Paula Farah, Gláucia Fernandes Cota
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto
• Departamento: MED - DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Transplante de rim; Imunossupressão; Pneumonia
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/51684; https://orcid.org/0000-0001-7505-487X

O transplante renal é uma modalidade eficiente de tratamento da doença renal terminal. Devido ao estado de imunossupressão prolongada e exposições ambientais, complicações infecciosas são relativamente comuns notadamente as infecções em trato respiratório inferior. Os dados na literatura nacional são escassos a respeito de fatores de risco associados a infecções pulmonares nestes pacientes. O presente estudo caso-controle, na proporção 1:1,8, pareados por sexo, faixa etária, e tipo de doador (doadores vivos ou falecidos) unicêntrico realizado em hospital de referência de transplante renal no Estado de Minas Gerais - Hospital Felício Rocho no período de dezembro de 2017 a março de 2020. Os objetivos principais foram o estudo da etiologia e fatores associados a infecções pulmonares em pacientes transplantados renais, além de identificar na amostra de pacientes transplantados renais, subgrupos específicos com risco aumentado de infecções pulmonares e proposta final de abordagem sistematizada ao transplantado renal com opacidade pulmonar aguda. Incluídos 197 pacientes, sendo 70 do grupo caso e 127 do grupo controle. A média de idade foi de 55 e 53 anos no grupo caso e controle, respectivamente, com predomínio do sexo masculino em ambos os grupos. A maioria das etiologias da doença renal prévia foi indeterminada em ambos grupos. Entre as etiologias identificadas, houve maior proporção de diabetes mellitus para os casos (17,1%) e para os controles de glomerulopatia (23%) seguido de diabetes mellitus (22,2%).Pacientes do grupo caso apresentaram índice de massa corporal (IMC) significativamente mais baixo quando comparados aos controles (p=0,013).Na amostra estudada, dentre as classes de imunossupressores utilizadas, o uso de corticosteróide em 67 casos e 106 controles associou-se a risco aumentado de infecção (OR: 4,4 – IC 95%:1,3 - 15,4 ), assim como à presença de bronquiectasias (9 casos e 3 controles; OR:6,1 – IC 95%: 1,6 a 23,2) . Na análise dos pacientes casos isoladamente, foi observado no parâmetro radiológico o predomínio da manifestação em vidro fosco em cerca de 50% dos pacientes. Em relação à etiologia infecciosa, destaca-se a alta prevalência de agentes fúngicos (21,4%), sendo mais prevalentes Histoplasma capsulatum (5 casos), Cryptococcus neoformans e Paracoccidioides brasiliensis, ambos com 3 casos. Citomegalovírus foi diagnosticado em 14,3% dos pacientes caso. No presente estudo envolvendo pacientes adultos transplantados renais, uso de corticosteróide e presença de bronquiectasias foram associados à ocorrência de infecções pulmonares nesses pacientes. Diferentemente de estudos prévios em população geral, baixo nível nutricional não foi relacionado a risco aumentado de infecções pulmonares nesta população. Destaca-se a necessidade de seguimento cuidadoso dos pacientes transplantados renais, com ações no pré e no pós-transplante visando a adequada identificação daqueles sob maior risco para complicações infecciosas pulmonares.