Avaliação dos efeitos de princípios fitoterápicos e homeopáticos no controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus e comparação de técnicas para estimativa de eclosão de larvas in vitro.

• Ano de defesa: 2017
• Autor(a) principal: FIGUEIREDO, A.
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Carrapato; Fitoterapia; Homeopatia
• Link de acesso: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1077722

O parasitismo por Rhipicephalus (Boophilus) microplus ocasiona grandes perdas econômicas nos rebanhos bovinos, e seu controle por meio de carrapaticidas sintéticos enfrenta problemas de resistência, além do risco de resíduos nos alimentos e ambiente. Com o objetivo de contribuir com informações relevantes para o controle desse parasita, o presente estudo teve três objetivos: 1) avaliar in vitro o efeito do óleo essencial de Ocotea elegans ?canela-sassafrás? sobre larvas e fêmeas ingurgitadas de R. (B.) microplus; 2) avaliar medicamento homeopático no controle de infestações naturais; 3) comparar as técnicas de estimativa visual e de quantificação por amostragem de larvas eclodidas no teste de imersão de fêmeas adultas, visto a importância dessas no levantamento de substâncias com ação carrapaticida. No primeiro experimento ?Efeito acaricida e repelente in vitro do óleo essencial de Ocotea elegans (canela-sassafrás) sobre Rhipicephalus (Boophilus) microplus?, foram adotados os testes: contato de larvas em papel impregnado (LPI), teste de repelência larvar (TR) e imersão de fêmeas adultas (AIT). A fim de verificar a eficácia, O. elegans foi avaliada nas concentrações de 0,78 mg/mL a 100 mg/mL. No AIT, a partir da concentração de 25 mg/mL, a eficácia foi superior a 90%. Os LPI (48h) a 100 mg/mL resultaram em taxas de mortalidade acima de 70%. Já o TR obteve repelência superior a 80% a partir da menor concentração avaliada. Em relação às concentrações letais (CL), a menor CL50 obtida no LPI foi de 25,59 mg/mL 48h pós tratamento. As CL50 e CL90 no AIT foram de 4,96 e 17,37 mg/mL e no TR de 0,04 e 1,24 mg/mL, respectivamente. Foi possível concluir que O. elegans demonstrou efeito significativo sobre fêmeas ingurgitadas e de repelência das larvas, e possivelmente pode ser um adjuvante no controle do carrapato bovino, devendo-se priorizar testes in vivo. No segundo experimento, ?Estudo da homeopatia no controle de infestações naturais por R. (B.) microplus em bovinos de leite?, 24 fêmeas da raça Holandesa e Jersey x Holandesa foram divididas nos grupos controle (placebo) (n=12) e tratado (bioterápico 30 CH + Sulphur 30 CH) (n=12), administrado no concentrado (2kg/animal/dia) por 12 meses. De cada grupo coletou-se fêmeas ingurgitadas, a fim de comparar os parâmetros reprodutivos, e semi-ingurgitadas para avaliações morfo-histológicas dos ovários. Mensurou-se o peso vivo (PV), volume globular (VG) e realizou-se contagens de fêmeas ingurgitadas no corpo dos animais. Os resultados médios de PV, VG e n° de carrapatos não foram diferentes estatisticamente para os grupos controle e homeopatia: 616,5 kg e 618,6 kg, 27,9% e 27,3%, 12,19 e 13,58 carrapatos, respectivamente. Nas análises in vitro, as médias do peso das fêmeas (0,18 e 0,17 g), peso dos ovos (0,07 e 0,06 g), % de eclosão de larvas (70,1 e 76,6%) e índice de eficiência reprodutiva (54,3 e 60,6%), para os grupos controle e homeopatia, respectivamente, também não tiveram diferença estatística. Além disso, nenhuma alteração nos ovários foi observada nos estudos em foto-microscopia. Portanto, o medicamento homeopático avaliado não foi eficaz no controle de R. (B.) microplus e não interferiu nos parâmetros reprodutivos das fêmeas ingurgitadas. Finalmente, no estudo ?Alternative methods for egg hatch evaluation of Rhipicephalus (Boophilus) microplus? em que comparou-se duas técnicas de estimativa de eclosão de ovos, fêmeas ingurgitadas coletadas de bovinos foram submetidas ao AIT com extratos vegetais e mantidas em incubadora para realizar a oviposição. Os ovos foram transferidos para seringas e incubados por 15 dias. A eclosão dos ovos foi avaliada em 210 seringas por estimativa visual (%) e também contadas até 100, em três repetições. Foram encontradas diferenças significativas entre os dois testes. Na estimativa visual (56,8%) a porcentagem de eclosão média foi maior do que na quantificação por amostragem (48,0%). Na quantificação por amostragem, não foram observadas diferenças estatísticas nas contagens das três amostras (48,1, 47,8 e 48,1%) e a correlação entre as repetições foi de 0,96, sugerindo que a contagem de uma amostra é suficiente e o resultado independente do avaliador. O presente estudo contribuiu com informações inéditas sobre o potencial acaricida e repelente de O. elegans. Discutiu-se que apesar do medicamento homeopático não ter tido efeito, tal conclusão não pode ser estendida a outras formulações homeopáticas, vias de aplicação e condições de manejo adversas às do presente estudo. Por fim, os resultados do estudo comparativo contribuem para o aperfeiçoamento do AIT e podem estimular os pesquisadores a optar por técnicas mais confiáveis na avaliação da eclosão de ovos.