A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Irigaray, Hélio Arthur
Orientador(a): Freitas, Maria Ester de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10438/2554
Resumo: Este estudo tem por objetivo apreender como a diversidade de orientação sexual se manifesta e é percebida nas organizações brasileiras. Ontologicamente, o mesmo se valeu da pós-modernidade crítica, especificamente da Queer Theory, a qual traz no seu bojo a desconstrução de todas as categorias convencionais de sexualidade e gênero. A pesquisa de campo se dividiu em 4 visitas a treze grandes empresas, no Rio de Janeiro e São Paulo, entre julho de 2005 e novembro de 2007, e a entrevistas com 95 indivíduos hétero, homo e bissexuais, divididos em quatro grupos. O primeiro foi composto por heterossexuais e o segundo por homo e bissexuais, que foram informados sobre o real objeto da pesquisa. Como foram observadas discrepâncias entre o que os heterossexuais declararam na entrevista e seus comportamentos no ambiente de trabalho, bem como comentários em grupo, foram trabalhados dois grupos de controle. O primeiro, composto por heterossexuais e o segundo, por homo e bissexuais, aos quais foram informados que o objetivo da pesquisa era a questão da saúde no ambiente de trabalho. As anotações de campo e as entrevistas foram transcritas e submetidas à análise do discurso e análise conversacional. As revelações da pesquisa de campo foram apresentadas em 5 partes: a dimensão individual, na qual se analisou o que significa não ser heterossexual; a dimensão social; o ambiente de trabalho em si; a estratégia de não assumir publicamente a orientação sexual e, finalmente, os resultados da pesquisa-controle feita tendo a saúde organizacional como pergunta investigativa. Este estudo revelou que, quando perguntados sobre práticas discriminatórias em função da orientação sexual, os homo e bissexuais masculinos e femininos, em sua maioria, confirmaram a existência das mesmas na sociedade e no ambiente de trabalho,bem como afirmaram já terem sido vítimas. Já os heterossexuais apresentaram um discurso politicamente correto e minimizaram a existência das mesmas. No entanto, ficou evidente que este último grupo, reproduzindo a lógica da hegemonia masculina, introjetou os estereótipos dos homossexuais, os quais foram construídos socialmente. Não raramente, esta discriminação é mascarada pelo senso de humor. Por outro lado, na pesquisa que teve como questão investigativa a saúde no ambiente de trabalho, os heterossexuais não hesitaram em externar mais sua visào heterocêntrica; os homo e bissexuais, por sua vez, não focaram as suas falas em práticas discriminatórias. No limite, em comum, ficou patente que a orientação sexual de um indivíduo, por si só, é apenas um dado categórico, que não necessariamente é fator isolado de discriminação, já que esta também abrange questões como gênero, etnia, classe social e senso estético.
id FGV_0aa17683f849585a19efd227fde0622e
oai_identifier_str oai:bibliotecadigital.fgv.br:10438/2554
network_acronym_str FGV
network_name_str Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
repository_id_str
spelling Irigaray, Hélio ArthurEscolas::EAESPMalik, Ana MariaTonelli, Maria JoséVergara, Sylvia ConstantSiqueira, Marcus Vinicius S.Freitas, Maria Ester de2010-04-20T20:48:25Z2008-09-05IRIGARAY, Hélio Arthur. A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - FGV - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2008.http://hdl.handle.net/10438/2554Este estudo tem por objetivo apreender como a diversidade de orientação sexual se manifesta e é percebida nas organizações brasileiras. Ontologicamente, o mesmo se valeu da pós-modernidade crítica, especificamente da Queer Theory, a qual traz no seu bojo a desconstrução de todas as categorias convencionais de sexualidade e gênero. A pesquisa de campo se dividiu em 4 visitas a treze grandes empresas, no Rio de Janeiro e São Paulo, entre julho de 2005 e novembro de 2007, e a entrevistas com 95 indivíduos hétero, homo e bissexuais, divididos em quatro grupos. O primeiro foi composto por heterossexuais e o segundo por homo e bissexuais, que foram informados sobre o real objeto da pesquisa. Como foram observadas discrepâncias entre o que os heterossexuais declararam na entrevista e seus comportamentos no ambiente de trabalho, bem como comentários em grupo, foram trabalhados dois grupos de controle. O primeiro, composto por heterossexuais e o segundo, por homo e bissexuais, aos quais foram informados que o objetivo da pesquisa era a questão da saúde no ambiente de trabalho. As anotações de campo e as entrevistas foram transcritas e submetidas à análise do discurso e análise conversacional. As revelações da pesquisa de campo foram apresentadas em 5 partes: a dimensão individual, na qual se analisou o que significa não ser heterossexual; a dimensão social; o ambiente de trabalho em si; a estratégia de não assumir publicamente a orientação sexual e, finalmente, os resultados da pesquisa-controle feita tendo a saúde organizacional como pergunta investigativa. Este estudo revelou que, quando perguntados sobre práticas discriminatórias em função da orientação sexual, os homo e bissexuais masculinos e femininos, em sua maioria, confirmaram a existência das mesmas na sociedade e no ambiente de trabalho,bem como afirmaram já terem sido vítimas. Já os heterossexuais apresentaram um discurso politicamente correto e minimizaram a existência das mesmas. No entanto, ficou evidente que este último grupo, reproduzindo a lógica da hegemonia masculina, introjetou os estereótipos dos homossexuais, os quais foram construídos socialmente. Não raramente, esta discriminação é mascarada pelo senso de humor. Por outro lado, na pesquisa que teve como questão investigativa a saúde no ambiente de trabalho, os heterossexuais não hesitaram em externar mais sua visào heterocêntrica; os homo e bissexuais, por sua vez, não focaram as suas falas em práticas discriminatórias. No limite, em comum, ficou patente que a orientação sexual de um indivíduo, por si só, é apenas um dado categórico, que não necessariamente é fator isolado de discriminação, já que esta também abrange questões como gênero, etnia, classe social e senso estético.The object of this research is to understand the impact of the multiple sexual orientations on the organizations and how this diversity is perceived by the homo, bi and heterosexual employees. Ontologically, this study uses the critical postmodernism, specifically the Queer Theory, which deconstructs all conventional categories of sexuality and gender. The field research consisted of four visits to 13 large companies, in Rio de Janeiro and São Paulo, between July 2005 and November 2007, as well as 95 interviews, divided in four groups. The first one was composed of heterosexual and the second of homo and bisexual individuals, who were informed of the real object of this research. As a discrepancy of what the heterosexuals said during the interviews and their attitudes in the work environment as well as their comments to other heterosexuals was observed, a control-research was also carried out. Two othe groups – one of heterosexuals and the other of homo and bisexuals – were interviewed; nevertheless, they were informed that the object of the research was to study health in the workplace. The fieldnotes as well as the interviews were transcripted and submitted to discourse and conversational analyses. The findings were presented in five sections: the individual dimension, the social dimension, the workplace environment itself, the psychosomatic costs and, finally, the outcome of the research on health at the workplace. This study revealed that, when questioned about discrimination at the workplace, gays, lesbians and bisexuals tend to recognize the existence of such practices, as well as advocate that they also have been a victim of such. On the other hands, the heterosexuals tend to minimize the existence of such practices, as well as deliver a politically-correct speech. Notwithstanding, it was clear that the heterosexuals have introjected the masculine hegemonic paradigm, which was been built historically through social practices and, discriminatory attitudes and comments are disguised by the Brazilian sense of humour and informality. On the other hand, the research that was guided by the investigative question on health at the workplace revealed that, as the were not being confronted directly, the heterosexuals felt more at ease to express themselves, using homophobic expressions and referring to discriminatory practices. Yet, the homo and bisexuals attained to the question of health itself and, rarely, did they refer or mention discriminatory practices in the workplace. At the bottom line this study confirmed that the sexual orientation per se is only a component of an individual’s personality and, although it may be the ground for prejudice and discrimination, these practices are also caused due other factors such as gender, race, and social status.porQueer theoryDiversityLesbianSocial identityBisexualMasculine hegemonyOrganizational heteronormativityGaysEstudos organizacionaisBissexuaisDiversidadeLésbicasIdentidade socialAdministração de empresasDiversidade no local de trabalhoClima organizacionalHomossexualismoOrientação sexualA diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalhoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisforever10000-01-01reponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)instacron:FGVinfo:eu-repo/semantics/openAccessTHUMBNAIL71050100666.pdf.jpg71050100666.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1414http://bibliotecadigital.fgv.br:80/dspace/bitstream/10438/2554/4/71050100666.pdf.jpgd4be53241894e62d0b07d15edddae88bMD54ORIGINAL71050100666.pdfapplication/pdf1238997http://bibliotecadigital.fgv.br:80/dspace/bitstream/10438/2554/2/71050100666.pdf1e4b53f618cae75498567a1134e4105dMD52TEXT71050100666.pdf.txtExtracted Texttext/plain745247http://bibliotecadigital.fgv.br:80/dspace/bitstream/10438/2554/3/71050100666.pdf.txt60d372a039a05439ca15e410a03a0c70MD5310438/25542019-08-30 13:04:34.948Repositório InstitucionalPRI
dc.title.por.fl_str_mv A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
title A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
spellingShingle A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
Irigaray, Hélio Arthur
Queer theory
Diversity
Lesbian
Social identity
Bisexual
Masculine hegemony
Organizational heteronormativity
Gays
Estudos organizacionais
Bissexuais
Diversidade
Lésbicas
Identidade social
Administração de empresas
Diversidade no local de trabalho
Clima organizacional
Homossexualismo
Orientação sexual
title_short A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
title_full A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
title_fullStr A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
title_full_unstemmed A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
title_sort A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho
author Irigaray, Hélio Arthur
author_facet Irigaray, Hélio Arthur
author_role author
dc.contributor.unidadefgv.por.fl_str_mv Escolas::EAESP
dc.contributor.member.none.fl_str_mv Malik, Ana Maria
Tonelli, Maria José
Vergara, Sylvia Constant
Siqueira, Marcus Vinicius S.
dc.contributor.author.fl_str_mv Irigaray, Hélio Arthur
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Freitas, Maria Ester de
contributor_str_mv Freitas, Maria Ester de
dc.subject.eng.fl_str_mv Queer theory
Diversity
Lesbian
Social identity
Bisexual
Masculine hegemony
Organizational heteronormativity
topic Queer theory
Diversity
Lesbian
Social identity
Bisexual
Masculine hegemony
Organizational heteronormativity
Gays
Estudos organizacionais
Bissexuais
Diversidade
Lésbicas
Identidade social
Administração de empresas
Diversidade no local de trabalho
Clima organizacional
Homossexualismo
Orientação sexual
dc.subject.por.fl_str_mv Gays
Estudos organizacionais
Bissexuais
Diversidade
Lésbicas
Identidade social
dc.subject.area.por.fl_str_mv Administração de empresas
dc.subject.bibliodata.por.fl_str_mv Diversidade no local de trabalho
Clima organizacional
Homossexualismo
Orientação sexual
description Este estudo tem por objetivo apreender como a diversidade de orientação sexual se manifesta e é percebida nas organizações brasileiras. Ontologicamente, o mesmo se valeu da pós-modernidade crítica, especificamente da Queer Theory, a qual traz no seu bojo a desconstrução de todas as categorias convencionais de sexualidade e gênero. A pesquisa de campo se dividiu em 4 visitas a treze grandes empresas, no Rio de Janeiro e São Paulo, entre julho de 2005 e novembro de 2007, e a entrevistas com 95 indivíduos hétero, homo e bissexuais, divididos em quatro grupos. O primeiro foi composto por heterossexuais e o segundo por homo e bissexuais, que foram informados sobre o real objeto da pesquisa. Como foram observadas discrepâncias entre o que os heterossexuais declararam na entrevista e seus comportamentos no ambiente de trabalho, bem como comentários em grupo, foram trabalhados dois grupos de controle. O primeiro, composto por heterossexuais e o segundo, por homo e bissexuais, aos quais foram informados que o objetivo da pesquisa era a questão da saúde no ambiente de trabalho. As anotações de campo e as entrevistas foram transcritas e submetidas à análise do discurso e análise conversacional. As revelações da pesquisa de campo foram apresentadas em 5 partes: a dimensão individual, na qual se analisou o que significa não ser heterossexual; a dimensão social; o ambiente de trabalho em si; a estratégia de não assumir publicamente a orientação sexual e, finalmente, os resultados da pesquisa-controle feita tendo a saúde organizacional como pergunta investigativa. Este estudo revelou que, quando perguntados sobre práticas discriminatórias em função da orientação sexual, os homo e bissexuais masculinos e femininos, em sua maioria, confirmaram a existência das mesmas na sociedade e no ambiente de trabalho,bem como afirmaram já terem sido vítimas. Já os heterossexuais apresentaram um discurso politicamente correto e minimizaram a existência das mesmas. No entanto, ficou evidente que este último grupo, reproduzindo a lógica da hegemonia masculina, introjetou os estereótipos dos homossexuais, os quais foram construídos socialmente. Não raramente, esta discriminação é mascarada pelo senso de humor. Por outro lado, na pesquisa que teve como questão investigativa a saúde no ambiente de trabalho, os heterossexuais não hesitaram em externar mais sua visào heterocêntrica; os homo e bissexuais, por sua vez, não focaram as suas falas em práticas discriminatórias. No limite, em comum, ficou patente que a orientação sexual de um indivíduo, por si só, é apenas um dado categórico, que não necessariamente é fator isolado de discriminação, já que esta também abrange questões como gênero, etnia, classe social e senso estético.
publishDate 2008
dc.date.issued.fl_str_mv 2008-09-05
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2010-04-20T20:48:25Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv IRIGARAY, Hélio Arthur. A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - FGV - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2008.
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10438/2554
identifier_str_mv IRIGARAY, Hélio Arthur. A diversidade nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - FGV - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2008.
url http://hdl.handle.net/10438/2554
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)
instacron:FGV
instname_str Fundação Getulio Vargas (FGV)
instacron_str FGV
institution FGV
reponame_str Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
collection Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
bitstream.url.fl_str_mv http://bibliotecadigital.fgv.br:80/dspace/bitstream/10438/2554/4/71050100666.pdf.jpg
http://bibliotecadigital.fgv.br:80/dspace/bitstream/10438/2554/2/71050100666.pdf
http://bibliotecadigital.fgv.br:80/dspace/bitstream/10438/2554/3/71050100666.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv d4be53241894e62d0b07d15edddae88b
1e4b53f618cae75498567a1134e4105d
60d372a039a05439ca15e410a03a0c70
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1742146228058062848