Mulheres gestantes que vivem com o HIV no extremo sul do Brasil: uma interface entre a epidemiologia e a análise dos discursos a partir de um estudo quanti-qualitativo
Ano de defesa: | 2017 |
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Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://repositorio.furg.br/handle/1/9501 |
Resumo: | A presença do HIV/AIDS no contexto gestacional é claramente um fator de risco à saúde física e mental da mãe e o processo de gestação, o acompanhamento gestacional é permeado de limitações, controles e intervenções na vida destas mulheres. Este estudo objetivou estabelecer o perfil sócio demográfico e os aspectos relacionados com os sentimentos envolvidos durante a gestação de mulheres atendidas em um centro de referência para o HIV/Aids. Foi realizado um estudo quanti-qualitativo, sendo uma parte retrospectiva de série temporal, associado a um estudo qualitativo. Para o estudo quantitativo foram incluídas todas as gestantes que realizaram pelo menos uma consulta de pré-natal ou que tiveram o parto nesse serviço com recém-nascido pesando mais de 500g e idade gestacional maior ou igual há 22 semanas entre os anos de 2003-2014. Na análise temporal as pacientes foram divididas em triênios pelo ano do parto, sendo calculadas as prevalências por triênio. A comparação entre as prevalências foi feita pelo teste de qui-quadrado e tendência linear e para a comparação das médias foi utilizado o calculo de ANOVA. A abordagem qualitativa foi realizada por entrevista semiestruturada com questões sobre a presença do HIV na vida de 20 gestantes, atendidas entre 2013-14. A análise de conteúdo foi feita primeiramente pela leitura flutuante e a construção de unidades de registro, seguida pela categorização de unidades de significado, de acordo com a sua semelhança e diferenciações. Ambos os estudos foram aprovados no Comitê de Ética em pesquisa na Área da Saúde da FURG (n. 23116001368/2003-44 e n. 58/2013). A taxa de gestastes portadoras do HIV foi de 12,4 casos/1000 nascimentos de 2003 a 2014. Observamos diminuição linear na média de gestações e partos, passando de 3,07 para 2,04 gestações/paciente e de 2,35 para 1,67 partos/paciente (p=0,002; p= 0,015, respectivamente). A cobertura de pré-natal passou de 84,9% para 96,4% no terceiro triênio (p=0,029). O diagnóstico do HIV prévio a gestação passou de 40,8% no primeiro triênio para 78,8% no último (p0,001). Dessa forma o início do antirretroviral passou de seis para três semanas de gestação no último triênio (p=0,005). O parto vaginal foi à principal via de nascimento 52,9% principalmente no terceiro triênio (p=0,006). O uso de Zidovudina (AZT) xarope passou de 87% para 98,1 no segundo triênio e permaneceu alto (p0,001). Infelizmente a transmissão vertical que vinha apresentando queda de 9,1% no primeiro triênio para 0,9% nos dois triênios seguintes, reapareceu com taxa de 7,1%. A gestação no contexto do HIV constitui-se de um momento de lutas internas e debates externos para as gestantes. Na perspectiva deste contexto social, as gestantes entrevistadas relataram em suas falas, as três categorias a serem descritas a seguir: "A gestação consiste em aceitar e ser feliz", "A gestação, meus medos, dúvidas e tristezas" e "A gestação enquanto um fardo a ser carregado!". Tanto o estudo do perfil epidemiológico como dos sentimentos em relação à gestação e ao diagnóstico do HIV, consolidam algumas mudanças transcorridas ao longo do tempo. Aspectos da gestante relativos ao seu nível instrucional, a sua jovem idade, a redução no número de gestações e partos, assim como a adesão ao pré-natal e à TARV, apontam para uma melhor aceitação deste binômio. A ocorrência do diagnóstico prévio a gestação, dá espaço para a elaboração de medos, anseios e tristezas, fato que pode e alterar a adesão aos cuidados de sua saúde. A efetividade da conduta da cascata de cuidados é fundamental para a prevenção de novas infecções, da saúde gestante, de sua qualidade de vida, bem como de seus aspectos biopsicossociais. Neste sentido, a mulher soropositiva necessita ser ouvida, para que tais incongruências sejam reconhecidas e avaliadas durante e após o seu atendimento pré-natal. |
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Mulheres gestantes que vivem com o HIV no extremo sul do Brasil: uma interface entre a epidemiologia e a análise dos discursos a partir de um estudo quanti-qualitativoVírus da Imunodeficiência HumanaGravidezEpidemiologiaCaracterísticas da população.Human Immunodeficiency VirusPregnancyEpidemiologyCharacteristics of the populationA presença do HIV/AIDS no contexto gestacional é claramente um fator de risco à saúde física e mental da mãe e o processo de gestação, o acompanhamento gestacional é permeado de limitações, controles e intervenções na vida destas mulheres. Este estudo objetivou estabelecer o perfil sócio demográfico e os aspectos relacionados com os sentimentos envolvidos durante a gestação de mulheres atendidas em um centro de referência para o HIV/Aids. Foi realizado um estudo quanti-qualitativo, sendo uma parte retrospectiva de série temporal, associado a um estudo qualitativo. Para o estudo quantitativo foram incluídas todas as gestantes que realizaram pelo menos uma consulta de pré-natal ou que tiveram o parto nesse serviço com recém-nascido pesando mais de 500g e idade gestacional maior ou igual há 22 semanas entre os anos de 2003-2014. Na análise temporal as pacientes foram divididas em triênios pelo ano do parto, sendo calculadas as prevalências por triênio. A comparação entre as prevalências foi feita pelo teste de qui-quadrado e tendência linear e para a comparação das médias foi utilizado o calculo de ANOVA. A abordagem qualitativa foi realizada por entrevista semiestruturada com questões sobre a presença do HIV na vida de 20 gestantes, atendidas entre 2013-14. A análise de conteúdo foi feita primeiramente pela leitura flutuante e a construção de unidades de registro, seguida pela categorização de unidades de significado, de acordo com a sua semelhança e diferenciações. Ambos os estudos foram aprovados no Comitê de Ética em pesquisa na Área da Saúde da FURG (n. 23116001368/2003-44 e n. 58/2013). A taxa de gestastes portadoras do HIV foi de 12,4 casos/1000 nascimentos de 2003 a 2014. Observamos diminuição linear na média de gestações e partos, passando de 3,07 para 2,04 gestações/paciente e de 2,35 para 1,67 partos/paciente (p=0,002; p= 0,015, respectivamente). A cobertura de pré-natal passou de 84,9% para 96,4% no terceiro triênio (p=0,029). O diagnóstico do HIV prévio a gestação passou de 40,8% no primeiro triênio para 78,8% no último (p0,001). Dessa forma o início do antirretroviral passou de seis para três semanas de gestação no último triênio (p=0,005). O parto vaginal foi à principal via de nascimento 52,9% principalmente no terceiro triênio (p=0,006). O uso de Zidovudina (AZT) xarope passou de 87% para 98,1 no segundo triênio e permaneceu alto (p0,001). Infelizmente a transmissão vertical que vinha apresentando queda de 9,1% no primeiro triênio para 0,9% nos dois triênios seguintes, reapareceu com taxa de 7,1%. A gestação no contexto do HIV constitui-se de um momento de lutas internas e debates externos para as gestantes. Na perspectiva deste contexto social, as gestantes entrevistadas relataram em suas falas, as três categorias a serem descritas a seguir: "A gestação consiste em aceitar e ser feliz", "A gestação, meus medos, dúvidas e tristezas" e "A gestação enquanto um fardo a ser carregado!". Tanto o estudo do perfil epidemiológico como dos sentimentos em relação à gestação e ao diagnóstico do HIV, consolidam algumas mudanças transcorridas ao longo do tempo. Aspectos da gestante relativos ao seu nível instrucional, a sua jovem idade, a redução no número de gestações e partos, assim como a adesão ao pré-natal e à TARV, apontam para uma melhor aceitação deste binômio. A ocorrência do diagnóstico prévio a gestação, dá espaço para a elaboração de medos, anseios e tristezas, fato que pode e alterar a adesão aos cuidados de sua saúde. A efetividade da conduta da cascata de cuidados é fundamental para a prevenção de novas infecções, da saúde gestante, de sua qualidade de vida, bem como de seus aspectos biopsicossociais. Neste sentido, a mulher soropositiva necessita ser ouvida, para que tais incongruências sejam reconhecidas e avaliadas durante e após o seu atendimento pré-natal.The presence of HIV / AIDS during pregnancy is clearly a risk factor for mother physical and mental health and the gestational process. Prenatal care is permeated with limitations, controls and interventions in the life of these women. This study aimed to establish the socio-demographic profile and the aspects related to the emotions involved during the gestation of HIV+ women who attended to prenatal care at a reference center for HIV / AIDS in Southern Brazil. A quantitative-qualitative study was conducted, with a retrospective temporal analysis associated to a qualitative study. The quantitative study included all pregnant women who attended at least one visit or who delivered in that center a newborn weighing more than 500g and gestational age greater than or equal to 22 weeks, between the years of 2003- 2014. In the temporal analysis, the patients were grouped by the year of delivery, and the prevalence was calculated by triennium. The prevalence was compared by the chi-square test and linear trend and the means were compared by ANOVA. The qualitative approach was conducted through a semi structured interview; this analysis included 20 pregnant women visiting the center between 2013-14. The content analysis was carried out, first by floating reading and the construction of recording units, followed by the categorization of units of meaning, according to their similarities and differences. Both studies were approved by the FURG Ethics Committee (CEPAS/FURG) (23116001368 / 2003-44 and n.58 / 2013). The rate of HIV-positive pregnant women was 12.4 cases / 1000 births from 2003 to 2014. We observed a linear decrease in the mean of gestations and deliveries, from 3.07 to 2.04 gestations / patient and 2.35 to 1, 67 deliveries / patient (p = 0.002, p = 0.015), respectively. Prenatal coverage increased from 84.9% to 96.4% in the third triennium (p = 0.029). The diagnosis of HIV before pregnancy increased from 40.8% in the first triennium to 78.8% in the latter (p0.001). Thus, the onset of antiretroviral therapy was anticipated from six to three weeks of gestation in the last triennium (p = 0.005). The vaginal delivery was the main way of birth (52.9%) specially in the third triennium (p = 0.006). The use of Zidovudine (AZT) in the infants increased from 87% to 98.1% in the second triennium and remained high (p0.001). Unfortunately, the vertical transmission, which had dropped from 9.1% in the first triennium to 0.9% in the two subsequent, reappeared at a rate of 7.1%. Pregnancy in the context of HIV infection is a time of internal struggles and external debates. From the perspective of this social context, pregnant women interviewed reported in their speeches the three categories to be described next: "Pregnancy consists in accepting and being happy", "Pregnancy, my fears, questions and sorrows" and "Pregnancy as a burden to bear!" Both the study of the epidemiological profile and the feelings regarding pregnancy and the diagnosis of HIV, consolidate some changes that have occurred over time. Aspects of the pregnant women regarding instructional level, young age, the reduction in the number of pregnancies and deliveries, as well as the adhesion to prenatal and ART, point to a better acceptance of this binomial. The occurrence of the diagnosis prior to gestation, the space for the elaboration of fears, longings and sorrows, a fact that can and will change the adherence to the care of their health. The effectiveness of the conduct of the cascade of care is fundamental for the prevention of new infections, pregnant health, quality of life, as well as their biopsychosocial aspects. In this sense, the HIV-positive woman needs to be heard so that such incongruities are recognized and evaluated during and after her prenatal care.Gonçalves, Carla VitolaMartinez, Ana Maria Barral deLobato, Rubens Caurio2021-05-29T19:48:56Z2021-05-29T19:48:56Z2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfLOBATO, Rubens Caurio . Mulheres gestantes que vivem com o HIV no extremo sul do Brasil: uma interface entre a epidemiologia e a análise dos discursos a partir de um estudo quanti-qualitativo. 2017. 82f.Tese (Doutorado em Ciência da Saúde) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2017.http://repositorio.furg.br/handle/1/9501porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FURG (RI FURG)instname:Universidade Federal do Rio Grande (FURG)instacron:FURG2021-05-29T19:48:56Zoai:repositorio.furg.br:1/9501Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.furg.br/oai/request || http://200.19.254.174/oai/requestopendoar:2021-05-29T19:48:56Repositório Institucional da FURG (RI FURG) - Universidade Federal do Rio Grande (FURG)false |
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