Vamos a atividade do dia: o acerto de contas no trabalho do tráfico de drogas varejista
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A95KUH |
Resumo: | O tráfico de drogas ocupa, a cada dia, um espaço maior do nosso cotidiano como representante de uma suposta guerra civil que estaria assolando nossa sociedade. Os noticiários tecem diariamente linhas associativas que colam a imagem do traficante à produção e à disseminação do mal, exibindo justificativas que o elevam à condição de inimigo a ser combatido. A atribuição de um caráter maligno, por vezes patológico, que culmina em um processo de demonização do traficante, encobre uma construção discursiva pautada em uma separação radical entre o bem e o mal. A despeito dessas concepções maniqueístas, o tráfico de drogas se configurou, nas últimas décadas, como uma importante atividade geradora de capital, que tem como meio para tal a mercantilização de drogas ilícitas. Nesse sentido, configura-se como uma organização de trabalho que acontece no campo da ilegalidade. Assim, sob a perspectiva teórico/metodológica da Psicologia do Trabalho, procuramos analisar, nesta dissertação, o funcionamento do tráfico de drogas varejista em uma microrregião de Minas Gerais, buscando compreender a atividade do acerto de contas. Em uma abordagem qualitativa, trabalhamos com entrevistas com pessoas que estiveram envolvidas no tráfico de drogas no varejo e também com a observação, que aqui denominaremos observação engajada. Também frequentamos, por um período de quatro meses, uma oficina de grafite que acontecia próxima a um ponto de comércio de drogas ilícitas, com a finalidade única de vivenciar, experenciar, estranhar de forma livre e implicada a realidade estudada. Os resultados obtidos na pesquisa evidenciaram um cenário em que o ato de matar é naturalizado, instrumentalizado e espetacularizado, com incidências significativas para a estruturação de uma organização de trabalho e para o reconhecimento de seus trabalhadores. O recurso à violência letal no formato do acerto de contas, que por décadas esteve conectado às vinganças privadas, acompanhou as modificações na gestão do tráfico de drogas e parece corresponder, atualmente, a uma prescrição do trabalho. |
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Vanessa Andrade de BarrosTeresa Cristina Othenio Cordeiro CarreteiroRuth Vasconcelos Lopes FerreiraThaisa Vilela Fonseca Amaral2019-08-14T05:40:23Z2019-08-14T05:40:23Z2014-08-29http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A95KUHO tráfico de drogas ocupa, a cada dia, um espaço maior do nosso cotidiano como representante de uma suposta guerra civil que estaria assolando nossa sociedade. Os noticiários tecem diariamente linhas associativas que colam a imagem do traficante à produção e à disseminação do mal, exibindo justificativas que o elevam à condição de inimigo a ser combatido. A atribuição de um caráter maligno, por vezes patológico, que culmina em um processo de demonização do traficante, encobre uma construção discursiva pautada em uma separação radical entre o bem e o mal. A despeito dessas concepções maniqueístas, o tráfico de drogas se configurou, nas últimas décadas, como uma importante atividade geradora de capital, que tem como meio para tal a mercantilização de drogas ilícitas. Nesse sentido, configura-se como uma organização de trabalho que acontece no campo da ilegalidade. Assim, sob a perspectiva teórico/metodológica da Psicologia do Trabalho, procuramos analisar, nesta dissertação, o funcionamento do tráfico de drogas varejista em uma microrregião de Minas Gerais, buscando compreender a atividade do acerto de contas. Em uma abordagem qualitativa, trabalhamos com entrevistas com pessoas que estiveram envolvidas no tráfico de drogas no varejo e também com a observação, que aqui denominaremos observação engajada. Também frequentamos, por um período de quatro meses, uma oficina de grafite que acontecia próxima a um ponto de comércio de drogas ilícitas, com a finalidade única de vivenciar, experenciar, estranhar de forma livre e implicada a realidade estudada. Os resultados obtidos na pesquisa evidenciaram um cenário em que o ato de matar é naturalizado, instrumentalizado e espetacularizado, com incidências significativas para a estruturação de uma organização de trabalho e para o reconhecimento de seus trabalhadores. O recurso à violência letal no formato do acerto de contas, que por décadas esteve conectado às vinganças privadas, acompanhou as modificações na gestão do tráfico de drogas e parece corresponder, atualmente, a uma prescrição do trabalho.Drug trafficking takes, every day, a larger space of everyday life as a representative of a supposed civil war that was ravaging our society. The daily news creates associative lines sticking the image of the drug dealer to the production and dissemination of evil showing justifications that elevate the status of enemy to be fought. The assignment of a malignant character, sometimes pathological, which culminates in a process of demonization of dealer conceals a discursive construction guided by a radical distinction between good and evil. Despite these dualistic conceptions, drug trafficking was set up in recent decades, as an important activity that generates capital through the mercantilization of illicit drugs. In this sense, appears as a labor organization that occurs in the field of illegality. Thus, sustained in theoretical / methodological perspective of Labour Psychology we try to analyze, in this paper, the operation of retail drug trafficking in a microregion of Minas Gerais seeking to understand the activity of "payback". In a qualitative approach, we work with interviews with people who were involved in drug trafficking in retail and observation, which we will call here as engaged observation. Also we attended, for a period of four months, a workshop of grafite, which occurred near a point of the illicit drug trade, with the sole purpose of genuinely experience, surprising freely and implicated the studied reality. The results obtained in the research emphasized a scenario where the killing is naturalized, instrumentalized and spectacularized with significant implications for the structuring of a labor organization and recognition of their workers. The use of lethal violence in the payback, which for decades has been connected to private vengeance, followed the format changes in the management of drug trafficking and seems currently correspond to a prescription of the job.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGTráfico de drogasTrabalhoPsicologiaTrabalhoPrescriçãoTráfico de DrogasAcerto de ContasVamos a atividade do dia: o acerto de contas no trabalho do tráfico de drogas varejistainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_tha_sa_vilela.pdfapplication/pdf1532687https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A95KUH/1/disserta__o_tha_sa_vilela.pdf2b79877153de4312f859f547779e038aMD51TEXTdisserta__o_tha_sa_vilela.pdf.txtdisserta__o_tha_sa_vilela.pdf.txtExtracted texttext/plain330799https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A95KUH/2/disserta__o_tha_sa_vilela.pdf.txt4b2810fac83d0f7b4540d11e09199c33MD521843/BUBD-A95KUH2019-11-14 03:25:34.466oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A95KUHRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:25:34Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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