O processo de constituição de aspirações ocupacionais na interface educação/trabalho.

• Ano de defesa: 2010
• Autor(a) principal: Marta Santos Sales
• Orientador(a): Jorge Alexandre Barbosa Neves
• Banca de defesa: Elaine Meire Vilela
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Palavras-chave em Português: Trabalho; Expectativas; Background; Aspirações; Gênero; Família
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-874LKN

O objetivo dessa pesquisa foi investigar o processo de constituição de aspirações ocupacionais e adolescentes, considerando condição sócio-econômica, gênero e a prática de trabalho nessa fase da vida. Com relação a tal processo, o foco foi a dinâmica da relação entre pais e filhos, através das expectativas dos primeiros. Pesquisar o processo de constituição de aspirações ocupacionais significa investigar a relação entre pais e adolescentes, pois as expectativas dos primeiros é determinante no processo. Assim, o interesse foi investigar se essa relação é responsável pela inserção dos adolescentes no mercado de trabalho, nessa fase da vida (Entwisle; Alexander, Olson, 2007; Halaby, 2003). A discussão em torno do trabalho na adolescência, bem como dos mecanismos envolvidos nesse processo é de grande importância no Brasil, onde cerca de 1/3 dos adolescentes entre 15 e 17 anos encontravam-se trabalhando em 2001, conciliando estudo e trabalho ou somente trabalhando, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) (Sabóia, Soares, Kappel, 2004). A questão do trabalho infantil e do adolescente, há muito tempo, é tema de debate no campo dos direitos sociais. Porém, apenas em 1990 com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)1, que o Brasil se aproximou de uma possível garantia dos direitos fundamentais e no estabelecimento de deveres da família e do Estado para com a criança e o adolescente ((Brasil, 1990). Para responder às questões propostas, realizou-se a associação de métodos quantitativos e qualitativos. Primeiro, foram considerados dois grupos de adolescentes que trabalham, aqueles oriundos da classe média e aqueles de baixa renda, que estão inseridos em programas sociais; e dois grupos controle, que foram compostos por aqueles adolescentes das referidas condições sócio-econômicas, porém que não trabalhavam. E, em todos os casos, houve a presença de educação formal. A partir disso, a amostra qualitativa foi composta por 20 adolescentes entre 15 e 18 anos de idade, que estavam cursando o ensino médio, de ambos os sexos e os respectivos pais. Esses critérios buscaram atender o objetivo de que os sujeitos estivessem no período da adolescência, no qual o processo de constituição das aspirações ocupacionais ainda está intenso, embora menos do que na infância (Bryant; Zvonkovic; Reynolds, 2007). Foi utilizado também o banco de dados da pesquisa Perdas Sociais Causadas pela Violência: Violência nas escolas, realizada em 2005, pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), com 3.568 casos da população de estudantes da região metropolitana de Belo Horizonte. A amostra para essa etapa respeitou os mesmos critérios da etapa qualitativa, resultando em 881 casos. A pesquisa empírica não dispensa uma revisão de literatura, de modo que estudos do campo da realização do status (Featherman e Haller, 2006; Haller e Portes, 1973; Mead, 1934) e de desigualdade de classe, raça e gênero no Brasil (Aguiar, Fernandes e Neves, 2007; Ribeiro, 2003) fundamentaram a análise dos dados. Os resultados encontrados permitiram realizar uma descrição das aspirações e expectativas dos sujeitos estudados, de acordo com as variáveis selecionadas; e buscar compreender os mecanismos que os constituem que estão presentes na interação familiar, bem como realizar algumas inferências com relação à presença do trabalho na adolescência e suas implicações nas políticas públicas