Hérib Campos Cervera: luto e melancolia na literatura paraguaia
Ano de defesa: | 2013 |
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Resumo: | A melancolia tem suscitado significativos debates teóricos no âmbito da psiquiatria e psicanálise. No meio social, segundo a Organização Mundial da Saúde, ela é uma patologia que afeta grande parte da população, sendo considerada por muitos especialistas como o mal do século. Os primeiros registros da melancolia são encontrados há 2500 anos, entre os gregos, na Ilíada de Homero, na teoria de Humores de Hipócrates e no tratado sobre a melancolia de Aristóteles. Com efeito, o interesse e objetivo de investigação partiu dos estados melancólicos das personagens verificados quando da análise da peça teatral Juan Hachero: una crónica dramática en un prólogo, tres jornadas y un epílogo do poeta e dramaturgo paraguaio Hérib Campos Cervera, assim como das poesias produzidas em razão dos contextos de perdas vivenciados pelo o autor. Nesse sentido, na presente dissertação, realizamos uma leitura comparativa da melancolia mimetizada no texto dramatúrgico e poético de Hérib Campos Cervera, à luz da teoria freudiana (2006) sobre luto e melancolia. Nesse estudo, consideramos, assim como Coutinho (1978) que literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Com o propósito de verificar tal relação, nosso estudo centrou-se nos pressupostos teóricos da crítica biográfica (Souza, 2002, 2009, 2011), a fim de compreender o espaço biográfico o qual o autor estava inserido. Na mesma medida em que os conceitos sobre arquivo e memória balizaram-se nos estudos do filósofo Jacques Derrida (2001) com o propósito de sistematizar e compreender os arquivos cerverianos analisados. Não menos importante, os estudos sobre fronteira e subalternidade com ênfase na literatura paraguaia contribuíram significativamente para a compreensão da produção de Campos Cervera no contexto da crítica literária paraguaia. Por conseguinte, os trabalhos de Renata Pallottini (1983, 1988) nortearam os estudos dramatúrgicos e contribuíram decisivamente para compreender a configuração entre a criação das personagens e o contexto do teatro enquanto representação social. Constatamos, ao fim da pesquisa, que na produção de Hérib Campos Cervera há uma relação simbólica entre o luto e melancolia, fruto dos eventos históricos vivenciados pelo poeta, marcados, sobretudo, por perdas, como a morte dos pais na infância, a execução de amigos na ditadura militar e o exílio, deixando marcas em Cervera de um processo de luto sempre inacabado, contribuindo para que o quadro de melancolia fosse uma constante em sua vida e obra. A pesquisa revelou ainda que as escolhas dos temas, narrativas, paisagens, composição de personagens, diálogos, ambiente e encenação estão vinculadas a uma estética melancólica, posto que as palavras-chave comuns na produção de Cervera foram, a saber: morte, luto, melancolia, cal, sal, cinza, escuridão, sangre, exílio. |
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Nesse sentido, na presente dissertação, realizamos uma leitura comparativa da melancolia mimetizada no texto dramatúrgico e poético de Hérib Campos Cervera, à luz da teoria freudiana (2006) sobre luto e melancolia. Nesse estudo, consideramos, assim como Coutinho (1978) que literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Com o propósito de verificar tal relação, nosso estudo centrou-se nos pressupostos teóricos da crítica biográfica (Souza, 2002, 2009, 2011), a fim de compreender o espaço biográfico o qual o autor estava inserido. Na mesma medida em que os conceitos sobre arquivo e memória balizaram-se nos estudos do filósofo Jacques Derrida (2001) com o propósito de sistematizar e compreender os arquivos cerverianos analisados. 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A pesquisa revelou ainda que as escolhas dos temas, narrativas, paisagens, composição de personagens, diálogos, ambiente e encenação estão vinculadas a uma estética melancólica, posto que as palavras-chave comuns na produção de Cervera foram, a saber: morte, luto, melancolia, cal, sal, cinza, escuridão, sangre, exílio.RESUMEN - La melancolía ha atraído a importantes debates teóricos dentro de la psiquiatría y el psicoanálisis. En el entorno social, según la Organización Mundial de la Salud, es una patología que afecta a la mayoría de la población, y es considerada por muchos expertos como la enfermedad del siglo. Los primeros registros de la melancolía se encuentran hace 2500 años, entre los griegos, en la Ilíada de Homero, en los Estados de Ánimo de Hipócrates y en el tratado sobre la melancolía de Aristóteles. De hecho, el interés y el objetivo de la investigación surgió a partir de los estados melancólicos de los personajes presentados desde el análisis de la obra Juan Hachero: una crónica dramática en un prólogo, tres jornadas y un epílogo del poeta y dramaturgo paraguayo Hérib Campos Cervera, así como la poesía producida por los contextos de las pérdidas experimentadas por el autor. En consecuencia, en el presente trabajo, se realizó una lectura comparativa de la melancolía mimetizada en el texto dramatúrgico y poético de Hérib Campos Cervera, a la luz de la teoría freudiana (2006) sobre el duelo y la melancolía. En este estudio, consideramos, así como Coutinho (1978), que la literatura, como todo arte, es una transfiguración de la realidad, la realidad es recreada a través del espíritu del artista y retransmitida a través de la lengua de las formas, que son los géneros y la que toma forma y nueva realidad. Con el fin de verificar esta relación, nuestro estudio se centró en las suposiciones teóricas de la crítica biográfica (Souza, 2002, 2009, 2011) con el objetivo de entender el espacio biográfico que constituyó la vida del autor. Por otra parte los conceptos de archivo y memoria se balizaron en los estudios del filósofo Jacques Derrida (2001) con el fin de comprender y sistematizar los archivos cerverianos analizados. No menos importante, los estudios de frontera y de subalternidad, con énfasis en la literatura paraguaya han contribuido significativamente a la comprensión de la producción de Campos Cervera en el contexto de la crítica literaria paraguaya. De la misma manera, el trabajo de Renata Pallottini (1983, 1988) guió a los estudios dramatúrgicos y contribuyó decisivamente a entender la configuración entre la creación de los personajes en el contexto del teatro como representación social. Concluimos al final de la investigación, que la producción de Hérib Campos Cervera posee una relación simbólica entre el duelo y la melancolía, resultado de los acontecimientos históricos experimentados por el poeta, marcado principalmente por la pérdida, como la muerte de los padres en la infancia, los asesinatos de amigos en la dictadura militar y el exilio, dejando marcas en Cervera de un proceso de duelo siempre inacabado, lo que colaboró para que la melancolía convertirse en una constante en su vida y obra. La investigación también reveló que la elección de temas, relatos, los paisajes, la composición de personajes, diálogos, ambiente y escenario están vinculados a una estética melancólica, ya que las palabras clave más comunes en la producción de Cervera fueron las siguientes: muerte, luto, melancolía, cal, sal, ceniza, oscuro, sangre, exilio.porPesarMelancolia na LiteraturaArquivosMemóriaTeatroLiteraturaGriefMelancholy in LiteratureArchivesMemoryTheaterLiteratureHérib Campos Cervera: luto e melancolia na literatura paraguaiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisEnedino, Wagner CorsinoGomes, Álvaro José dos Santosinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMSinstname:Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)instacron:UFMSTHUMBNAILÁlvaro José dos Santos Gomes.pdf.jpgÁlvaro José dos Santos Gomes.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1169https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/1966/4/%c3%81lvaro%20Jos%c3%a9%20dos%20Santos%20Gomes.pdf.jpg1a23f85292f91f6e9d9fbadf6acb153aMD54TEXTÁlvaro José dos Santos Gomes.pdf.txtÁlvaro José dos Santos Gomes.pdf.txtExtracted texttext/plain293725https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/1966/3/%c3%81lvaro%20Jos%c3%a9%20dos%20Santos%20Gomes.pdf.txtdcb7199af64bcd8b9a22d65bde22281fMD53ORIGINALÁlvaro José dos Santos Gomes.pdfÁlvaro José dos Santos Gomes.pdfapplication/pdf16538129https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/1966/1/%c3%81lvaro%20Jos%c3%a9%20dos%20Santos%20Gomes.pdf830cd47e46cb562048385ff6ca8b5b9bMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/1966/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52123456789/19662021-09-30 15:57:47.564oai:repositorio.ufms.br:123456789/1966Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufms.br/oai/requestri.prograd@ufms.bropendoar:21242021-09-30T19:57:47Repositório Institucional da UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)false |
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A melancolia tem suscitado significativos debates teóricos no âmbito da psiquiatria e psicanálise. No meio social, segundo a Organização Mundial da Saúde, ela é uma patologia que afeta grande parte da população, sendo considerada por muitos especialistas como o mal do século. Os primeiros registros da melancolia são encontrados há 2500 anos, entre os gregos, na Ilíada de Homero, na teoria de Humores de Hipócrates e no tratado sobre a melancolia de Aristóteles. Com efeito, o interesse e objetivo de investigação partiu dos estados melancólicos das personagens verificados quando da análise da peça teatral Juan Hachero: una crónica dramática en un prólogo, tres jornadas y un epílogo do poeta e dramaturgo paraguaio Hérib Campos Cervera, assim como das poesias produzidas em razão dos contextos de perdas vivenciados pelo o autor. Nesse sentido, na presente dissertação, realizamos uma leitura comparativa da melancolia mimetizada no texto dramatúrgico e poético de Hérib Campos Cervera, à luz da teoria freudiana (2006) sobre luto e melancolia. Nesse estudo, consideramos, assim como Coutinho (1978) que literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Com o propósito de verificar tal relação, nosso estudo centrou-se nos pressupostos teóricos da crítica biográfica (Souza, 2002, 2009, 2011), a fim de compreender o espaço biográfico o qual o autor estava inserido. Na mesma medida em que os conceitos sobre arquivo e memória balizaram-se nos estudos do filósofo Jacques Derrida (2001) com o propósito de sistematizar e compreender os arquivos cerverianos analisados. Não menos importante, os estudos sobre fronteira e subalternidade com ênfase na literatura paraguaia contribuíram significativamente para a compreensão da produção de Campos Cervera no contexto da crítica literária paraguaia. Por conseguinte, os trabalhos de Renata Pallottini (1983, 1988) nortearam os estudos dramatúrgicos e contribuíram decisivamente para compreender a configuração entre a criação das personagens e o contexto do teatro enquanto representação social. Constatamos, ao fim da pesquisa, que na produção de Hérib Campos Cervera há uma relação simbólica entre o luto e melancolia, fruto dos eventos históricos vivenciados pelo poeta, marcados, sobretudo, por perdas, como a morte dos pais na infância, a execução de amigos na ditadura militar e o exílio, deixando marcas em Cervera de um processo de luto sempre inacabado, contribuindo para que o quadro de melancolia fosse uma constante em sua vida e obra. A pesquisa revelou ainda que as escolhas dos temas, narrativas, paisagens, composição de personagens, diálogos, ambiente e encenação estão vinculadas a uma estética melancólica, posto que as palavras-chave comuns na produção de Cervera foram, a saber: morte, luto, melancolia, cal, sal, cinza, escuridão, sangre, exílio. |
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