Discurso criminológico da mídia na sociedade capitalista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cardoso, Helena Schiessl
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1884/25722
Resumo: Resumo: O discurso criminológico dominante nos meios de comunicação constrói uma imagem estereotipada sobre a “questão criminal”. Nosso objetivo principal é investigar como a imagem da criminalidade e do criminoso, fabricada pela mídia, auxilia no controle social penal dos socialmente marginalizados, ou seja, como as narrativas jornalísticas servem à manutenção das relações de poder na sociedade capitalista. Nos moldes de uma teoria crítica, além de um diagnóstico de época, também procuramos sugerir um possível caminho emancipatório, através de uma perspectiva “multidisciplinar”. No primeiro capítulo, ontextualizamos os meios de comunicação na sociedade moderna, indicando seu desenvolvimento no interior do modelo econômico capitalista. Assinalamos algumas peculiaridades da realidade brasileira, a exemplo da forte tendência à oligopolização e das complexas redes de poder que envolvem os atores no nosso setor de comunicações. No segundo capítulo, debruçamo-nos sobre o próprio processo produtivo das notícias e esboçamos as suas consequências para a construção do retrato da “questão criminal”. O discurso criminológico dominante na mídia apresenta uma imagem seletiva e estereotipada sobre a temática, reduzindo-a à criminalidade violenta e ao criminoso marginal. Veicula também um verdadeiro credo criminológico que pode ser traduzido como afirmação do dogma da pena e da criminalização provedora. A crítica interdisciplinar, elaborada no terceiro capítulo, denuncia, no entanto, que se trata de uma fala não científica, em total descompasso com o conhecimento criminológico. Além disso, é um discurso paranoico que, através da disseminação do medo em face da criminalidade violenta, auxilia na redefinição das formas de organização mental e espacial das cidades, abrindo portas para políticas autoritárias de controle social. Por fim, diante da conjuntura gravosa que se apresenta no Brasil, tentamos, no quarto capítulo, resgatar algumas lições do passado recente, a fim de alertar sobre o perigo que representa a ascensão e a consolidação de um “Estado Penal”. Nesse ponto, as obras de Hannah Arendt e Zygmunt Bauman apontam a necessidade do resgate da política e da dimensão da pluralidade. A transposição dessa meta, em face da problemática do discurso criminológico dominante, encontra um método interessante no paradigma da “newsmaking criminology”. A proposta emancipatória desse trabalho consiste, portanto, na luta política de desconstrução e reconstrução da imagem da criminalidade e do criminoso no espaço público — sobretudo nos meios de comunicação —, e se insere no interior de um projeto maior de superação do sofrimento humano e de busca de alternativas ao controle social penal.
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