Nas veias abertas do necrocapitalismo: uma análise acerca das contradições inerentes à medida socioeducativa de internação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Brito, Gabriel Miranda
Orientador(a): Paiva, Ilana Lemos de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48495
Resumo: Com o objetivo de analisar as maneiras pelas quais a medida socioeducativa de internação se constitui como um instrumento de criminalização, redução das vulnerabilidades ou reforço de uma posição estigmatizante, a presente tese se dedica ao estudo a respeito de quatro problemáticas contemporâneas relacionadas aos adolescentes institucionalizados em unidades de internação. São elas: a conexão entre os mecanismos de gestão penal da miséria e o avanço do neoliberalismo no Brasil; a relação entre adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e grupos criminosos denominados facções; a política proibicionista de drogas como um eixo fundamental do processo de criminalização da pobreza; e os limites e possibilidades ofertados pelas medidas socioeducativas privativas de liberdade, analisando de que forma elas podem contribuir para a criação de instrumentos que possibilitem a ruptura com a trajetória infracional. A pesquisa foi orientada a partir dos pressupostos do materialismo histórico-dialético e, como resultados, destaca-se, em primeiro lugar, que há, em vigor no Brasil, um Estado de exceção penal-necropolítico, isto é, uma forma estatal caracterizada pela gestão do refugo da sociedade de mercado por meio de mecanismos penais – nos quais a privação de liberdade se insere – e pela produção direta e indireta da morte. Ademais, observa-se que o avanço do ideário neoliberal e a reorganização da direita brasileira no período posterior ao golpe de 2016 contribuem para a intensificação das tecnologias punitivas e genocidas orquestradas pelo Estado ou desenvolvidas com o seu aval. Nesse sentido, um dos alicerces do Estado de exceção penal-necropolítico está materializado na Lei nº 11.343/2006, que opera como um instrumento ineficaz no que diz respeito aos seus objetivos declarados – isto é, reduzir o consumo, o comércio e a circulação de substâncias ilícitas –, mas eficaz em funções não declaradas, como servir de instrumento para a criminalização e execução sumária de sujeitos pobres e negros que ocupam os setores mais pauperizados da classe trabalhadora brasileira. No que concerne à relação entre adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação e facções criminosas, o desenvolvimento de uma investigação de caráter qualitativo em duas unidades socioeducativas do Rio Grande do Norte possibilitou a construção de três modelos típico- ideais para compreender o fenômeno: a vinculação discursiva, a vinculação territorial e a vinculação efetiva. Desse modo, observa-se que subjacente à narrativa de “adolescentes faccionados” existem distintas formas de vinculação e diferentes razões para que elas ocorram. Além disso, este trabalho também aponta que, ainda que haja um esforço por parte do sistema socioeducativo em considerar aspectos pedagógicos e não apenas punitivo- repressivos na sua operacionalização, a socioeducação se encontra ancorada em um beco sem saída: objetivar ajustar o desviante sem considerar que o crime e o infrator são produtos das relações sociais nas quais o indivíduo se insere. Assim, por mais que o sistema socioeducativo assuma, em um plano teórico, uma postura progressista, continua a funcionar de maneira semelhante ao conjunto das demais políticas penais, ou seja, como um mecanismo encarregado de estocar fisicamente sujeitos, em sua maioria, pobres e negros. Diante do exposto, é possível inferir que o sistema socioeducativo se encontra assentado em uma contradição fundamental, que o impossibilita de oferecer ao adolescente as condições necessárias para que ele possa romper com a trajetória infracional, tendo em vista que a produção e a reprodução do delito estão mais relacionadas à maneira como a sociedade se organiza do que com o caráter, a índole ou moral dos indivíduos. Todavia, a fim de contribuir para a construção de uma socioeducação que possa cooperar, ainda que minimamente, para a redução das vulnerabilidades dos adolescentes, a presente tese apresenta a escuta ativa e a recusa do etnocentrismo como pressupostos metodológicos a serem considerados no trabalho com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.
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Tese (Doutorado em Psicologia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48495Com o objetivo de analisar as maneiras pelas quais a medida socioeducativa de internação se constitui como um instrumento de criminalização, redução das vulnerabilidades ou reforço de uma posição estigmatizante, a presente tese se dedica ao estudo a respeito de quatro problemáticas contemporâneas relacionadas aos adolescentes institucionalizados em unidades de internação. São elas: a conexão entre os mecanismos de gestão penal da miséria e o avanço do neoliberalismo no Brasil; a relação entre adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e grupos criminosos denominados facções; a política proibicionista de drogas como um eixo fundamental do processo de criminalização da pobreza; e os limites e possibilidades ofertados pelas medidas socioeducativas privativas de liberdade, analisando de que forma elas podem contribuir para a criação de instrumentos que possibilitem a ruptura com a trajetória infracional. A pesquisa foi orientada a partir dos pressupostos do materialismo histórico-dialético e, como resultados, destaca-se, em primeiro lugar, que há, em vigor no Brasil, um Estado de exceção penal-necropolítico, isto é, uma forma estatal caracterizada pela gestão do refugo da sociedade de mercado por meio de mecanismos penais – nos quais a privação de liberdade se insere – e pela produção direta e indireta da morte. Ademais, observa-se que o avanço do ideário neoliberal e a reorganização da direita brasileira no período posterior ao golpe de 2016 contribuem para a intensificação das tecnologias punitivas e genocidas orquestradas pelo Estado ou desenvolvidas com o seu aval. Nesse sentido, um dos alicerces do Estado de exceção penal-necropolítico está materializado na Lei nº 11.343/2006, que opera como um instrumento ineficaz no que diz respeito aos seus objetivos declarados – isto é, reduzir o consumo, o comércio e a circulação de substâncias ilícitas –, mas eficaz em funções não declaradas, como servir de instrumento para a criminalização e execução sumária de sujeitos pobres e negros que ocupam os setores mais pauperizados da classe trabalhadora brasileira. 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Assim, por mais que o sistema socioeducativo assuma, em um plano teórico, uma postura progressista, continua a funcionar de maneira semelhante ao conjunto das demais políticas penais, ou seja, como um mecanismo encarregado de estocar fisicamente sujeitos, em sua maioria, pobres e negros. Diante do exposto, é possível inferir que o sistema socioeducativo se encontra assentado em uma contradição fundamental, que o impossibilita de oferecer ao adolescente as condições necessárias para que ele possa romper com a trajetória infracional, tendo em vista que a produção e a reprodução do delito estão mais relacionadas à maneira como a sociedade se organiza do que com o caráter, a índole ou moral dos indivíduos. Todavia, a fim de contribuir para a construção de uma socioeducação que possa cooperar, ainda que minimamente, para a redução das vulnerabilidades dos adolescentes, a presente tese apresenta a escuta ativa e a recusa do etnocentrismo como pressupostos metodológicos a serem considerados no trabalho com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.This thesis aims to analyze the ways in which the socio-educative measure of detention constitutes an instrument of criminalization, reduction of vulnerabilities, or reinforcement of a stigmatizing position. For this purpose, this work focuses on four contemporary questions related to teenagers institutionalized in juvenile detention houses. The questions being: the connection between the mechanisms of penal management of misery and the development of neoliberalism in Brazil; the relationship between adolescents undergoing socio-educative measures and criminal groups known as factions; the prohibitionist drug policy as a fundamental axis of the process of criminalization of poverty; and the limits and possibilities offered by the socio-educative deprivation of liberty measures, analyzing how they can contribute to the creation of tools that allow for breaking of the deviant/criminal trajectory. The questions were analyzed by the dialectical materialism and the principal conclusions show that, in the first place, there is, in force in Brazil, a penal-necropolitical State of exception, that is, a state form characterized by the management of the excess and marginalized of the market society through penal mechanisms - among which the deprivation of liberty falls – and by the direct and indirect production of death. Furthermore, it is observed that the advance of neoliberal ideology and the reorganization of the Brazilian right-wing in the period after the 2016 coup d'État contributed to the intensification of punitive and genocidal technologies orchestrated by the State or developed with its endorsement. In this respect, one of the foundations of the penal-necropolitical State of exception is embodied in Law No. 11.343/2006, which operates as an ineffective instrument concerning its declared objectives - that is, to reduce the consumption, trade, and circulation of illicit substances – but effective in undeclared functions, such as serving as an instrument for the criminalization and summary execution of poor and black people, who occupy the most impoverished sectors of the Brazilian working class. In regard to the relationship between adolescents serving a socio-educative internment measure and criminal factions, qualitative research in two socio- educational units in Rio Grande do Norte made it possible to build three ideal types to understand the phenomenon: discursive binding, territorial binding, and effective binding. It is observed that behind the narrative of “factionalized teenagers” there are manifold forms of binding and multiple reasons for them to occur. In addition, this work also points out that, although there is an effort on the part of the socio-educative system to consider pedagogical aspects and not just punitive-repressive aspects in its operationalization, socio-education is anchored in a dead end: aiming to set right the deviant without considering that the crime and the criminal are products of the social relations in which the individual is inserted. Thus, even if the socio-educative system assumes, on a theoretical level, a progressive posture, it continues to function in a similar way to the larger set of penal policies, i. e., as a mechanism for the physical warehousing of people, mostly poor and black. Hence, the socio-educative system is based on a fundamental contradiction, which makes it impossible to offer adolescents the necessary conditions to break the deviant trajectory, considering that the production and reproduction of the crime are more related to how society organizes itself than the individual attributes. However, to contribute to the construction of a socio-educational model that can play a role, albeit minimal, in the reduction of adolescents' vulnerabilities, this thesis presents active listening and the rejection of ethnocentrism as theoretical- methodological principles to be considered in working with adolescents incarcerated in socio- educative houses.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIAUFRNBrasilSistema socioeducativoEstadoFacçõesGuerra às drogasNeoliberalismoCriminologiaNas veias abertas do necrocapitalismo: uma análise acerca das contradições inerentes à medida socioeducativa de internaçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALNasveiasabertas_Brito_2022.pdfapplication/pdf1234902https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/48495/1/Nasveiasabertas_Brito_2022.pdf551bdd2b0f36681c3a26af47bc2fe40aMD51123456789/484952022-07-14 17:15:12.078oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/48495Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-07-14T20:15:12Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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