Reinventando um lugar de exclusão: práticas, representações e sociabilidades de portadores do Mal de Hansen no Aimorés (Bauru, São Paulo, 1945 – 1969)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Porto, Carla Lisboa [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151819
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar as experiências de pessoas que viveram e trabalharam em um antigo leprosário no interior do estado de São Paulo e que criaram, a partir de redes de sociabilidade e solidariedade, diversas táticas de sobrevivência e resistência. O Departamento de Profilaxia da Lepra, criado em 1935 e extinto em 1967, foi o responsável pela política de isolamento praticada na rede de cinco asilos-colônias paulistas (dentre eles, o de Aimorés, em Bauru), assim como as normas disciplinares adotadas nessas instituições. Para proteger o restante da população de uma endemia de lepra (hanseníase), os doentes foram excluídos da sociedade e passaram a viver na instituição sob regras e códigos disciplinares bastante severos, principalmente, em relação ao controle dos usos do tempo e de seus corpos. O antigo asilo-colônia Aimorés tinha características de uma instituição total, regida por diferentes políticas públicas para combate à doença (do isolamento compulsório até a internação para tratamento, possível desde o fim da década de 1940). Embora houvesse, a partir de 1962, um decreto que determinava o fim dessa prática para com os portadores do mal de Hansen, o estado de São Paulo a manteria até 1967, quando houve a reestruturação da Secretaria de Saúde paulista. Diante desse cenário, como esses homens e mulheres agiram para lidar com a vida em confinamento e quais as alternativas encontradas por eles para suportarem uma liberdade vigiada? Como essas modificações repercutiram no modo de viver destas pessoas? Buscou-se, portanto, identificar de que maneira as redes de sociabilidade, formadas dentro de um espaço disciplinador, possibilitaram aos internados a execução de táticas de sobrevivência e resistência ao regime de isolamento e, até mesmo, a subversão dos códigos disciplinares que lhes foram impostos. Tais práticas são apresentadas a partir da análise das narrativas de ex–pacientes entrevistados, que contêm aspectos importantes sobre suas relações sociais e o cotidiano, por meio de suas memórias sobre o trabalho e as atividades de lazer e entretenimento. A data inicial da periodização contempla a primeira rebelião coletiva dos internados, ocorrida em 1945, até o impacto destas mudanças sobre as atividades da Caixa Beneficente. A entidade, que oferecia assistência aos internados para sua adaptação à vida intramuros, passaria, em 1969, a auxiliá-los para a readaptação, nem sempre bem-sucedida, da vida fora da instituição. Para compreender esse contexto (de criação da instituição e seu funcionamento), serão apresentadas também as políticas públicas adotadas para o combate à doença no período em questão, no estado, por meio de diversas fontes.
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Para proteger o restante da população de uma endemia de lepra (hanseníase), os doentes foram excluídos da sociedade e passaram a viver na instituição sob regras e códigos disciplinares bastante severos, principalmente, em relação ao controle dos usos do tempo e de seus corpos. O antigo asilo-colônia Aimorés tinha características de uma instituição total, regida por diferentes políticas públicas para combate à doença (do isolamento compulsório até a internação para tratamento, possível desde o fim da década de 1940). Embora houvesse, a partir de 1962, um decreto que determinava o fim dessa prática para com os portadores do mal de Hansen, o estado de São Paulo a manteria até 1967, quando houve a reestruturação da Secretaria de Saúde paulista. Diante desse cenário, como esses homens e mulheres agiram para lidar com a vida em confinamento e quais as alternativas encontradas por eles para suportarem uma liberdade vigiada? Como essas modificações repercutiram no modo de viver destas pessoas? Buscou-se, portanto, identificar de que maneira as redes de sociabilidade, formadas dentro de um espaço disciplinador, possibilitaram aos internados a execução de táticas de sobrevivência e resistência ao regime de isolamento e, até mesmo, a subversão dos códigos disciplinares que lhes foram impostos. Tais práticas são apresentadas a partir da análise das narrativas de ex–pacientes entrevistados, que contêm aspectos importantes sobre suas relações sociais e o cotidiano, por meio de suas memórias sobre o trabalho e as atividades de lazer e entretenimento. A data inicial da periodização contempla a primeira rebelião coletiva dos internados, ocorrida em 1945, até o impacto destas mudanças sobre as atividades da Caixa Beneficente. A entidade, que oferecia assistência aos internados para sua adaptação à vida intramuros, passaria, em 1969, a auxiliá-los para a readaptação, nem sempre bem-sucedida, da vida fora da instituição. Para compreender esse contexto (de criação da instituição e seu funcionamento), serão apresentadas também as políticas públicas adotadas para o combate à doença no período em questão, no estado, por meio de diversas fontes.This research aims to investigate the experiences of people who lived and worked in a former Leprosy Home in the countryside of São Paulo state, and who developed, through sociability networks and solidarity, several tactics for survival and resistance. The Departamento de Profilaxia da Lepra (Leprosy Prophylaxis Department), created in 1935 and extinct in 1967, was responsible not only for the isolation policy deployed in five state leper colonies (including the one located in Bauru, called Aimorés) but also for all disciplinary laws and regulations implemented in the institutions. The patients were outcasted from society and started living in institutions under quite strict rules and regulations, to protect the population from an endemic situation of Leprosy, especially regarding their time and (free) use of their bodies. The “asilo – colônia Aimorés” (former Aimorés Home Colony) was recognized as a full function institution, ruled by different public policies for disease control (from mandatory isolation to treatment hospitalization, available since the end of the 1940s). Although a decree was signed in 1962 putting an end to this policy for all Leprosy patients, the state of São Paulo insisted on it until 1967, when the Health State Secretary went under a restructure. Considering this scenery, how did men and women deal with the confinement and what alternatives did they find to bear this probation? How these changes affected the way these people lived? Therefore, we are trying to identify how social networks formed in such strict environments allowed them to develop survival techniques and resistance to the isolation regime they were forced to, finding opportunities to subvert the disciplinary codes inflicted. Such tactics are presented after the analysis of interviews with former patients, detailing important aspects of their social relations and their routines, examining their memories about work, leisure, and entertainment. The first collective uprising in 1945 marks the beginning of this study and proceeds until the impact of these changes for the “Caixa Beneficente” activities. The institution would assist patients and their adaptation in the Home Colonies, but in 1969 it started to offer support for life outside these walls, though not always successful. To understand this context (from the creation of the institution and its operation), we’ll detail the public policies regarding the fight against the disease in the state, in the period mentioned, through several sources.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 2013/16028-1Universidade Estadual Paulista (Unesp)Silva, Zélia Lopes da [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Porto, Carla Lisboa [UNESP]2017-10-03T16:03:39Z2017-10-03T16:03:39Z2017-08-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/15181900089270933004048018P5porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2024-06-18T12:21:05Zoai:repositorio.unesp.br:11449/151819Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462024-08-05T23:52:19.683455Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
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