Escutas expandidas e a produção comunicacional de escutas musicais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lucas, Cássio de Borba
Orientador(a): Silva, Alexandre Rocha da, Piedras, Elisa Reinhardt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249735
Resumo: Escutas expandidas investiga como a comunicação produz escutas musicais. Para tanto, tem como objetivos específicos (1) retomar as teorias da escuta com foco em suas problemáticas comunicacionais; (2) discutir a comunicação da escuta menos do ponto-de-vista da transmissão ou da representação e mais em função de sua produção, no sentido que dá a este termo a semanálise, que enfatiza antes as práticas de significância do que os sistemas de significação; (3) desenvolver um arcabouço teórico e um método correspondente para a análise de processos comunicacionais de produção de escutas musicais; (4) analisar, a partir dessa concepção, três territórios de escutas da Nona Sinfonia de Beethoven. A revisão de literatura retoma as teorias da escuta por seus precursores e marcos históricos, depois pela perspectiva estética de Eduard Hanslick (escuta contemplativa), pela crítica sociológica de Theodor Adorno (escuta adequada) e pelo projeto acusmático de Pierre Schaeffer (escuta reduzida), desembocando nas propostas paralelas (a) de uma noção de ‘escutas expandidas’ pelas traduções comunicacionais que as produzem e (b) de uma noção crítica de ‘reduções da escuta’ como tendência contrária de naturalização de uma escuta universalmente adequada. Na retomada da perspectiva producional semanalítica, discutimos as teses de Julia Kristeva em função do problema da comunicação da escuta musical, e a seguir apontamos alguns dos desafios que ela coloca em nossos diálogos com a área. A fundamentação teórica para a compreensão e a análise dessa produção de escutas expandidas pela comunicação é então desenvolvida com matriz na semiótica pragmaticista de Charles S. Peirce, estabelecendo quatro princípios: (EE1) que a escuta deve ser compreendida no continuum dos signos, (EE2) que a percepção e a cognição da escuta são indissociáveis desse mesmo continuum, (EE3) que o fundamental na comunicação da escuta é sua tradução em interpretantes e hábitos e (EE4) que são os territórios de signos da escuta que produzem as escutabilidades musicais, e que são eles que convém centralizar como objeto teórico. Para analisar esse objeto, é desenvolvido um método em duas etapas baseado na teoria do interpretante de Peirce. Elas analisam o território sob a perspectiva (1) da articulação dos interpretantes-dinâmicos (emocionais, energéticos e intelectuais) de escutas e (2) do trabalho dos interpretantes-normais de escutas (normalização das condições de comunicação, das referencialidades e dos hábitos de escuta). As análises de três territórios – (1) de escutas em publicações contemporâneas à première da Nona Sinfonia na Europa, (2) de escutas da Nona por compositores de meados do século XIX e (3) de escutas em periódicos brasileiros da época da estreia nacional da Nona – identificam doze procedimentos de produção sígnica de escutas musicais. A tese demonstra, assim, que é possível conceber a escuta menos em função do ouvido, da música, ou do sentido e mais em termos de sua produção comunicacional.
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A revisão de literatura retoma as teorias da escuta por seus precursores e marcos históricos, depois pela perspectiva estética de Eduard Hanslick (escuta contemplativa), pela crítica sociológica de Theodor Adorno (escuta adequada) e pelo projeto acusmático de Pierre Schaeffer (escuta reduzida), desembocando nas propostas paralelas (a) de uma noção de ‘escutas expandidas’ pelas traduções comunicacionais que as produzem e (b) de uma noção crítica de ‘reduções da escuta’ como tendência contrária de naturalização de uma escuta universalmente adequada. Na retomada da perspectiva producional semanalítica, discutimos as teses de Julia Kristeva em função do problema da comunicação da escuta musical, e a seguir apontamos alguns dos desafios que ela coloca em nossos diálogos com a área. A fundamentação teórica para a compreensão e a análise dessa produção de escutas expandidas pela comunicação é então desenvolvida com matriz na semiótica pragmaticista de Charles S. Peirce, estabelecendo quatro princípios: (EE1) que a escuta deve ser compreendida no continuum dos signos, (EE2) que a percepção e a cognição da escuta são indissociáveis desse mesmo continuum, (EE3) que o fundamental na comunicação da escuta é sua tradução em interpretantes e hábitos e (EE4) que são os territórios de signos da escuta que produzem as escutabilidades musicais, e que são eles que convém centralizar como objeto teórico. Para analisar esse objeto, é desenvolvido um método em duas etapas baseado na teoria do interpretante de Peirce. Elas analisam o território sob a perspectiva (1) da articulação dos interpretantes-dinâmicos (emocionais, energéticos e intelectuais) de escutas e (2) do trabalho dos interpretantes-normais de escutas (normalização das condições de comunicação, das referencialidades e dos hábitos de escuta). As análises de três territórios – (1) de escutas em publicações contemporâneas à première da Nona Sinfonia na Europa, (2) de escutas da Nona por compositores de meados do século XIX e (3) de escutas em periódicos brasileiros da época da estreia nacional da Nona – identificam doze procedimentos de produção sígnica de escutas musicais. A tese demonstra, assim, que é possível conceber a escuta menos em função do ouvido, da música, ou do sentido e mais em termos de sua produção comunicacional.Expanded listenings investigates how communication produces musical listenings. Therefore, its specific objectives are (1) to revisit the theories of listening focusing on its communicational problematics; (2) to discuss listening’s communication less as transmission or representation and more as production, in the sense semanalysis ascribes to this term, which emphasizes the practices of significance instead of the systems of signification; (3) to develop a theoretical framework and a corresponding method for the analysis of communicational processes of production of musical listenings; (4) to analyze, from this perspective, three listening territories of Beethoven’s Ninth Symphony. The literature review examines the theories of listening first via its historical precursors and points de reference, then through Eduard Hanslick’s aesthetic perspective (contemplative listening), Theodor Adorno’s sociological critique (adequate listening) and Pierre Schaeffer’s acousmatic project (reduced listening), which leads to the parallel propositions (a) of a notion of ‘expanded listenings’ – listenings which are expanded by the communicational translations which produce it – and (b) of a critical notion of ‘reductions of listening’ as the opposite tendency to naturalize a universally adequate listening. Revisiting the productional perspective of semanalysis, Julia Kristeva’s theses are discussed in relation to the problem of communicating musical listening, and some challenges posed by them to the area are indicated. The theoretical groundwork for the comprehension and analysis of expanded listenings is then developed from a pragmaticist semiotic viewpoint, following Charles S. Peirce, which establishes four principles: (EL1) that listening shall be conceived within the continuum of signs; (EL2) that perception and cognition are indissociable in this same continuum; (EL3) that the most fundamental in listening’s communication is its translation in interpretants and habits (EL4) that listenabilities are produced by signic territories of listenings, which shall be centralized as our theoretical object. In order to analyze it, a method in two steps is developed, based on Peirce’s theory of the interpretant: the territory is investigated in terms (I) of the articulation of (emotional, energetic and intellectual) dynamical-interpretants of listenings and (II) of the work of normal-interpretants of listenings (normalization of communicational conditions, of referentialities and of habits of listening). The analyses of three territories – (1) of listenings in publications contemporary to the Ninth Symphony’s premiere in Europe, (2) of listenings of the Ninth by mid-XIX century’s composers and (3) of listenings in Brazilian journals from the time of the Brazilian premiere of the Ninth – identify twelve procedures of signic production of musical listenings. The thesis thus demonstrates that it is possible to understand listening not in function of the music, of the ear or of signification, but rather in terms of its communicational production.application/pdfporAnálise semióticaPercepção musicalMusical listeningCommunicationPragmaticist semioticSemanalysisEscutas expandidas e a produção comunicacional de escutas musicaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2022doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001149815.pdf.txt001149815.pdf.txtExtracted Texttext/plain419015http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/249735/2/001149815.pdf.txt2e1ad02f74615c704253c38eaed88288MD52ORIGINAL001149815.pdfTexto completoapplication/pdf1254695http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/249735/1/001149815.pdfd88a17c27182eddd1a0183cf99dc66e1MD5110183/2497352022-10-08 04:59:06.099255oai:www.lume.ufrgs.br:10183/249735Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-10-08T07:59:06Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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