Cenas de dissenso e a empregabilidade de sujeitos trans em organizações : tensionamentos e experimentações no contexto do BDMG

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Túlio Cesar Salvan Pagnan
• Orientador(a): Ângela Cristina Salgueiro Marques
• Banca de defesa: Marco Aurélio Máximo Prado, Regiane Lucas de Oliveira Garcêz, Frederico da Cruz Vieira de Souza
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
• Departamento: FAF - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Cena de dissenso; Visibilidade trans; Contexto organizacional; BDMG; Políticas de empregabilidade de pessoas trans
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/45848

Esta pesquisa pretende investigar, em sua complexidade, a configuração de cenas de dissenso a partir de uma análise de caso. São analisados de modo mais detido dois acontecimentos ligados ao processo de implementação de políticas de contratação e permanência de pessoas trans em uma organização específica, o Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG). A pesquisa se interessa não em avaliar a forma como se dão as políticas organizacionais de empregabilidade trans, mas sim em identificar as ambiguidades, dissensos, tensionamentos e contradições entre a cena pública institucional e as cenas conflituais que emergem a partir do Programa “BDMG Pró-Equidade”, iniciado em agosto de 2016 e do Ciclo de Debates “Visibilidade Trans”, realizado no mesmo mês. Partimos do pressuposto de que o BDMG configura cotidianamente cenas públicas institucionais nas quais diferentes públicos desempenham scripts e papéis predeterminados, assegurando os modos mais controlados e otimizados de produção e desempenho. Contudo, em determinados momentos de suspensão e de subjetivação política, os scripts falham e essas cenas públicas podem abrigar cenas de dissenso. Nelas, espacialidades e temporalidades são redefinidas para que outras corporeidades e legibilidades possam enunciar suas demandas e experiências, frustrando expectativas. Evidenciamos como essas cenas institucionais podem abrigar cenas de experimentações e dissenso, configurando um cenário mais amplo e complexo acerca do trabalho e da empregabilidade trans. A partir da perspectiva política de Jacques Rancière (2018, 2019, 2020), as reflexões construídas nesta pesquisa visam remontar as cenas de reivindicações por políticas de empregabilidade trans enquanto cenas de dissenso que interrompem a racionalidade consensual de explicação dos eventos e da relação entre eles. A cena de dissenso é também um método anti-hierárquico de aproximação e articulação de discursos, situações, eventos e corpos. O objetivo central é mostrar de que maneira a cena das reivindicações e tentativas de implementação de políticas organizacionais de empregabilidade trans se entrelaçam com cenas de dissenso a partir de ações do BDMG. Revela-se que relação entre o trabalho de ruptura da política e o trabalho ficcional da cena nos possibilitam a construção de uma abordagem teórico-metodológica que revela a importância de provocar uma perturbação na demarcação fixa de disciplinas e regras, redefinindo os limites entre o dizível e o indizível, o próprio e o impróprio, o legítimo e o ilegítimo. Precisamente por introduzir um jogo, ou por jogar com o intervalo entre vários discursos, o objetivo é sempre deslocar e fraturar os regimes de pensamento que definiriam certos modos de fazer, falar e ver a partir de um conjunto estável de competências, qualidade ou propriedades.