A dimensão política das interações comunicativas em papo de polícia: cenas disscaso e reconfigurações do mundo comum

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Thales Vilela Lelo
Orientador(a): Angela Cristina Salgueiro Marques
Banca de defesa: André Guimarães Brasil, Eduardo Antonio de Jesus
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9WES2R
Resumo: Essa pesquisa tem como questão nodal as tensões que envolvem a construção recíproca de sujeitos como interlocutores em uma cena comunicativa, e os desafios impostos a uma investigação debruçada em apreender o processo de edificação e sedimentação dessas cenas, tomando como ponto de partida um produto cultural midiático. O objeto empírico de referência é a primeira temporada da série Papo de Polícia, composta de sete episódios que foram veiculados no canal Multishow em 2011. O protagonista do programa é o policial civil Roberto Chaves, que foi convidado para o desafio de se hospedar sete dias no Complexo do Alemão (RJ) no intuito de relatar, por meio de um diário em vídeo, as vivências no local e a interação com os moradores. A trama toma como pano de fundo as interações historicamente conflituosas entre policiais e habitantes de favelas, e será o objetivo desse trabalho apreender como o contato entre esses sujeitos na série pode ou não gerar cenas polêmicas de enunciação, nas quais a potencial construção dos sujeitos como interlocutores (e não como inimigos) coloca em relação mundos que se tangenciam e se repelem. A tônica destas cenas diz respeito às condições nas quais os parceiros de diálogo podem ser reconhecidos como seres de palavra. Reconhecer o outro como um parceiro envolve considera-lo como artífice de um mundo comum partilhado. Destarte, procurar-se-á, inicialmente, compreender as noções de comum que sustentam o dispositivo de Papo de Polícia, e que estreitam laços com uma forma de apreender as práticas comunicativas, percebidas como ação em comum. Em seguida, as implicações dessa visada relacional da comunicação serão contrastadas com outra maneira de perceber o comum inerente aos processos interacionais: um comum fraturado, cindido entre as premissas que governam uma ação mutuamente referida (que presumem compreensão recíproca e certa igualdade de entendimento), e as formas de distribuir os termos do comum que hierarquizam os corpos e mesmo engolfam seus intervalos sob o ideal de uma aliança entre supostos parceiros. Sob esse conjunto de premissas conceituais, a análise se dirigirá às imagens de Papo de Polícia: o que elas solicitam do espectador? Adentrar na paisagem entrevista por essa interrogação exigirá a formulação de operadores que permitirão abrir o olhar para os elementos que as compõem, em seus aspectos discursivos e expressivos. Na incursão ao programa, serão apontadas formas distintas de percorrer a trilha das imagens deixadas por ele e as interações que conformam suas cenas: de um lado, cabe observar as manifestações da comunhão entre policial e moradores do Complexo do Alemão ao longo da série; de outro, as desestabilizações a esse quadro, que despontam em momentos em que o dispositivo configurado para a temporada é provisoriamente cindido. Perceber-se-á que nessas ocasiões se torna possível colocar em suspenso, e mesmo sob verificação, o comum que até então embasara as interações da trama.
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A trama toma como pano de fundo as interações historicamente conflituosas entre policiais e habitantes de favelas, e será o objetivo desse trabalho apreender como o contato entre esses sujeitos na série pode ou não gerar cenas polêmicas de enunciação, nas quais a potencial construção dos sujeitos como interlocutores (e não como inimigos) coloca em relação mundos que se tangenciam e se repelem. A tônica destas cenas diz respeito às condições nas quais os parceiros de diálogo podem ser reconhecidos como seres de palavra. Reconhecer o outro como um parceiro envolve considera-lo como artífice de um mundo comum partilhado. Destarte, procurar-se-á, inicialmente, compreender as noções de comum que sustentam o dispositivo de Papo de Polícia, e que estreitam laços com uma forma de apreender as práticas comunicativas, percebidas como ação em comum. Em seguida, as implicações dessa visada relacional da comunicação serão contrastadas com outra maneira de perceber o comum inerente aos processos interacionais: um comum fraturado, cindido entre as premissas que governam uma ação mutuamente referida (que presumem compreensão recíproca e certa igualdade de entendimento), e as formas de distribuir os termos do comum que hierarquizam os corpos e mesmo engolfam seus intervalos sob o ideal de uma aliança entre supostos parceiros. Sob esse conjunto de premissas conceituais, a análise se dirigirá às imagens de Papo de Polícia: o que elas solicitam do espectador? Adentrar na paisagem entrevista por essa interrogação exigirá a formulação de operadores que permitirão abrir o olhar para os elementos que as compõem, em seus aspectos discursivos e expressivos. Na incursão ao programa, serão apontadas formas distintas de percorrer a trilha das imagens deixadas por ele e as interações que conformam suas cenas: de um lado, cabe observar as manifestações da comunhão entre policial e moradores do Complexo do Alemão ao longo da série; de outro, as desestabilizações a esse quadro, que despontam em momentos em que o dispositivo configurado para a temporada é provisoriamente cindido. Perceber-se-á que nessas ocasiões se torna possível colocar em suspenso, e mesmo sob verificação, o comum que até então embasara as interações da trama.This research has as nodal question the tensions involved in the reciprocal construction of subjects as partners in a communicative scene, and the challenges imposed in a research that leaning in grasp the process of building and settling these scenes, taking, as starting point, a cultural product of media. The empirical object of reference is the first season of the series Papo de Polícia, consisting in seven episodes that were broadcasted in Multishow channel in 2011. The protagonist of this program is the civil policeman Roberto Chaves, who was invited to the "challenge" of staying seven days in the Complexo do Alemão (RJ) in order to report, through a video diary, the experiences on that site and the interaction with the locals. The plot takes, as backdrop, the historically conflicting interactions between police and slum dwellers, and will be the aim of this work discover how the contact between the subjects in the series may or may not generate controversy scenes of enunciation in which the potential construction of subjects as interlocutors (and not as enemies) puts in relation worlds that are tangent and repellent. The tone of these scenes concerns the conditions in which the dialogue partners can be recognized as "beings of word." Recognize the other as a partner involves considers it as an artificer of a shared common world. Thus, this research initially will understand the concepts of "common" that support the device of Papo de Polícia and narrow ties with ways of understanding the communicative practices, perceived as "action in common". Then, the implications of this "relational" address of communication will be contrasted with another way to realize the "common" inherent in interactional processes: a fractured common, splitted between the assumptions that govern a mutually referenced action (which assumes mutual understanding and certain equality of understanding), and the ways of distribute the terms of common that hierarchize the bodies and even engulf their gaps under the ideal of a supposed alliance between partners. Under this set of conceptual assumptions, the analysis will address the Papo de Polícia images: what they ask to the viewer? Step into the landscape opened for this question will require the formulation of operators which will "open the eyes" for their elements in its discursive and expressive aspects. In incursion into the program, will be pointed out different ways to take the road of the images left by him and the interactions that shape your scenes: on the one hand, it should take notice of the manifestations of "communion" between police and residents of Complexo do Alemão throughout the series; at the other, the destabilizations to this frame that emerge in times when the device configured for the season is provisionally splitted. It will be realize that in such occasions becomes possible to put in overhead and even under verification the "common" that hitherto formed the basis of interactions in plot.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCiência política FilosofiaPapo de Polícia (Programa de televisão)ComunicaçãoComunicação de massaInterações comunicativasCenas de dissensoMundo comumPolíticaPapo de políciaA dimensão política das interações comunicativas em papo de polícia: cenas disscaso e reconfigurações do mundo comuminfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALthales_vilela_lelo___disserta__o_de_mestrado___ppgcom_ufmg.pdfapplication/pdf2366757https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9WES2R/1/thales_vilela_lelo___disserta__o_de_mestrado___ppgcom_ufmg.pdfdd2d8e97fae8dc9ea02099850b534bc7MD51TEXTthales_vilela_lelo___disserta__o_de_mestrado___ppgcom_ufmg.pdf.txtthales_vilela_lelo___disserta__o_de_mestrado___ppgcom_ufmg.pdf.txtExtracted texttext/plain285724https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9WES2R/2/thales_vilela_lelo___disserta__o_de_mestrado___ppgcom_ufmg.pdf.txt4fcfa8438573872301f3168861fda619MD521843/BUBD-9WES2R2019-11-14 10:17:41.186oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9WES2RRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T13:17:41Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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